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Macho que é macho tem que se sentir por cima da carne seca. E uma das formas de ele se sentir assim é com dinheiro no bolso.
Tanto é que o movimento da masculinidade branca, em ascensão nos Estados Unidos e no Brasil, ganhou força nos últimos anos por causa da crise financeira de 2008. Os machos brancos começaram a sua insurreição contra as mulheres e outros grupos minoritários na tentativa de salvar a sua condição de macho e provedor.
O macho branco também se sente licenciado a falar e agir sem que o seu dizer e as suas atitudes sejam responsabilizadas. Quando o são, recebem uma pena bem mais branda, seja legal ou simbólica, do que aquela aplicada a mulheres, indígenas, negros, pobres, gays, lésbicas e travestis.
Exemplos disso abundaram nas últimas semanas aqui no Brasil. O mais recente é o caso que envolve o DJ Ivis, cuja agressão à ex-mulher e à filha, embora tenha chocado muitos de nós, também fez que o agressor ganhasse muitos fãs em suas redes sociais. Claro que a lei precisa ser aplicada em um caso de violência contra a mulher e a criança, mas ações pontuais e concretas têm um efeito mais imediato: o repúdio e o boicote.
Ivis, que era produtor do cantor Xand Avião, foi demitido. O artista anunciou a demissão do DJ da produtora Vybbe, que também administra a carreira de outros cantores, após os vídeos do agressor que circularam pelas redes sociais. Ao G1, Xand disse:
“Não admito nem compactuo com nenhum tipo de violência, ainda mais com uma mulher. Nada explica, não tem explicação”.
A gravadora “Som Livre”, do grupo Sony Music, também cancelou seu contrato com Ivis. Segundo a IstoÉ, a gravadora não vai mais gravar uma faixa musical de autoria do DJ, além de manifestar-se nas redes sociais dizendo que “não tolera este tipo de comportamento”.
Nas redes sociais, o movimento #DesmonetizaDJIvis ganha cada vez mais força. A consequência da adesão popular fez com que o Spotify e a Deezer retirassem as músicas do agressor de suas playlists.
Outro caso recente de agressão a minorias envolveu o apresentador da Rede TV Sikêra Jr., quem há muito tempo atua, através de uma concessão pública, agredindo e construindo estereótipos sem qualquer consequência para si. Até que veio a gota d’água quando um comercial da Burguer King sobre diferentes formações familiares virou alvo das suas falas violentas contra casais LGBT.
Após proferir um festival de preconceito, várias pessoas manifestaram-se, também, pelas redes sociais contra o apresentador e a emissora. O resultado foi que, embora A RedeTV! ainda não tenha demitido Sikêra Jr. do Alerta Nacional, várias empresas deixaram de patrocinar o programa por não quererem suas marcas vinculadas ao agressor.
Tanto Ivis quanto Sikêra vieram a público se desculpar pelo que fizeram. Provavelmente não por arrependimento, mas porque sentiram no bolso as consequências de seus atos. Não patrocinar o trabalho desses homens é uma das formas de coibir a violência masculina, junto com as necessárias medidas jurídicas que os impeçam de seguir com seus atos violentos e inibam outros homens de fazerem o mesmo.
Temos a responsabilidade ética de não investir em pessoas preconceituosas e agressores de qualquer tipo.
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Categorias: Sociedade
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