Conheça os Theybies – Crianças criadas sem estereótipos de gênero


Uma das primeiras dúvidas dos novos pais é a clássica “é menino ou menina?”, antes do nascimento. Depois que nascem, quase que inconscientemente, os pais tendem a enfatizar adjetivos de gênero, chamando suas meninas de “princesas” e seus meninos de “heróis”. Os brinquedos também são divididos, tem carrinho “de menino” e boneca “de menina”. No entanto, esse comportamento, aparentemente inofensivo, pode ser nocivo, pois rotula a criança. Então, que tal cria-las sem distinção de gênero?

Esse é um movimento criado nos EUA, que encontra cada vez mais adeptos, e que visa uma criação sem referências a gênero ou sexo, amparada na teoria da neutralidade de gênero. As crianças, fruto desse estilo de vida, são conhecidas como Theybies.

A ideia do movimento é deixar que as crianças definam seus gêneros mais tarde, quando tiverem cerca de 4 anos, que é quando os especialistas dizem que as crianças começam a entender o conceito de gênero de fato. Antes dessa idade, os pais dos theybies educam-nas como neutras, evitando determinar o que elas vão decidir ser adiante.

Com isso, os theybies são chamados por pronomes neutros. Nos EUA com o uso de They e Them, que é um termo em inglês sem indicativo de gênero. Daí vem a denominação theybies. As crianças podem escolher os brinquedos e as roupas que gostarem mais. Os pais não usam adjetivação de gênero, pois entendem que isso é uma imposição e deve ser evitada.

A teoria da neutralidade de gênero

Segundo essa teoria, que embasa esse estilo de educação, o sexo biológico não determina inevitavelmente as características sociais, intelectuais e psicológicas.

De acordo com esse pensamento, uma criação isenta desses rótulos seria mais igualitária, além de dar mais liberdade e opções de vida, já que não deixa a criança limitada a coisas “de menino” ou “menina”.

Mas há controvérsias…

Os especialistas divergem a respeito desse tipo de criação. Alguns garantem que é importante por que as crianças se sentem mais aceitas, independentemente de suas identidades, algo essencial, principalmente, no que diz respeito às crianças transexuais, que apresentam altas taxas de depressão e tentativas de suicídio. Além disso, a criança criada sem rótulos tende a explorar mais suas possibilidades e isso abre mais espaço para um maior autoconhecimento.

outros argumentam que, embora o objetivo seja nobre, crianças theybies podem sofrer bullying posteriormente, pois a sociedade é definida por gêneros, e elas vão estar expostas a todo tipo de comentários e agressividades. Segundo eles, não há como deixá-las imunes a um mundo definido por gêneros. Os pais, nesse caso, argumentam, que as imposições e rótulos são mais opressores e que é melhor que as crianças se sintam aceitas e aprendam a lidar com os eventuais desconhecimentos sobre suas identidades do que sofrerem rotulações já dentro de casa.

Como toda mudança passa por um período de difícil aceitação, esse pode ser mais um caso. Será que a sociedade do futuro será all gender, ou seja, sem distinção de gênero? O que você acha disso?

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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