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As buscas pelo indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e pelo jornalista inglês Dom Phillips continuam, (desaparecidos desde domingo, 5) agora com ajuda de mergulhadores e especialistas em resgate na selva, e com atuação da Marinha.
Comunidades indígenas, a imprensa internacional e os entes queridos cobram esclarecimentos com urgência e criticam a ausência do poder público brasileiro na região do desaparecimento.
Cláudia Lemos, presidente da Associação Brasileira de Comunicação Pública, lamenta:
“Neste país, jornalistas são ameaçados e agredidos. Quando isso acontece é a democracia que está em risco.
Posso lembrar alguns desafios que enfrentamos, entre eles a necessidade de combater a desinformação, tema em debate no parlamento.
Fortalecer a imprensa faz parte desse combate, assim como fortalecer a comunicação pública para promover a transparência, a prestação de contas e o acesso aos serviços prestados aos cidadãos”.
Para muitos, o desaparecimento representa nitidamente a omissão do governo brasileiro.
Bruno já era alvo de ameaças de madeireiros e garimpeiros que tentam invadir terras indígenas na região e também já era de conhecimento das autoridades.
Em entrevista ao SBT, o presidente Jair Bolsonaro levantou a hipótese de um acidente:
“Realmente, duas pessoas apenas num barco, numa região daquela completamente selvagem é uma aventura que não é recomendada que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser acidente, pode ser que tenham sido executados”.
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Assim como na Arábia Saudita, a exposição da realidade amazônica é reprimida com violência.
A violência na Amazônia é mais bárbara.
O provável assassinato de Dom e Bruno, mais que um crime brutal, é a prova do nosso retrocesso civilizatório.
Se trata de uma área com histórico de violência contra a causa indígena.
Segundo dados divulgados pela Carta Capital, Tabatinga, município do Amazonas na região da tríplice fronteira onde desapareceram o jornalista inglês e o indigenista brasileiro, foi a segunda cidade na qual a Polícia Federal mais instaurou inquéritos policiais (IPL) por garimpo ilegal no estado do Amazonas na última década.
Ao todo, o município foi local de 18 possíveis crimes investigados e só fica atrás de Manaus, que teve 76 no mesmo período.
De acordo com a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o jornalista estava indo para uma localidade, chamada Lago do Jaburu, para entrevistar indígenas e Bruno o acompanhava.
O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Octávio Costa, classificou na terça, 7, como “inadmissível” o desaparecimento dos ambientalistas.
Justamente na terça, a Câmara dos Deputados promoveu uma sessão em homenagem ao Dia Nacional da Liberdade de Imprensa.
Octávio Costa afirmou com indignação:
“É inadmissível que a Amazônia ainda conviva com esse tipo de episódio, com pessoas desaparecidas em terras indígenas por ações de grileiros, por alvo de grileiros. É inadmissível. Então, para nós é lamentável que esse episódio esteja ocorrendo exatamente no dia dedicado à liberdade de imprensa”.
A Polícia Militar do Amazonas prendeu, nesta quarta-feira, 8, um homem suspeito de ter envolvimento com o desaparecimento.
O procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, Eliesio Marubo, informou em entrevista que são três suspeitos envolvidos no desaparecimento.
Muitos estão criticando o fato de as autoridades terem demorado mais de dois dias após o desaparecimento para autorizar as buscas aéreas, o que seria uma indicação de que o governo Bolsonaro não estaria levando o caso com a devida seriedade.
O desaparecimento de indigenista e jornalista está repercutindo no exterior e o paradeiro deles segue um mistério.
A resposta insuficiente do governo brasileiro tem causado angústia para as famílias de Dom e Bruno, e também para todas as pessoas que são contra a violência e a destruição ambiental que assolam a Amazônia.
Queremos respostas já!
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Categorias: Sociedade
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