Tem jeito certo de se criar os filhos?


Cada qual os cria do seu jeito, produto da sua vida de mãe e pai mas, algumas formas de criar filhos é preciso que sejam revisadas, para o bem deles.

Afinal, o principal de criar filhos é criar gente honesta, segura, solidária, capaz de ser gente de verdade, não é? E tem quem queira rotular os pais que criam seus filhos “assim ou assado” – uma corrida para se inventar nomes, por no catálogo.

Cada família tem seu jeito, herança que vem mais pela cultura do que pelo sangue. Tem o jeito da tia, que é o melhor, diz ela. O da avó, que sim, esse é o melhor jeito. Tem até o jeito da amiga, das leituras, do pediatra mas, quem sabe mesmo como criar só pode ser quem está com a “mão na massa”

Até existem estudos que dizem que “filhos acabam com a sua vida“. Exagero de quem não se encontrou ainda como gente neste mundo de meu Deus. Afinal só seremos pais se tivermos filhos, senão, seremos filhos, eternamente. Vou relatar uma discussão sobre estilos de pais (de Rebecca English) e tipos parentais (Diana Baumrind) e, bem, não resisto a comentar os tipos propostos por essas duas estudiosas. Eu não sou estudiosa nem da área de educação nem da de psicologia mas, sou mãe, avó, e penso por mim mesma. Então, espero te ajudar na leitura com essas minhas “achegas particulares”.

Estilo de criar filho

Uma professora de educação de Queensland, Austrália, Rebecca English, propôs uma categorização dos estilos mais conhecidos de se criar filhos. Ela fala de pais tigres (os que exigem que seus filhos tenham o “seu” sucesso – competitivos, claro), pais helicóptero (que fazem tudo, tudinho, pelo filho, sem deixar espaço para criatividade alheia – diria que são inseguros ao máximo), pais escavadeira (que tiram todo e qualquer obstáculo da vida dos filhotes – e formam o quê? Dependentes), pais “ar livre” (que permitam que o filhote respire, ande e caia, à sua vontade – esses formarão “gente de verdade”) e pais “apegados” (relaxados, relax, mas com limites conforme a necessidade e o caráter da criança – apegados a quê? Não sei).

E, segundo o trabalho de Diana Baumrind, conhecida psicóloga clínica que pesquisa estilos parentais, a maternidade e paternidade é encaixada em 4 tipos: pais autoritários (definem as regras e criam soldadinhos), pais permissivos (não definem normas, não têm exigências e negligenciam suas expectativas sobre os filhos que trouxeram ao mundo – creio que estes criarão “seres livres e inteiros”), pais negligentes (que não estão interessados nos filhos e não querem fazer parte ativa de suas vidas – é, imagino que criarão pessoas que se sentem rejeitadas, inseguras) e pais com autoridade (exigentes, responsivos – não sei que tipo de gente criarão).

English, que é educadora, critica a tipologia psicológica de Diana por sua determinação cultural dominante. Mas, e o que dizem as pesquisas sobre os prós e contras de cada um desses estilos parentais?

Cada um dos tipos, seus prós e contras

Pais tigres

pais tigres

Tipo de pai: Espera obediência, excelência em cada empreendimento e uma criança que nunca responda. Esse título veio da China, de uma autora, Amy Chua (“Battle Hymn of the Tiger Mother”), que descreveu os pais chineses, tigres segundo ela, e os afirma como superiores aos pais ocidentais. São força e obediência, imposição de conta futura a pagar – sim, segundo a autora, os pais chineses entendem que seus filhos lhes devem e desejam ser reembolsados com obediência cega, o que os deixa orgulhosos como pais. O contexto cultural é claro, chinês sem discussão (cultura, que nem gosto, não se deve discutir, não é?) mas, esse tipo de pais jogam, despejam sobre os filhos suas próprias expectativas, e causam desastres em caso de fracasso. A expectativa de sucesso é parental, o fracasso é filial. Fracassam todos, ponto.

O que diz a pesquisa?

Prós: Se criam filhos mais produtivos, motivados e responsáveis.

Contras: Se criam filhos com dificuldades sérias de se adaptarem a novas configurações sociais e culturais e o que pode gerar processos depressivos, ansiedade e falhas de habilidades sociais.

Pais helicóptero

pais helicoptero

Tipo de pai: Pais “super envolvidos”, em alerta constante para evitar qualquer problema ou dificuldades para os filhos, vigilantes ao extremo. Este nome vem de dois autores, o psicólogo Foster Cline e o consultor de educação Jim Fay (“Parenting with Love and Logic”, 1990). Segundo os criadores do termo, pais helicóptero não sabem a diferença entre dar amor e salvar as crianças de si mesmas. Denota um exagero de cuidados também conhecido como “overparenting”. A escolha deste tipo parental tem a ver com o medo que os pais têm sobre o futuro de seus filhos, o não confiar nas capacidades intrínsecas dos filhos em enfrentar o mundo e aprender com a experiência. Talvez seja essa uma mistura entre pais tipo autoritário e pais permissivos.

O que diz a pesquisa:

Prós: Pais “superprotetores” que conseguem salvar seus filhos até de problemas imprevisíveis,

Contras: Crianças sem capacidade de resiliência emocional e independência, futuramente frágeis e inseguros. Essas crianças podem desenvolver uma “incapacidade de controlar seu comportamento”.

Pais “escavadeira”

pais escavadeira

Tipo de pai: Aquele que tira da frente do filho todo e qualquer obstáculo, impede desafios, confrontos, conflitos e a luta para ser melhor. Este termo foi cunhado por David McCullough, ex-professor de ensino médio em seu livro “You Are Not Special” (2015) no qual ele pede aos pais que permitam a seus filhos falharem. Nesse estilo há uma mistura de autoritarismo (sucesso a todo custo) com permissividade (mas eu te ajudo a chegar lá), ao que parece.

Nos prós e contras há, naturalmente, semelhanças com os pais helicóptero pois, se por um lado ajudam seus filhos a se sentirem seguros e protegidos também fomentam um possível “direito de ter tudo” e narcisismo, pois se acham os melhores do mundo, não?

Pais “ar livre”

pais ar livre

Tipo de pai: O papel dos pais é confiar nos filhos. O termo tem a ver com um “caso de “negligência” contra Lenore Skenazy, ex-colunista que escreveu sobre deixar seu filho de nove anos de idade andar de metrô em Nova York sozinho”. E por conta disso, Lenore foi rotulada como a “pior mãe dos EUA” o que a levou a escrever um livro em contra da ideia, cada vez mais estendida, de que” o mundo está ficando cada vez mais perigoso“.

Ou seja, algo assim como, dar liberdade com segurança para a criança alcançar independência, ao estilo 1970/1980. Especialistas discutem porque pais escolheriam este estilo de vivências para seus filhos e concluem que exista algo como “aversão ao risco”. Com seu blog Lenore busca contato com outros pais que pratiquem tal estilo “temerário” nos dias de hoje. Mas, Rebecca English conclui que este estilo está relacionado com “a tipologia autoritária, na qual os pais acreditam em ensinar as crianças a cuidar de si mesmas“.

Prós: Crianças mais autônomas, independentes, livres, mais capazes de lidar com seus erros e aprender com estes. Capazes de assumir responsabilidade derivada de suas ações, resilientes e, no final, adultos mais felizes.

Contras: Aqui o problema é a lei. No Brasil a Constituição Federal diz que “os pais têm o dever de assistir, educar e criar os filhos. Uma interpretação mais rigorosa pode impedir uma criação mais “solta””.

Pais apegados

pais apegados

Tipo de pai: “Fortes ligações emocionais e físicas por pelo menos um cuidador principal são essenciais para o desenvolvimento pessoal da criança“. O nome veio da “Teoria do Apego”, de John Bowlby e Mary Ainsworth, psicólogos. Este trabalho, cujo inicio foi na década de 1950, se baseou em experiências com crianças pequenas. Sugere que crianças que desenvolveram fortes laços com os pais ou cuidadores serão mais felizes e saudáveis quando adultas. O termo, “Pais Apegados” foi consagrado na “Baby Bible”, de Sears (1993). Pais escolhem este modelo de educação pois pretendem que seus filhos sejam positivos, seguros e possam manter relações saudáveis com outros. Segundo Rebecca isso está relacionado com a tipologia de autoridade onde se busca o equilíbrio de grandes expectativas com a empatia e, no final, melhores resultados.

Prós: A criança terá um “colo” sempre presente, refúgio de amor e respeito. Gera segurança de viver.

Contras: Parece um tanto com a paternidade permissiva mas também, com o excesso de paternidade e, talvez, uma dificuldade de se cortar o “cordão umbilical”.

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Redação greenMe

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