OMS faz alerta sobre obesidade infantil


A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou nessa segunda-feira (25) um relatório com dados alarmantes: nos últimos 25 anos, 41 milhões de crianças menores de cinco anos entraram na taxa de obesidade. Em 15 anos, 10 milhões de crianças nessa faixa etária passaram a ficar acima do peso.

A taxa de obesidade passou de 4,8%, em 1990, para 6,1%, em 2015. A maior preocupação da pesquisa é com as crianças dos países emergentes, onde a obesidade dobrou. Em 2014, a África, embora fosse o continente com o maior número de crianças desnutridas, tinha 25% de suas crianças obesas. A explicação para esse fenômeno é que uma primeira fase, chamada de “defasagem“, resulta de uma má nutrição durante a gravidez e os primeiros meses de vida da criança. Isso pode provocar alterações nas suas funções genéticas, fazendo com que a criança seja mais inclinada a sofrer de sobrepeso mais adiante. Uma segunda fase, chamada de “desenvolvimento“, pode ocorrer quando a mãe grávida é obesa ou tem diabetes, causando uma predisposição genética na criança ao acúmulo de gordura associado a problemas metabólicos.

Na América Latina, a situação é ainda mais preocupante, porque a taxa de obesidade está acima da média mundial, atingindo 8%.

“Muitas crianças estão crescendo em ambientes que incentivam ganhar peso e obesidade”, alerta o informe da OMS, que explica que a exposição a comidas não saudáveis é cada vez maior devido à globalização e à urbanização.

A publicidade, também, é uma das principais responsáveis pelo aumento do consumo de comidas não saudáveis por crianças, devido ao marketing irrestrito destinado a esse público.

A OMS alerta que os governos têm de adotar medidas concretas para conter esse problema de saúde pública mundial, como aumentar os impostos para refrigerantes e limitar a publicidade para alimentos não saudáveis.

Uma segunda recomendação da OMS é a implementação de programas de atividades físicas em escolas e jardins de infância, a fim de evitar o sedentarismo nas crianças.

As propostas não poderiam deixar de fora uma mudança de atitude de mães e pais, que vai desde a amamentação até a cobrança por uma alimentação mais saudável nas cantinas de escolas, garantindo que a nutrição seja um tema tão importante quanto qualquer outro do currículo escolar.

Segundo Margaret Chan, as medidas propostas pela OMS exige vontade política dos governos, porque elas contrariam interesses econômicos. No ano passado, a OMS já havia alertado sobre os malefícios do consumo de açúcar no mundo, sugerindo maior tributação sobre o produto. Entretanto, os produtores criticaram o relatório da entidade argumentando que o açúcar não é o único vilão no combate à obesidade.

A conscientização das famílias sobre a importância de participarem ativamente na alimentação dos filhos é um exercício de autocrítica sobre seus estilos de vida que deve ser levado em discussão na sociedade contemporânea. Com a correria do dia a dia, muitos pais descuidam da alimentação de seus filhos optando por comidas rápidas, com baixa qualidade nutricional, quando não estimulam o consumo de produtos de fast foods.

As crianças que estão dentro do círculo da obesidade, se não forem cuidadas, podem ter problemas de saúde gravíssimos ainda muito jovens.

A responsabilidade pela obesidade infantil não é das crianças, mas de pais e governos que se desresponsabilizam de ações comprometidas com a saúde delas, que devem ter acesso à comida saúdável e ser estimuladas a se exercitar, além de terem assegurado o direito de não serem expostas a propagandas do mercado de alimentos não regulamentadas.

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Fonte foto: shutterstock




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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