Mais igualdade: 11 de fevereiro é o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência


11 de fevereiro é o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.

A ONU deixou o recado: por mais mulheres e meninas como cientistas e agentes da inovação.

Faz tempo que as barreiras estruturais e sociais construídas ao longo da história impedem que mulheres e meninas entrem, avancem e sejam reconhecidas na ciência.

Hoje, apenas um em cada três pesquisadores de ciência e engenharia no mundo é mulher.

Desigualdade de gênero

A história do desenvolvimento científico e tecnológico humano não é uma história linear de invenções e descobrimentos sucessivos, mas sim uma história atravessada pelas demandas e questões do contexto onde esses desenvolvimentos ocorrem.

Assim, em função de sua posição subalterna na sociedade, mulheres foram (e ainda são) excluídas dessa participação, seja de modo direto ou indireto.

Mulheres representam apenas 28 % dos graduados em engenharia

Por conta disso, homens são tidos como os produtores legítimos do conhecimento, enquanto que mulheres são vistas como simples consumidoras passivas dessa produção.

A pandemia da COVID-19 aumentou ainda mais as desigualdades de gênero, em todos os âmbitos. As discussões sobre o feminicídio foram amplamente debatidas e polemizadas.

Mas o que se vê ainda é preconceito, ódio e uma liderança patriarcal que descredibiliza corpos, mentes e vidas de mulheres.

Direito à ciência e à tecnologia

Esta desigualdade,  priva a descoberta de enormes talentos e de inovações, arranca oportunidades e desvaloriza uma carreiras e histórias.

As mulheres devem ter o direito à ciência e à tecnologia e, além da luta contínua pela igualdade de gênero, elas visam garantir que as leis funcionem para todos:

  • com políticas políticas que incluam as minorias, para meninas que desejam ser cientistas e precisam estudar tecnologia, física, engenharia e matemática (disciplinas que, devido à construção social patriarcal, são consideradas como “masculinas”);
  • com medidas direcionadas para garantir oportunidades para as mulheres crescerem e liderarem em laboratórios, instituições de pesquisa e universidades;
  • com determinação para acabar com a discriminação e os estereótipos sobre as mulheres na ciência;
  • e com esforços mais rigorosos para expandir as oportunidades para mulheres de comunidades.

Dados

A pesquisa da Unesco aponta disparidades maiores em áreas altamente qualificadas, como inteligência artificial, onde apenas 22 % dos profissionais são mulheres.

Fundadoras de start-ups também lutam mais para ter acesso a financiamento e, em grandes empresas de tecnologia, continuam sub-representadas em cargos de liderança e técnicos.

Mulheres também são mais propensas a deixar o campo de tecnologia, muitas vezes citando fracas perspectivas de carreira.

Nas universidades, as pesquisadoras tendem a ter carreiras mais curtas e menos bem pagas. Embora representem 33,3 % de todos os pesquisadores, apenas 12 % dos membros das academias de ciências nacionais são mulheres.

Luta pela igualdade

Há uma conexão direta entre os baixos níveis de mulheres que trabalham em profissões que são consideradas profissões “para homens” e números absurdos de preconceito de gênero que tratam os homens como padrão e as mulheres como exceção.

A quem interessa manter parte da população restrita às profissões voltadas, por exemplo, “específicas para mulheres” e afastadas de conhecimentos que são usados na transformação direta e material da sociedade e onde circulam mais recursos?

Um exemplo interessante dessa restrição dos homens à presença feminina é o da Ciência da Computação: desde os anos 1980, no curso da área da Computação, a presença feminina só diminuiu.

Identidade de gênero

No entanto, foi também durante esse período que se estabeleceu a ideia de “identidade de gênero“:

  • muitos dos programas profissionalizantes supostamente exclusivos para mulheres e meninas agora também aceitam a participação de homens que se auto-identificam como mulheres ou alegam que não são homens.

Mais uma política para mulheres permeável e acessível aos homens.

É preciso reverter as tendências e pensamentos que impedem as mulheres cientistas de seguir carreiras que ajudam a enfrentar crises climáticas e ambientais.

Devemos garantir que, principalmente, elas tenham acesso às mesmas oportunidades de aprendizagem e de trabalho em condições de igualdade.

Neste Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o alerta é a reflexão de como as mulheres muitas das vezes são tratadas com invisibilidade, apagamento e diminuição.

Criada pela ONU em 2015, essa data busca incentivar a participação delas na produção do conhecimento.

O que fica é a pergunta:

Que tipo de inclusão de mulheres se está promovendo quando justamente aqueles que se opõem à entrada delas na área são usados como seus substitutos válidos?

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Lara Meneguelli


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