Crianças simétricas – o que são e como identificá-las

Um dos maiores dilemas de quem tem filhos é saber dosar a autoridade necessária, sem descambar para o autoritarismo, e tratar os filhos com respeito e ouvi-los, sem com isso se tornarem permissivos. O modelo de educação autoritário vem aos poucos perdendo espaço, especialmente porque diversos estudos mostram que esse tipo de criação é mais nociva do que benéfica. No entanto, o novo modelo de educação também pode trazer problemas futuros se os pais confundirem uma forma mais democrática de lidar com as crianças com permissividade. Quando isso ocorre, pode ser que essa criança se torne um filho simétrico.

O que significa criança simétrica?

O termo foi criado pela psicóloga argentina Claudia Messing, autora do livro “Como as Crianças Sentem e Pensam Hoje”. Segundo ela, quando os pais tratam a criança como um igual, sem um exercício coerente de autoridade e nenhuma definição nítida dos papéis familiares, o filho pode entender, de modo equivocado, que ela é igual ao adulto. Com isso, ela não consegue desenvolver a própria identidade, pois imita a dos pais.

As 4 dimensões da criança simétrica

Também chamada de Teoria da Criança Espelho, a psicóloga ressalta que o fenômeno da criança simétrica possui 4 dimensões:

• Na primeira, ocorre a imitação massiva, na qual a criança copia os pais em tudo, incluindo traumas e dificuldades;
• Na segunda, acontece a paridade com o adulto. Nesse caso, a criança acredita que ela e os pais são iguais, então não há respeito por parte delas;
• A terceira dimensão ocorre quando a criança se sente capaz de realizar tudo que um adulto realiza, se considerando autossuficiente. É a fase da fantasia da completude;
• Na quarta, a criança sofre com a falta de individuação. Pois, na ausência de um espaço que a permita construir a própria individualidade, ela imita os pais e não consegue ser ela mesma.

Como identificar uma criança simétrica?

Entre os sinais para identificar uma criança simétrica, estão:

• A criança não aceita limites e quer estar sempre com a razão;
• Ela não dá credibilidade aos adultos, pois enxergam eles como iguais;
• Tendem a ser conflituosas e competitivas, apresentando dificuldade de conviver com outras crianças;
• Tem um baixo grau de empatia, não conseguindo se colocar no lugar do outro com tanta facilidade;
• Podem tornar-se dependente dos pais por não conseguir estruturar uma vida independente.

Amar é dar limites e orientar

Vale lembrar que a clara validação dos papeis familiares, e a ajuda dos pais para guiar o comportamento da criança não significam um modelo de educação autoritário.

Dar limites e orientar são duas formas importantes de demonstrar amor. Respeitar, esclarecer e estar presente seguem sendo essenciais na educação de qualquer ser humano. Quando se trata de criação de filhos, sempre é tempo de melhorar a relação e ajudar no processo de desenvolvimento infantil. De acordo com a psicóloga, para isso é importante que ocorra uma reconstrução dos papeis familiares, mostrando que pais e filhos não são iguais e que a autoridade é dos pais.

Fontes:

1. Jornal da USP
2. Ohga!

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