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Talvez, nunca antes na história do Brasil, nós tenhamos experimentado um combo de tragédias. Somos o país onde mais se morre por Covid-19, porque temos um governo federal incapaz de gerenciar a crise sanitária e fornecer segurança econômica para milhões de brasileiros desamparados por causa da crise econômica.
Os brasileiros estão com medo de adoecer, mas estão mais desesperados pelo fato de não terem o que comer e não pagarem as contas no começo do mês. Tendo que sair às ruas para trabalhar, as pessoas estão se expondo ao risco da doença e fazendo o Sars-Cov-2 circular, o que vem exigindo medidas restritivas por parte dos governos estaduais e municipais.
Se os hospitais estão lotados de pacientes a ponto de não conseguirem mais atender a todos que chegam, a mesa dos brasileiros está vazia. Voltamos a estar no quadro de miséria que assolou o país por tantos anos e que havíamos conseguido sair graças a políticas públicas que assistiam os mais pobres.
Com um auxílio emergencial de valor pífio, os brasileiros não têm como se contentar com ele para sobreviver. Dificilmente, o auxílio emergencial irá fazer com que as pessoas permaneçam em casa.
A Covid-19 é uma doença que ataca o sistema imunológico. Como uma pessoa que passa fome pode se fortalecer com nutrientes que poderiam ajudá-la a passar melhor pela doença, caso fosse acometida por ela? Milhares de famílias perderam totalmente a sua renda com a pandemia e não podem se dar ao luxo de dispor desse recurso.
Se o governo se mostra ausente na maior crise sanitária da história do país, iniciativas isoladas vêm tentando preencher esse vazio, ainda que sejam insuficientes para dirimir o problema.
Projetos como o G10 Favela passou a oferecer 700 refeições por dia aos moradores de Paraisópolis, maior favela da cidade de São Paulo. Na Cufa de Heliópolis, também na capital paulista, cerca de 1000 marmitas estão sendo distribuídas aos moradores. O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) acaba de inaugurar o projeto Cozinha Solidária, em Brasilândia, zona norte de São Paulo, para distribuir 100 refeições diariamente a pessoas que vivem na rua.
Segundo o Brasil de Fato, a Cozinha Solidária é uma campanha de solidariedade nacional criada no início de pandemia para arrecadar alimentos e doação de cestas básicas. Os próximos lugares aonde o projeto chegará são Alagoas, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
O evento inaugural contou com o apoio da chef de cozinha Paola Carosella e com a presença do coordenador do MTST, Guilherme Boulos, que contou sobre a razão da iniciativa:
“Temos hoje, junto com a pandemia da covid, uma epidemia de fome no Brasil causada pelo desemprego e pela inflação dos alimentos. Há muito tempo não se via um cenário de carestia tão grande”.
Procure saber como ajudar instituições que realizam trabalhos semelhantes. Todos nós estamos, de alguma maneira, padecendo pela crise instaurada pela pandemia. Mas algumas pessoas estão no limite da vida, em todos os sentidos.
Se você quer uma dica, o projeto Tem gente com fome está arrecadando, desde o início da pandemia, fundos para ações emergenciais para combater a fome, a miséria e a violência. As doações podem ser feitas a partir de R$ 10.
O Solidariedade Vegan é um outro projeto maravilhoso que distribui comida vegana à pessoas em situação de rua.
Quem ainda pode ter um gesto de acolhimento, faça-o, pois irá fazer a diferença, mesmo que seja na vida de uma pessoa.
Rede de solidariedade: como ajudar os mais vulneráveis durante a pandemia
Em outros países, os governantes e as sociedades entenderam que nada adiantaria ficar em casa se o dinheiro parasse de circular. O UOL fez uma reportagem para coletar essas experiências internacionais.
Na Alemanha, por exemplo, além de um auxílio no valor de 400 euros mensalmente (cerca de R$ 2676,23), a população também recebe auxílio-moradia. O governo alemão também liberou uma ajuda extra para trabalhadores autônomos e microempreendedores que varia de 5 mil a 15 mil euros (cerca de R$ 33.452,91 e R$ 100. 358,73).
Na Nova Zelândia, o governo implementou uma plataforma online para avaliar a situação de cada família. Em uma simulação, um casal, em que um é desempregado e o outro tem um serviço precário e são pais de dois filhos pequenos, receberia do governo cerca de 60 dólares neozelandeses semanalmente (cerca de R$ 242,59) .
Já no Vietnã, foram realizados testes em massa, o que fez quase zerar os casos de Covid-19 no país, quem é um dos mais populosos do mundo. Os mais vulneráveis passaram a receber um auxílio de 76 dólares (R$ 424,44) por semana.
Aqui na América do Sul, no Uruguai, as empresas fizeram um tipo de “demissão temporária” para que os funcionários entrassem no programa de seguro-desemprego, pelo qual o Estado é responsável por pagar cerca de 50% do salário, por até quatro meses. Ao final desse período, os funcionários são recontratados pelas empresas.
O governo também criou o “seguro-desemprego parcial”, que permite a uma pessoa trabalhar por meio período com redução de 25% do salário. Estado e empresa arcam meio a meio os custos do empregado. Além disso, o governo concedeu linhas de crédito a juros baixos e possibilitou o parcelamento de impostos sem nenhuma taxa extra.
No Brasil, o auxílio emergencial, que, em 2020, foi de R$ 600 passará a ser dado a menos pessoas e em menor valor, de R$ 175 a R$ 375 por mês, pelo período de quatro meses.
Ou seja, além de o governo federal não ter adquirido vacinas a tempo e não ter feito testagem em massa, oferece à população vulnerável uma ajuda que pouco afetará suas vidas em um momento tão desesperador.
Quem puder, ajude!
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Categorias: Sociedade
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