O DRAMA DAS NOIVAS-CRIANÇAS SEM DIREITOS (FOTOS)


Em algumas culturas existe isso, o casamento de crianças, meninas, com homens mais velhos. Uma forma de driblar o desespero da miséria? Uma tradição de poder? Um abuso, com certeza, e uma situação que precisa acabar, assim como as mutilações genitais (tradições culturais, claro, porém, não, não se pode deixar mais acontecer!). Afinal, as mulheres devem, sempre, poder ser donas e senhoras de seu caminho, corpo e destino e, para isso, é preciso ser livre e madura, assumida e responsável.

Sim, as meninas valem ouro, e quanto mais novas, mais valem. E homens adultos as compram, literalmente – a família da criança recebe um quinhão de bom dinheiro ou valores, e tira a barriga da miséria até o próximo casamento. Na mídia vejo notícias destes acontecimentos em países como Índia, Turquia, Rajastão, Afeganistão e mais 8 países, segundo a ONUBR – será que só lá acontece mesmo? Duvido! Essa prática, da compra de mulher, acontecerá, sempre, nas sociedades onde a mulher não se entende como ser independente, com vontade própria, dona e senhora do seu caminho e destino.

Mas, espera aí: criança é criança, não pode ser obrigada a tomar as rédeas do seu destino, e não pode ser abusada, obrigada a casar-se seja lá com quem for, tenha lá a idade que tiver. Afinal, já existe, e vigora neste mundo globalizado onde “manda quem pode e obedece quem tem juizo”, o Estatuto da Criança e do Adolescente e lá consta que estas fases de idade são, deverão ser, sempre, especialmente protegidas de abusos, sofrimentos, violências, etc.

Mas, na falta de um há dois – também está em vigor a Convenção sobre os direitos da criança. Então, minha gente, que é que falta? Falta consciência, falta ação efetiva, falta criar uma massa crítica maior, mais volumosa, mais atuante, falta ter a coragem de intervir para salvar essas meninas como o faz Kriti Bharti. Enfim, falta vergonha na cara, deixar de só falar e começar a fazer, de verdade!

Mas, aí estão as guerras para nos colocarem em cheque (Unicef denuncia assassinato de crianças na Síria e a prostituição infantil que nada mais é do que uma forma de “venda” da menina para a cobiça masculina, ou seja, exploração sexual, à qual a hipocrisia social empresta outro nome. E, volto a lembrar, as famílias pobres só vendem seus bens, meninas, quando esta é a única solução para superar um momento terrível de miséria: se não acredita, assista ao filme Anjos do Sol ou então, siga aqui umas dicas da Juliana Costa de Castro, para 8 filmes bons sobre o tema.

E, claro, como já falei, diversas práticas tradicionais culturais (e a gente deve respeitar a cultura alheia, não tenho dúvidas disso, mas…) que nos parecem horríveis, horrendas, aberrantes, abusivas, etc, existem. Mas, você já se perguntou de onde vêm essas práticas de dominação sexista? Isso vem de um tempo em que a mulher pertencia ao pai e depois, ao marido. Também era assim nos países europeus e, de certa forma, ainda o é pois, todo casamento de uma menina menor de 18 anos se enquadra, possivelmente, neste assunto. E, esse assunto da mulher pertencer a alguém tem a ver com a discussão sobre o machismo e a cultura do estupro.

Bom, mas as noivas-crianças são apenas crianças sem direitos, sem infância, sem proteção. Sofrem abusos (ser obrigada a se casar por conveniência é um abuso, com certeza, fora o resto da vida de casal com um homem adulto), sofrem violências, muitas engravidam na pré-adolescência (noivas-crianças podem ter 8, 9, 10 anos de idade) e morrem de parto (mais facilmente do que as mulheres que já têm seus corpos preparados para a função da maternidade).

Segundo estatísticas da ONU, a cifra de meninas que se casaram antes dos 18 anos poderia alcançar 150 milhões na próxima década.

Na Turquia, entre 2010 e 2015, havia 230 mil casamentos entre crianças e adultos mas este número bem pode maior já que muitos casamentos com menores são celebrados apenas com o ritual religioso, ou seja, não são registrados oficialmente.

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O mais importante do assunto é que essas crianças são um pacote – são suas famílias que acertam, contratam, o casamento (muitas vezes os casamentos são acertados quando a criança nasce, ficam prometidos) e isso faz parte da tradição desses povos. Casamento é acordo entre partes que possuem interesses que se podem aglutinar por meio de laços familiares que se criam – as partes são as famílias, os adultos, pais, os laços serão os futuros descendentes gerados pelos filhos que são comprometidos com o assunto sem poderem opinar. Uma sociedade que não respeita o indivíduo, seja esta matriarcal ou patriarcal, é assim. Uns mandam, outros obedecem.

Não é de agora que as famílias pobres “vendem” suas propriedades (filhas, no caso) aos poderosos e ricos. Essa realidade permeou toda a humanidade, em todos os tempos, não se iluda. É a miséria que provoca isso, e a cobiça sem vergonha de homens velhos que desejam uma “jovem potranca” em seu harém!

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O que acontece com essas meninas obrigadas a casar tão cedo? Saem da escola, das brincadeiras de meninas, deixam de aprender com a mãe, passam a ter de cumprir tarefas de mulher adulta (servir de mulher, para ser clara). Sofrem abusos, violências físicas e psicológicas, são mães na adolescência e se viram para viver a vida como podem .

Muitas organizações, mundo à fora, fazem campanhas contra o casamento infantil e juvenil. Desde março deste ano a ONU-UNICEF e a UNFPA estabeleceram as bases de um Programa Global UNFPA-UNICEF para Acelerar as Ações para Acabar com o Casamento Infantil é apoiado pelo Canadá, União Europeia, Itália, Holanda e Reino Unido. Acesse os materiais multimídia sobre o Programa aqui.

A sua conscientização ajudará muito pois, através de um ser humano consciente e atuante podemos chegar a todos os lados. Faça a sua parte, afinal você é um dos seres viventes do ecossistema terrestre e, pertencente à Humanidade, enquanto se portar como um ser, realmente, “humano”.

Especialmente indicados para você:

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Redação greenMe

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