Ensinar a ser gente, cidadão, ser humano. Essa é a razão de ser de uma série de escolas inovadoras que existem aqui, no Brasil, e no mundo. A busca da melhor maneira de educar as crianças, para que se tornem melhores adultos no futuro, é uma busca constante que vai alterando seus métodos de ensino, de acordo com a mudança dos tempos.
Uma experiência muito interessante é a propiciada pela Escola Comunitária Cirandas, em Paraty, litoral do Rio de Janeiro.
A Cirandas é uma escola pequena, com 50 alunos somente, entre pagantes e bolsistas, com um projeto educativo que se fundamenta na Antroposofia de Rudolf Steiner e no construtivismo da pedagogia crítica de Paulo Freire, aprendendo de várias outras experiências conhecidas, e que acredita que juntos, alunos e professores, constroem o melhor caminho para o aprendizado.
A escola aplica em sua estrutura pedagógica a gestão participativa – os professores têm um roteiro básico que é complementado com as necessidades e interesses apresentados pelos alunos. A escola não tem seu sistema de estudo dividido em séries: atende crianças que, normalmente, seriam colocadas entre o 1° e o 5° anos do Ensino Fundamental, em período integral (das 8:00 às 15:20 h), com a possibilidade de permanecerem na escola até as 17:00, horário compativel com o trabalho dos pais.
A rotina diária tem horário definido para estudos dirigidos, brincadeiras leves, descanso, alimentação, higiene, cuidados ambientais, atividades essas, divididas harmonicamente, permitem a tranqüilidade em sua realização, com o aconchego e a liberdade que as crianças teriam em suas casas.
A proposta pedagógica compreende atendimento específico a cada fase das crianças, por 2 professores e um auxiliar, desde a alfabetização até o estudo de temas específicos. A intenção descrita pela escola é a de que cada aluno siga seu próprio caminho e ritmo de aprendizagem, indo à descoberta de saberes de diferentes áreas, sob a supervisão e orientação dos professores.
A motivação central que gerou este método inovador é o respeito ao ritmo individual de aprendizagem de cada criança.
Segundo conta a diretora, Mariana Benchimol, em entrevista à Folha de São Paulo: “Em um dia comum as crianças chegam às 8:00 h e entram em uma roda de cantos, poesias e tai-chi chuan, para despertar o corpo”. Com esse ritmo e rotina, certamente, despertam não só o corpo como também a alma de cada uma dessas crianças, indivíduos respeitados em seus ritmos e interesses.
Esse modelo de ensino também é parecido com aquele usado na Finlândia, onde foram abolidas as grades curriculares e temas obrigatórios e, seguindo esse modelo, a escola também apresenta projetos anuais previamente definidos.
Não há provas nem notas mas, nem por isso os alunos deixam de ser diariamente avaliados. Não há grade curricular, os professores têm um planejamento pedagógico que é complementado e refinado com a ajuda dos próprios alunos que expõem suas necesidades e assuntos de interesse de forma livre, com a certeza de que serão ouvidos e, na medida do possível, atendidos.
Como contou a diretora na mencionada entrevista, os seus alunos sonhavam em fazer uma viagem ao Havaí, para surfarem. O assunto foi conversado, estudado, discutido, dimensionado, avaliaram custos e possibilidades e chegaram à realidade, decidindo então conhecer uma praia mais próxima. Todo o estudo, no caso, se deu a partir de um sonho, que foi destrinchado, para chegar ao real possível.
Uma grande aprendizagem para essas crianças, com certeza. Se os tempos mudam, os métodos de ensino também devem mudar!
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Fonte foto: ojumoran.org
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