Quem é Claudia López, a futura prefeita de Bogotá que está bombando nas redes sociais


Mulher, lésbica, ecologista, defensora dos direitos humanos: esse é o perfil da nova prefeita que assumirá o executivo da capital da Colômbia, Bogotá.

Considerando que a América Latina é uma das regiões mais perigosas para ser mulher e a onda de conservadorismo empenhada pela extrema direita no mundo, a vitória eleitoral de Claudia López é um marco importante.

É preciso lembrar que a Colômbia é um dos países mais violentos do continente latino-americano, conforme mostrou um estudo divulgado por El Pais: Brasil, Colômbia, México e Venezuela somam juntos um quarto de todos os homicídios do planeta, sendo que, dos 25 países com as mais altas taxas de feminicídio, 14 estão na América Latina.

Apesar desse cenário de violência, a América Latina lidera a ocupação de cargos locais e parlamentares por mulheres na ONU Mulheres. Elas estão levando as suas vozes e se candidatando a cargos políticos, indo contra as estatísticas.

Nesse ambiente de lutas pela igualdade de gênero, Claudia López conquistou a maioria dos votos dos cidadãos de Bogotá, uma cidade com um histórico de violência, capital de um país que sofre, ainda, com a interferência da política estadunidense.

López conquistou cerca de 1,1 milhão de votos prometendo, em sua campanha, melhorar a segurança pública e a mobilidade na capital, impulsionar a educação pública e de qualidade, bem como a cultura.

Claudia López: vida, carreira, curiosidades

Ex-senadora e candidata pelo partido Aliança Verde, sua história política sempre foi combatendo as relações entre política, narcotráfico e as milícias paramilitares. Sempre defendeu a bandeira da paz nas negociações com a Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) e na luta contra a corrupção.

Nascida em Bogotá, em 1970, sua vida profissional, além da política, foi dedicada à investigação acadêmica. No fim da década de 1980, foi estudar Medicina na Polônia com uma bolsa de estudos. Mas um fato histórico iria mudar a sua vida: a Queda do Muro de Berlim, em 1989, que levou à queda, também, do governo polonês.

Voltou para casa para estudar Finanças, Governo e Relações Internacionais com um programa de apoio estudantil do governo colombiano, já que no país a educação superior é paga.

Depois foi para os Estados Unidos, onde fez o mestrado em Administração Pública e Política Urbana pela Universidade de Columbia (Nova York) e obteve, recentemente, o seu título de doutora em Ciência Política pela Universidade de Northwestern (Chicago), graças a uma bolsa de estudos.

Sua história política começou aos 18 anos, no fim da década de 1980, numa época especialmente violenta na Colômbia, quando o país era dominado pelas forças do narcotráfico.

López lembra que, em 1990, quando iria votar pela primeira vez, seus candidatos haviam sido assassinados. Foi assim que ela entrou para a política, participando de um grupo estudantil que buscava interferir na Assembleia Nacional Constituinte, que resultou na Constituição de 1991, conta a CNN.

Em 2004, quando voltou dos Estados Unidos para a Colômbia, viu uma cena que fez com que iniciasse o seu combate à corrupção: alguns congressistas aplaudindo três chefes paramilitares no Congresso. Ela começou, então, a investigar as relações entre as milícias e os políticos que diziam que iriam “refundar a pátria”.

Em 2010, López publica o livro “Y refundaron la Patria”, no qual trata das alianças entre políticos e paramilitares, narcotraficantes, guerrilhas e grupos criminosos.

O beijo da vitória

Claudia é declaradamente lésbica. E como não podia deixar de ser, comemorou a sua vitória nas urnas com um beijo em sua companheira, fazendo as redes sociais do mundo inteiro comentarem “o beijo da vitória”, informa o Canal 1.

 

Contra as críticas ao beijo, López respondeu que “nenhuma manifestação de amor é uma falta de respeito”. E acrescentou: “Foi uma dia excepcional e qualquer dos candidatos teria celebrado com sua esposa, companheira ou companheiro. Eu não tenho por que ser a exceção”.

Que a líder política que agora está sendo conhecida em todo o mundo faça um excelente governo para a cidade que a elegeu, apesar das várias resistências que possivelmente irá encontrar!

Fonte foto: Aljazeera




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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