Da barriga da mãe: o que os fetos sabem e sentem?


É senso comum e científico, claro, sobre a importância de uma gestante tranquila para o bem-estar da mulher e do bebê. Mas será que o antes mesmo de o bebê vir ao mundo aquele que foi um feto já não anotou várias linhas no caderno da vida e sabe muito mais do que imaginamos?

Psicologia pré-natal

Existe um psiquismo fetal? Será possível fazer uma retrospectiva sensorial sobre o que um feto passou, sentiu, viveu?

O termo psicologia pré-natal é uma área de estudo que vem ganhando espaço graças a novas tecnologias capazes de descobrir que dentro da barriga da mãe o bebê consegue conhecer alguns  aspectos ambientais que ficam armazenados em um tipo especial de memória: a memória corporal.

O que a ciência sabe, até o momento, é que o amadurecimento do bebê durante a gestação ocorre em três estágios, segundo informa a EBC:

  • Fase germinal: dura de 10 a 14 dias e envolve a concepção e a implantação do feto no útero;
  • Estágio embriônico: vai da segunda semana à oitava e é o principal momento de formação dos órgãos e desenvolvimento dos sistemas essenciais do corpo.
  • Estágio fetal: vai da oitava semana até o parto e no qual ocorre principalmente o crescimento da criança. Nesta fase ela é capaz de sentir as carícias que são feitas na barriga.

Vida afetiva fetal

Durante a fase gestacional, é preciso que a mãe cuide da alimentação, não use drogas (incluindo álcool e fumo), não seja exposta à radiação e, também, não sofra de adoecimento psíquico. A rede de apoio emocional é fundamental para que a mãe tenha condições de oferecer uma boa vida à criança dentro de sua barriga.

As vivências da mulher durante a gravidez são tão essenciais quanto os seus comportamentos salutares.  A psicanalista Joanna Wilheim afirma que, antes de nascer, o bebê já tem uma vida afetiva e é capaz de sentir o que a mãe sente através de sinais fisiológicos transmitidos pela placenta, tais como: aumento da frequência cardíaca, movimentação corporal e liberação de hormônios específicos.

O período da gestação marca o indivíduo para sempre: o seu jeito de ser, os seus medos, o seu humor, o seu temperamento – obviamente, não é a única causa determinante de quem seremos.

O psicólogo francês Jean-Pierre Lecanuet, um dos maiores especialistas mundiais nos sentidos do feto, contou à SuperInteressante que

“muitas das coisas que estamos descobrindo agora são uma simples confirmação daquilo que alguns pais sempre souberam”.

Isso significa que os bebês precisam sentir-se acolhidos já dentro da barriga da mãe, sobretudo, no último trimestre gestacional, quando eles captam o que acontece do lado de fora.

Através de modernos aparelhos de ultrassom, descobriu-se que os bebês, a partir dos seis meses de gestação, sorriem e demonstram claramente aversão, além de sonharem.

É justamente no fim da gestação que ocorre a maior quantidade de sinapses cerebrais no bebê, sendo uma etapa fundamental para a inteligência do ser que irá nascer.

Um livro sendo escrito

Um bebê não é, portanto, uma folha em branco. O livro da sua vida já começou a ser escrito quando ele ainda estava dentro do útero materno.

A pesquisa da médica e psicanalista italiana Alessandra Piontelli constatou que alguns comportamentos registrados durante a gestação eram replicados após o nascimento, segundo a Revista Medicina Integrativa.

É durante o período da gestação que mais nos desenvolvemos na vida! Essas experiências primárias serão a base de nossas emoções, sentimentos, crenças e juízos que vão moldar a nossa percepção de mundo. As experiências intrauterinas estabelecem certos padrões que podem ser reforçados ou atenuados, depois, na infância.

A memória do corpo tem um papel crucial para o indivíduo. Se as nossas células têm memória, quiçá um feto. A psicologia pré e perinatal é a área do conhecimento que estuda, entre outros temas, o trauma intrauterino e possíveis formas de tratá-lo.

Traumas e sintomas

Muitos traumas acontecem na fase perinatal, colocando, inclusive, a vida do feto em risco, como uma tentativa de aborto ou o cordão umbilical ficar enrolado em alguma parte do corpo, nutrindo e ameaçando ao mesmo tempo a sua vida, ou a morte de um irmão gêmeo.

Vários são os sintomas que pessoas que viveram a experiência de um trauma fetal podem desenvolver como:

  • dramatização das experiências;
  • desestabilização emocional;
  • apatia;
  • falta de energia e desenvolvimento de paralisia diante de situações difíceis;
  • impotência;
  • medo de sufocamento

Existem dois momentos determinantes para a saúde vital do bebê: a descoberta da gravidez pelos progenitores, sobretudo pela mãe, e o nascimento.

Uma rejeição inicial pela mãe ou durante toda a gestação pode marcar a pessoa com o sentimento de carência, acarretando problemas graves de relacionamento.

O parto também é responsável por desenvolver questões somáticas importantes, caso o processo ocorra com complicações.

A psicologia pré e perinatal trabalha com processos terapêuticos que visam recuperar os acontecimentos intrauterinos.

O profissional acessa memórias desse período para que o paciente tome consciência delas através de técnicas como regressão, hipnose, toques, gestos, posturas, entre outras.

Talvez te interesse ler também:

Diabetes gestacional: tudo o que você precisa saber

A poluição do ar entra e chega à placenta. Novo estudo chocante

Os bebês reconhecem e seguem o rosto humano desde a barriga da mãe

Cigarro na gravidez: todos os riscos para mamães e bebês

Alerta Pesquisa Científica: fumar, mesmo que só 1 cigarro por dia na gravidez, pode prejudicar o bebê!

Saiba tudo sobre gravidez em idade avançada

Too young to drink: uma campanha chocante contra o consumo de álcool na gravidez




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...