Em alguns países estão acontecendo experiências interessantes que modificam o sistema de aprendizagem. O que é mais importante para uma criança? Brincar, deixar a mente vagar buscando caminhos nas nuvens. É isso que ajuda a desenvolver a inteligência e favorece a autoestima.
Essa verdade, da mente vagar pelas nuvens, hoje já é aceita como um dos principais elementos para que o ser humano se estruture em sua dignidade de ser único, inteligente, independente e criativo. Mas, choca frontalmente com o sistema educacional que foi implantado, no mundo, desde o século XX e mais ainda, desde que se entendeu o conceito de “reengenharia”, formação de quadros técnicos para cumprirem tarefas específicas, como básico para suprir as necessidades do mercado de trabalho.
Mas, tudo no mundo muda, e ainda bem pois que, experiências inovadoras, diversificadas, estão acontecendo por aí: na Finlândia o sistema educacional privilegia o brincar e a escolha de temas de interesse para se estudar, na Alemanha, algumas escolas particulares também estão entrando por este caminho, aqui no Brasil, algumas escolas também o buscam, apesar de estarem na contramão do que ainda é esperado por uma sociedade de alta competitividade.
É assim nas escolas Waldorf, na Escola da Vila, nas escolas Montessorianas e em muitas mais.
Aqui vamos falar da “Evangelische Schule Berlin Zentrum” . Esta escola está situada em Berlim e, seus alunos, até os 15 anos, vivem e aprendem felizes, sem a pressão de classificações, provas ou palestras e nem de horários rígidos a serem cumpridos diariamente.
Margret Rasfeld, a diretora da Evangelische Schule define sua escola como: ” protestante, corajosa e cosmopolita” onde o mais importante é desenvolver a motivação para seus alunos. Alunos motivados serão, naturalmente, pesquisadores investigativos de novas técnicas e buscadores de soluções mais sustentáveis para a vida.
Algumas disciplinas de estudo ainda são obrigatórias como o alemão, a matemática, o inglês ou a ciência social mas, a escola oferece uma série de outras disciplinas, de participação livre conforme o momento de interesse do aluno, que tratam, por exemplo, de “prestação de contas” ou ” desafio” nas quais, estudantes de 12 e 14 devem organizar seu orçamento de 150 euros, de forma equilibrada e lógica, aprendendo a serem autónomos.
Como afirma Rasfeld, crianças de 3 e 4 anos de idade são naturalmente autoconfiantes e não vêm a hora de entrarem na escola mas, em seguida sofrem a frustração de serem enquadradas em um sistema educacional que não permite a criatividade e que sufoca, pouco a pouco, toda essa autoconfiança.
A lógica da Evangelische Schule se fundamenta no pressuposto de que nada é mais importante para uma escola do que transmitir aos seus alunos a capacidade de automotivação, desenvolvendo a confiança em si mesmos, o sentido de responsabilidade e o desejo de enfrentar desafios de forma independente. Outro ponto importante é aprender a estudar por uma necessidade de conhecimento, reflexão e cooperação e não, como é no sistema educacional comum, o de se receber uma recompensa, a nota.
O sistema educativo da Evangelische Schule de Berlim visa o multiculturalismo e a abordagem ecológica para a vida. Formar futuros cidadãos solidários e capazes de construírem um futuro mais saudável para a humanidade, que coloquem seus talentos ao serviço da sustentabilidade do planeta, que aceitem, naturalmente, a diversidade em toda sua amplitude e que tenham responsabilidade social em suas ações, essas são as características que esperam formar nessa escola.
O jornal The Guardian afirma que a Evangelische Schule vem despertando muito entusiasmo desde que abriu suas portas, em 2007, com apenas 16 alunos. Hoje já tem 500 alunos e uma vasta lista de espera de interessados em entrarem na escola. Outras 40 escolas alemãs estão preparando-se para assumirem o modelo educacional da Evangelische Schule de Berlim.
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