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Que adulto nunca se sentiu desnorteado ao brincar com uma criança? Embora todos nós já tenhamos sido, um dia, criança, é compreensível a nossa perda de jogo de cintura para brincar hoje e, pior, sendo adultos, não sabemos como nos comportar diante da criança, respeitando totalmente suas capacidades e sem entrarmos em competição com elas. Em um jogo, por exemplo, quem deve ganhar? O adulto ou a criança?
Como estabelecer regras justas e levá-las até o fim do jogo sem frustar a criança? Muitos de nós já vivemos esse impasse. Para orientar os adultos a estabelecer um contato mais proveitoso com as crianças nas brincadeiras, a psicóloga Lidia Rosenberg Aratangy defende que a autoridade implica respeito, em artigo para o site Toda criança pode aprender. Isso significa que os pais devem respeitar a brincadeira da criança, que é muito séria.
Muitas vezes os pais simulam serem inábeis em um jogo para deixar a criança ganhar, acreditando que isso lhes fará um bem. Entretanto, para Aratangy, essa atitude não é educativa, pois pode passar para a criança uma imagem positiva sobre aqueles que são os vencedores. Isso faz com que os pais e adultos percam a oportunidade de a brincadeira ensinar às crianças que perder é algo normal e que deve ser enfrentado sem humilhação.
Assim, quando a criança perder em um jogo para um colega, a sensação de frustração pode ser minimizada, sentimento que vai ser levado para outras situações da vida no futuro.
Quem entra para uma competição deve ter a certeza de que os jogadores estão nas mesmas condições de igualdade, o que não ocorre quando um adulto e uma criança se enfrentam.
Como, então, estabelecer condições mais justas para a criança? Adaptando as regras do jogo, para tornar a competição mais igualitária.
A experiência e o saber dos pais não devem ser desconsiderados, mas sim usados para traçar limites claros e objetivos para a criança, a fim de que ela tenha condições de desenvolver a sua independência. Logo, abrir mão da autoridade é péssimo para as crianças, uma vez que ela é um fator de segurança na relação entre pais e filhos.
Segundo a psicóloga, “os limites, impostos pela realidade e traduzidos pelos pais, inserem a criança no universo do humano – vale dizer, do social”. É a autoridade que faz com que a criança tenha um norte sobre o que é esperado dela.
O escritor argentino Julio Cortázar considerava o jogo como algo extremamente sério, devido a sua importância para o processo criativo, algo que muito se perde quando crescemos. Por isso, ao brincar com uma criança, leve muito a sério a brincadeira, por seu lado lúdico e social.
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