Capoeira me mandou, dizer que já chegou, chegou para ficar…


Educação e cultura sempre deveriam andar de mãos dadas e isso está acontecendo agora com a prática da capoeira incorporada ao projeto pedagógico das escolas de educação básica brasileiras. A capoeira foi proibida por lei (pelo código penal de 1870 e até 1937) e durante muito tempo sua prática foi perseguida.

Mas, na última terça feira (19) foi aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado um Projeto de Lei (PLS 17/2014, do ex-senador Gim Argelo) que reconhece a capoeira em seu caráter educacional e formativo e autoriza, nas escolas públicas e privadas de educação básica, a sua prática e estudo.

Para que tal se efetive, as escolas poderão fazer convênios e contratos com mestres de capoeira e instituições que a pratiquem. Segundo o projeto de lei aprovado, o ensino da capoeira deverá ser integrado à proposta pedagógica das escolas. O projeto tramitará a seguir, para exame da Câmara dos Deputados. Foi relator da proposta, senador Otto Alencar (PSD-BA), quem praticou capoeira com Mestre Bimba, em sua juventude.

Para frisar a importância do projeto vale recordar as palavras de Mestre Bimba, relembradas por Otto Alencar, quando o mestre já idoso, dizia que “a pior escravidão enfrentada pelo negro era a falta de acesso à educação, pois assim não conseguia de fato se igualar aos brancos”.

Riqueza pedagógica, valorização cultural

A capoeira já vem sendo usada nas escolas como ferramenta pedagógica, nas aulas livres e de contra-turno, com resultados muito satisfatórios já que os jovens, que conhecem sua prática das ruas e comunidades, se sentem mais respeitados na sua cultura e, portanto, assumem uma participação mais efetiva. Junto com a capoeira também se desenvolvem aulas de musicalidade e expressão corporal que, juntamente com teatro e dança, favorecem a socialização e reações comportamentais positivas nos alunos. A herança cultural afrobrasileira abrange, de uma forma ou de outra, a toda a comunidade escolar, principalmente nas escolas públicas, sendo o seu exercício, pela arte, dança e esporte, muito importante para a conquista da confiança dos jovens para um futuro saudável.

“Nós, brasileiros, orgulhamo-nos de ser o povo criador da capoeira, arte hoje presente em praticamente todos os países do mundo. Entretanto, há muito a fazer para difundi-la, com qualidade e orientação pedagógica, em nosso próprio país”, foi argumento de peso usado pelo ex-senador Gim para justificar seu projeto.

Na atualidade a capoeira como manifestação cultural tem duas distinções importantes: a roda de capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO (2014) e tem registro como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, outorgado pelo Iphan (2008).

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Fonte foto: fotospublicas.com




Redação greenMe

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