Índice
Ahimsa é um antigo princípio ético-religioso que consiste em não cometer violência contra outros seres.
Esse princípio tem suas raízes ancestrais e é a base de diversas religiões orientais, como:
Saiba mais sobre a prática e vivência do Ahimsa, com as informações a seguir.
O Ahimsa se baseia na premissa de que todos os seres vivos têm uma centelha divina, ou seja, saímos e voltaremos para a mesma fonte, responsável por toda a criação.
Nesse contexto, ferir alguém é ferir a si próprio, seja por meio de intenção, pensamentos, palavras ou ações.
Ademais, segundo Ahimsa, a violência gera consequências cármicas, ou seja, passar pelo sofrimento que se criou a outrem.
A palavra Ahimsa vem do sânscrito e deriva de:
O conceito de Ahimsa se desenvolveu ao longo dos textos sagrados védicos.
Com o tempo, este conceito foi sendo continuamente refinado e expandido, até que, por volta de 500 a.C. passou-se a considerar Ahimsa como virtude máxima.
O desenvolvimento do conceito Ahimsa nos Vedas se converteu na temática central do Upanixades, normas sagradas hindus.
O Chāndogya Upaniṣad, datado do século VIII ou VII a.C., um dos mais antigos Upanixades, tem a mais antiga evidência do Ahimsa como código de conduta, combatendo a violência contra “todas as criaturas” (sarvabhuta),
O Mahabharata, um dos mais antigos e maiores clássicos literários da Índia, menciona várias vezes a frase Ahimsa Paramo Dharma (अहिंसा परमॊ धर्मः), que significa, literalmente:
“A não violência é a mais alta virtude moral.”
O Mahaprasthanika Parva, que é o 17º dos dezoito livros que compõem o Mahabharata, tem o seguinte versoː
“O Ahimsa é a mais alta virtude, o Ahimsa é o mais alto autocontrole, o Ahimsa é o maior presente, o Ahimsa é o melhor sofrimento, o Ahimsa é o mais alto sacrifício, o Ahimsa é a melhor força, o Ahimsa é o maior amigo, o Ahimsa é a melhor felicidade, o Ahimsa é a verdade mais elevada, o Ahimsa é o melhor ensinamento.”
Outros textos literários clássicos que constituem o Tirukkuṛaḷ, conhecidos como “Veda tâmil”, escritos em uma língua do sul da Índia, dedica os capítulos 26, 32 e 33 do Livro 1 à virtude do Ahimsa, enfatizando, respectivamente:
O preceito de “não-violência” se aplica aos animais e à todas as formas de vida.
Com a evolução do conceito Ahimsa, perpassando do jainismo pelo hinduísmo e budismo, estendeu-se a alimentação pela qual o ato de comer carne é um hábito cruel e violento, pois causa sofrimento aos animais.
Vários textos sagrados declaram que ferir ou matar animais é contrário ao Dharma e aumenta o Karma, porque torna os homens menos compassivos e mais agressivos.
O Ahimsa faz parte do código de conduta do Yoga.
Esse princípio norteia o yogin e faz parte da vivência completa do Yoga pois, essa prática diz respeito não somente às asanas (posições do Yoga), mas também à purificação das intenções, pensamentos, palavras e a vivência do Ahimsa.
No Jainismo, a aplicação do Ahimsa se estende à toda e qualquer criatura viva. Exemplos:
Além de defender a vida de toda criatura do reino animal, os jainistas também se esforçam em não danificar plantas. Por isso, eles se alimentam de frutas e legumes que podem ser extraídos das plantas sem tirar-lhes a existência.
Dentro do hinduísmo, o Ahimsa prega que toda guerra deve ser evitada, através de um diálogo sincero. E o uso da força deve ser o último recurso, sendo empregado somente se a causa for justa e o propósito virtuoso, ou seja, como defesa e autopreservação.
Para o Budismo, o Ahimsa é o primeiro dos cinco preceitos para viver uma vida elevada, adquirir Dharma e transcender o Karma. E que são:
O líder e revolucionário pacifista Mahatma Gandhi, mobilizou uma revolução pela Independência da Índia do domínio britânico, sem o derramamento de sangue, valendo-se do princípio Ahimsa de não-violência.
Para Gandhi, Ahimsa era uma forma de impedir estados mentais agressivos, comportamento violentos, palavras duras, desonestidade e mentira.
Gandhi acreditava que o Ahimsa era uma força criativa que conduzia todo ser humano a encontrar Satya, a “Verdade Divina”.
Ele definiu a manifestação de Ahimsa da seguinte forma:
“A não-violência não consiste em renunciar a toda luta real contra o mal.
A não-violência, tal como eu a concebo, empreende uma campanha mais ativa contra o mal que a Lei de Talião, cuja natureza mesma traz como resultado o desenvolvimento da perversidade.
Eu levanto, frente ao imoral, uma oposição mental e, por conseguinte, moral.
Trato de amolecer a espada do tirano, não cruzando-a com um aço mais afiado, mas defraudando sua esperança ao não oferecer resistência física alguma.
Ele encontrará em mim uma resistência da alma, que escapará de seu assalto.
Essa resistência primeiramente o cegará e em seguida o obrigará a dobrar-se.
E o fato de dobrar-se não humilhará o agressor, mas o dignificará.
E seguindo esse princípio, ele promoveu em seu povo a resistência pacífica, estimulando os indianos a parar de comprar os produtos britânicos e deixar de pagar impostos para o governo colonizador.
O movimento revolucionário e, ao mesmo tempo pacifico, promovido por Gandhi influenciou líderes como Martin Luther King Jr. e James Bevel.
O teólogo, filósofo, filantropo e Prêmio Nobel da Paz (1952) Albert Schweitzer estudou e se aprofundou no Ahimsa para formular a conduta de “reverência pela vida”.
Muitas das ações desse homem foram pautadas pelo Ahimsa.
Para viver o Ahimsa não é necessário seguir religiões como o jainismo, hinduísmo ou budismo e tampouco ser praticante do Yoga pois, Ahimsa é um princípio que todos podem escolher seguir e praticar.
É lógico que se essa prática vier acompanhada da sabedoria ancestral, filosofias espirituais e do Yoga, ela irá reforçar mais ainda o foco na vivência integral do conceito Ahimsa.
É importante salientar que o Ahimsa também se aplica às relações que mantemos conosco. Como exemplo:
Com base nessas condutas, é possível praticar o Ahimsa consigo mesmo. Para isso, é necessário buscar se nutrir de bons (saudáveis e benéficos) alimentos, impressões, sentimentos, pensamentos, relacionamentos, atividades e ambientes.
A prática de Ahimsa pode trazer diversos benefícios, como:
Todos esses benefícios constituem riquezas e conquistas espirituais, que contribuem para nosso aprimoramento humano e elevação espiritual.
De repente, você é um praticante de Ahimsa e nem sabia disso. Mas, agora sabe!
Para mais conteúdos alinhados com a proposta do Ahimsa, talvez te interesse ler também:
Humildade, Simplicidade e Amor: aprenda com os Essênios grandes lições de vida
Pirâmide de Maslow: a Hierarquia das Necessidades e a Autorrealização
Método Self-Healing: a cura que vem do movimento e consciência corporal
15 Regras que Todo Praticante de Yoga Deveria Seguir
Pepe Mujica sobre a guerra: avançamos em tecnologia e regredimos em humanidade
Para ser feliz bastam 12 minutos de gentileza por dia. Palavra da ciência
Limpeza energética: o que é, benefícios, como fazer e mais!
Chama Violeta: o que é, para que serve e como pode nos ajudar
O que significa o símbolo ॐ – OM?
O que é Psicoterapia Contemplativa e quais são seus benefícios
Categorias: Sociedade
ASSINE NOSSA NEWSLETTER