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Precisamos falar sério sobre a bomba-relógio que tem se mostrado o atual governo federal. A retórica bolsonarista contra uma suposta ideologia de esquerda está, na verdade, programada para colocar em prática um projeto de destruição para o Brasil.
O recente anúncio do governo de que irá cortar 30% dos recursos destinado às universidades federais precisa ter seu impacto esclarecido para a população brasileira, a fim de que, mais do que nunca, tome a coisa pública como sua, e não como pertencente a qualquer governo, que, aliás, é provisório.
O anúncio do corte veio logo após o presidente Jair Bolsonaro junto com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, terem dito que promoveriam cortes na área de Ciências Sociais e Filosofia das universidades. Isso já seria um desastre educacional, mas a atitude do governo foi ainda pior: expandiu o corte orçamentário para todos os centros educacionais federais.
O Ministro da Educação @abrahamWeinT estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 26 de abril de 2019
A reação da comunidade científica internacional foi imediata. Intelectuais das mais renomadas universidades do mundo, como Harvard, Princeton, Yale, Oxford, Cambridge, Berkeley, e brasileiras, como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Brasília (UnB), fizeram um manifesto que foi publicado no jornal francês “Le Monde“.
Dentre os intelectuais que assinaram o documento estão a filósofa e escritora americana Judith Butler, doutora em Yale e professora da Universidade Berkeley (California), que foi hostilizada ano passado em sua visita ao Brasil, os sociólogos Éric Fassin, professor de Ciências Políticas da Universidade Paris 8, e David Paternotte, da Universidade de Bruxelas, informa O Globo.
O documento defende que:
“nas nossas sociedades democráticas, os políticos não devem decidir o que é a boa ou a má ciência. A avaliação do conhecimento e de sua utilidade não pode ser conduzida de modo a conformar- se com as ideologias de quem está no poder. Pensar sobre o mundo e compreender nossas sociedades não deve ser privilégio dos mais ricos. Como acadêmicos dos mais diversos campos, estamos plenamente convencidos de que nossas sociedades, incluindo o Brasil, precisam de mais, e não menos educação”.
Um outro manifesto, criticando as declarações de Bolsonaro, também reuniu assinaturas de intelectuais e pesquisadores de todo o mundo, conforme divulgado pelo colunista Ancelmo Gois, de O Globo. O documento, que conta com mais de 13 mil assinaturas, foi organizado por sociólogos da Universidade Harvard e endossado por intelectuais de todo o mundo. O texto diz:
“Nós nos opomos à tentativa do presidente Bolsonaro de desinvestir na sociologia, ou qualquer outro programa nas Ciências Humanas ou Sociais. Como sociólogos históricos e contemporâneos, entendemos que a mercantilização do ensino superior convenceu muitos políticos — no Brasil, nos Estados Unidos e no mundo — de que uma educação universitária é valiosa apenas na medida em que é imediatamente lucrativa. Nós rejeitamos essa premissa”.
As universidades federais são um patrimônio da sociedade brasileira – assim como qualquer outro bem público – e, por isso, precisa ser defendido. Elas não são lugares para privilegiados, mas sim para que todos dela se apropriem e se beneficiem do conhecimento que elas produzem.
São inúmeros os projetos mantidos pelas universidades públicas federais que atingem a sociedade brasileira, fruto de muita pesquisa e comprometido dos seus servidores. Não é à toa, aliás, que o texto constitucional nomeia os trabalhadores do Estado – e não de governos – de servidores públicos, pois eles prestam serviço à população brasileira, e não aos governos. É por isso que existe essa categoria de trabalhadores, a dos servidores públicos concursados, justamente para que eles não sejam ameaçados por governos e suas ideologias, a fim de que os serviços prestados à sociedade não sejam interrompidos.
Mas é preciso que os brasileiros entendam isso para que possam defender esse e outros patrimônios públicos. As universidades federais, além de prestarem serviços à sociedade, de maneira geral, e comunitários, atendendo as comunidades onde elas estão localizadas, fomentam a economia.
Quer saber como uma universidade pública impacta a sua vida? Confira!
As universidades públicas são responsáveis por mais de 90% das pesquisas realizadas no Brasil, as quais descobrem a cura para doenças, cria tecnologias para a melhoraria de vida e para o desenvolvimento social, dentre outras finalidades.
Nos últimos quinze anos, graças ao investimento público, todas as universidades federais apresentaram um enorme aumento em suas pesquisas e projetos de extensão, contribuindo diretamente para melhorar a vida de milhões de brasileiros.
As áreas de atuação das universidades federais são diversas. Entre elas:
– Saúde, com os hospitais universitários, atendimento odontológico, psicológico, farmacológico, etc.;
– Educação, com os cursos de graduação e pós-graduação, além dos colégios de aplicação e a oferta gratuita de cursos de idiomas;
– Direito, com advogados que prestam serviços gratuitos para pessoas de baixa renda;
– Esporte, com os projetos vinculados às faculdades de Educação Física;
– Cultura, com a promoção de centros de artes que englobam música, cinema, performances, teatro;
– Lazer, visto que os campi universitários são áreas públicas utilizadas para recreação.
Reflita e tome lado, o seu lado, o nosso lado, porque defender uma instituição pública é defender o seu direito, como contribuinte, de ter e exigir um serviço público de qualidade, algo que as instituições federais de ensino oferecem à sociedade brasileira. Se esse corte orçamentário for levado a cabo, o trabalho já realizado e investido será perdido e afetará milhões de pessoas que dependem dele.
A balburdia não está nas universidades, mas sim nos agentes do governo que estão cortando um direito social como a educação para repassar o investimento que deveria ser feito nelas para comprar com R$40 milhões cada deputado para votar a favor da reforma da previdência.
Lutar pela universidade pública é lutar por uma educação gratuita e de qualidade para todos.
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