Porquê as nossas crianças brincam cada vez menos ao ar livre? Você sabia que é fundamental, para a formação do adulto sadio, que a criança brinque de verdade, corra, pule, caia, se suje e descubra o mundo livremente?
Esta é uma escolha do sistema, que envolve mercado e tipo de educação – escolheu-se uma educação formadora de técnicos, que aprendem técnicas e as aplicam, e não um sistema educacional que desenvolva a criatividade a partir da infância. Sobre o mercado, creio não ser preciso explicar, não é?
Uma pesquisa, a “Valor do Livre Brincar“, contratada pelo sabão de lavar roupa OMO e conduzida por Edelman Berland, agência independente de pesquisa de marketing, realizou levantamento em diversos países (EUA, Brasil, Reino Unido, Turquia, Portugal, África do Sul, Vietnã, China, Indonésia e Índia), entre fevereiro e março de 2016, constatando que as crianças de hoje brincam muito menos do que seus pais se lembram que brincavam. As brincadeiras de rua praticamente inexistem nas classes sociais mais possuídas, os brinquedos feitos com tampinhas, pedaços de caixas ou outros restos, menos ainda – e são desprezados, por pais e filhos. Crianças já não se sujam, não ralam os joelhos subindo em árvores ou escalando muros para visitar os vizinhos, “não brincam de fazer comidinha” com barro e folhas como eu fazia na infância. Não sentem mais o cheiro do verde (da folha fresca picotada, cheiros tão diferentes de que me lembro até hoje). E isso é preocupante pois, essas crianças, do universo estudado pela pesquisa de Edelman Berland, se criam com um profundo distanciamento da realidade natural da vida.
Por outro lado vemos o aumento incontido dos brinquedos eletrônicos no mercado. Chamativos, coloridos, acessíveis a muitos bolsos, a pronto pagamento ou em prestações, são os eletrônicos os brinquedos mais propagandeados pela mídia que manipula as vontades infantis e que convence os pais de quê, o bom mesmo é ter a criança quietinha, no sofá, com um jogo eletrônico qualquer nas mãos. E aí surge aquela enorme infinidade de supostos “jogos educativos” – a criança já não vai ao quintal observar a caminhada do carreiro de formigas carregando suas folhinhas para alimentar o formigueiro no buraco da parede, olha o processo, quando olha, em filmagens, ao vivo ou desenhadas. Mas não sente os cheiros, nem as sensações, enfim, não participa e perde muito de aprendizado real.
E, brincar é muito importante, como afirmam outros estudos. Brincar é aprender a viver, a se relacionar, a desenvolver a motricidade, possibilita autoconhecimento corporal, ensina respeitar regras e a diversidade, gera resiliência e empatia, ensina o valor do grupo, da solidariedade, da “palavra de honra”, da ética e da fidelidade. Brincar desenvolve a atenção e o autocontrole, acaba com o tédio, a tristeza e impede que a depressão faça casa na alma infantil. Ah, e é brincando que se aprende a raciocinar estrategicamente, e que se aprende com os erros, aqueles cometidos na vida que ensinam a vida a ser melhor.
Mas, temos o exemplo da Finlândia que, há poucos anos assumiu um sistema educacional fundamentado no desenvolvimento da criatividade, o que se dá pelo aprendizado livre, na brincadeira. Nesse país, o único de que tenho conhecimento, as crianças não têm mais um “regime rígido de matérias a serem estudadas” mas sim, desde pequeninas, participam de projetos que, construtivamente, vão se formando ao compasso dos interesses levantados. E se desenvolvem, ora se não.
“Brincar com liberdade de movimentos físicos envolve a criança inteira: corpo e imaginação, sentimentos e pensamento. Isso potencializa suas capacidades e as desenvolve sinergicamente”, defende Vital Didonet, pedagogo especialista em políticas públicas para a primeira infância.
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Fonte: EBC
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