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A primeira infância é um momento cheio de fases, inícios e términos. Um dos momentos mais peculiares – e complicados – para a criança é o período do desfralde. Que o diga os pais ou responsáveis que queimam neurônios tentando dar conta de um desafio tão grande como esse. Confira algumas dicas para enfrentar o desfralde da melhor forma possível.
Para passar por essa fase com um pouco mais de calma, vale, primeiramente, entender que a fralda para a criança não é apenas um elemento funcional, mas também de afeto.
Existe ainda o prazer experimentado pelo ato da evacuação. Tirar a fralda de uma criança, como lembra Laura Gutman, no livro “Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra”, não é um ato tão simples. Demanda observação individual, carinho, diálogo e paciência.
No entanto, é possível passar por tudo isso com mais tranquilidade.
Abaixo conheça algumas dicas que podem ajudar nesse processo.
Embora exista uma convenção de que a fase do desfralde chega tão logo a criança faça dois anos, isso não é uma regra. Cada criança é única, e tem um tempo para absorver e estar pronta para as coisas. O desfralde exige que ela saiba, por exemplo, controlar os esfíncteres, reconhecer que está com vontade de fazer xixi e cocô, e isso é uma mudança orgânica e varia. Algumas por volta dos dois anos e meio já estão prontas, outras demoram um pouco mais. Saiba observar se existe esse controle, se a criança se incomoda com a fralda suja, se já verbaliza bem a ponto de saber falar que quer ir ao banheiro. Não é difícil saber quando a criança está pronta. Basta analisar com carinho.
Para os adultos parece muito simples, mas para as crianças, não é tão fácil assim. Ir ao banheiro demanda várias ações, como despir-se parcialmente, dar descarga, limpar-se, lavar as mãos. Tudo isso exige memorização, criação de hábito, e isso se consegue com o tempo. Uma boa dica é deixar a criança ir ao banheiro quando os pais vão. Embora esse ato prejudique a privacidade dos adultos, ele ajuda os pequenos a entenderem justamente essa dinâmica e também a se acostumarem com os elementos do banheiro, como vaso sanitário, penico, pia. Dessa forma o desfralde acaba sendo mais natural e fluido para a criança.
Momentos de mudanças, como nascimento de irmão, entrada na escola, perda de um ente querido, não são adequados para o desfralde. A criança precisa estar tranquila, e não é efetivo, nem empático, fazê-la passar por várias transformações de vida ao mesmo tempo.
Como no início do desfralde ocorrem muitos escapes de xixi, o ideal é reservar o momento de tirar as fraldas para épocas mais quentes, como o verão. Isso evita que a criança fique molhada, e isso facilita o trabalho dos pais quando acontecem esses “acidentes”, tendo em vista que as crianças usam menos roupas nessas estações.
A criança vai passar por escapes de xixi, no começo. E isso não significa o fracasso do processo. O desfralde total demora um tempo. Quando acontecerem os acidentes não brigue com a criança, pois isso vai fazê-la associar negativamente o ato, bem como sentir-se culpada por não conseguir se controlar. Lembre-se de que o desfralde envolve também o emocional da criança.
Existem no mercado diversos produtos feitos para crianças que estão passando pelo desfralde. No entanto, não é necessário gastar muito dinheiro com isso. Basta ajudar a criança a entender que o momento de ir ao banheiro pode ser divertido. Faça músicas, dance quando ela conseguir fazer xixi no penico ou no vaso, conte histórias. Tudo isso ajuda a dar mais leveza ao momento do desfralde.
Assim que a criança sai das fraldas, é comum que ela não saiba bem o momento certo de pedir para ir ao banheiro. Às vezes, ela está brincando, não quer parar, e acaba deixando escapar o xixi. Por isso, pergunte a cada hora, ou se quiser ser mais regular, a cada meia hora, se a criança quer ir ao banheiro. Com o tempo ela vai entendendo que precisa pedir, e você vai deixando de perguntar, naturalmente.
Começar o desfralde e depois recolocar as fraldas só deixa a criança confusa. Evite isso. Não entenda os escapes, os choros da criança e as dificuldades dessa fase como um sinal de que não foi uma boa decisão. Uma vez que tenha optado por fazer o processo, vá até o fim. A menos que sinta que a criança realmente não está pronta. Nesse caso, não há problema nenhum esperar mais um pouco. Cada um tem seu tempo. Lembre-se disso.
O desfralde diurno costuma ser mais tranquilo, mas o desfralde noturno pode demorar meses, e até anos para ser concluído. Até 4, 5 anos é comum que a criança deixe escapar, de vez em quando, o xixi, ou mesmo precise de fraldas noturnas. O desfralde noturno não pode ser feito ao mesmo tempo que o diurno. Apenas quando a criança passa bem durante o dia, sem escapes, é que o desfralde noturno deve começar. Além disso, vale observar se a fralda da criança acorda seca. Esse é um bom indicativo de que está na hora de desfraldar.
Essa é uma fase difícil – para os pais e para as crianças. É comum que o processo seja longo, cheio de inconstâncias, e que frustre os adultos, muitas vezes. Perder a paciência, nesse caso, só vai tornar o período, que já é complicado, ainda mais turbulento. Não desista, cedo ou tarde tudo vai fluir e a criança vai sair das fraldas e partir para novas fases, igualmente cheias de desafios.
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