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Quem tem filho sabe: muitas vezes eles quase chegam a enlouquecer os pais. A paciência – esse elemento tão essencial na criação dos filhos – muitas vezes escapa dos dedos e entra em cena a agressividade, mesmo que de forma “apenas” verbal.
Muitas vezes, sem perceber, os pais perdem o controle e descontam toda a frustração de um dia – ou de uma vida – estressante. O resultado é que a criança fica assustada e ninguém sabe, exatamente, o que aquela cena pode fazer no cérebro de alguém que está em pleno desenvolvimento físico e emocional.
Vale destacar que, perder a paciência, ocasionalmente, na difícil tarefa de educar os filhos é normal, porém quando esse descontrole faz parte da rotina, e abrange uma gama de violências, como gritos e insultos, é hora de parar e avaliar o que está acontecendo. Tendo em vista que, já ficou provado, o abuso psicológico pode ser tão nocivo quanto o físico.
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ABUSO PSICOLÓGICO INFANTIL PODE SER TÃO (OU MAIS) PREJUDICIAL QUE O ABUSO SEXUAL
Muitas vezes a violência psicológica pode ser difícil de mensurar, tendo em vista que ela não deixa rastros aparentes, como a física. No entanto, ela é comum, não somente na relação entre pais e filhos, mas também entre amigos, parceiros, etc.
No caso do abuso psicológico contra as crianças, o que acontece é que elas não chegam a se dar conta do que sofreram, pois os abusos são cometidos por anos, frequentemente, e elas, por não terem ainda a maturidade emocional para entender, podem nunca se dar conta do que sofreram ou podem achar que essa forma de tratar o outro é normal.
O abuso emocional acontece quando uma pessoa exerce uma espécie de poder sobre a outra e a faz se sentir diminuída, incapaz, negligenciada.
Esta são algumas das formas de violência psicológica que fazem parte da dinâmica da relação e perduram por anos.
O maior problema do abuso emocional é que ele modifica o que a vítima sobre de si mesma, minando sua autoestima e sua visão sobre o mundo.
Tantas agressões emocionais podem danificar a personalidade da criança, de modo profundo.
Foi o que atestou um estudo publicado no Journal of Psychiatric Research, coordenado pelo professor Diogo Lara, da Faculdade de Biociências da PUCRS.
Quase 11 mil pessoas participaram desse levantamento, que foi feito por meio de um questionário que relacionou traumas de infância e personalidade. O resultado é assustador: pessoas que sofreram abuso emocional grave apresentaram 17% mais chances de cometer tentativa de suicídio. Das pessoas que não enfrentaram nenhum trauma emocional, 40% se consideravam emocionalmente saudáveis, contra 20% daquelas que tinham sofrido algum abuso. Mais de 50% delas relataram ter sofrido abuso emocional na infância.
Além deste estudo, a Associação Americana de Psicologia publicou um relatório na revista Psychological Trauma mostrando o resultado de uma pesquisa com mais de 5 mil crianças. Aquelas que sofreram abusos emocionais apresentavam o mesmo grau – e, em alguns, até maior – de problemas enfrentados por crianças vítimas de abusos físicos.
Depressão, problemas de autoestima, ansiedade, sintomas de estresse pós-traumático e suicídio estavam entre as características dessas crianças pesquisadas. Além destes, abuso no uso de drogas, problemas de ligação e dificuldades de convívio social também foram observados.
Muita gente não sabe, mas a Lei 13.010, que entrou em vigor em 2014, e ficou mais conhecida como Lei da Palmada, abrange casos de abuso emocional, tendo em vista que trata de toda forma de violência doméstica contra crianças e adolescentes, inclusive a psicológica.
Há como denunciar, por vários canais, o abuso psicológico infantil.
Além do Disque 100, que é um serviço gratuito e anônimo, é possível relatar agressões contra crianças por meio dos órgãos competentes, como o Conselho Tutelar. No entanto, é necessário ter certeza de que se trata de violência psicológica. Para tanto é necessário saber se os episódios de agressão emocional acontecem com frequência e analisar o comportamento da criança, que podem deixar evidências sobre a forma como ela é tratada.
Como dito acima, uma cena presenciada não, necessariamente, representa a forma como os pais tratam os filhos. No entanto, se a violência psicológica for recorrente, existem possibilidade de melhorar a vida de uma criança, que de outra forma, não teriam saída, a não ser calar-se.
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