Não é a primeira vez que uma plebeia “incendeia” o Palácio de Buckingham. Primeiro foi Lady Diana, que com o seu carisma chamou todos os holofotes midiáticos para si gerando a ira da família real britânica. Agora é a vez da atriz Meghan Markle jogar uma bomba sobre a família do seu marido, Príncipe Harry.
Em uma entrevista à apresentadora estadunidense Oprah Winfrey, o casal acusou a monarquia britânica de racismo à atriz, que declarou ter sido rejeitada na esfera familiar.
Sobre a entrevista concedida pelo casal, o Palácio de Buckingham se manifestou declarando que essas questões raciais serão investigadas e tratadas “em particular” pela família real.
Acontece que pegou mal e está sendo difícil tratar o problema com a seriedade que merece, sobretudo, porque uma das motivações do Brexit, em âmbito popular, foi a xenofobia e o racismo.
O casamento de Henry e Meghan parecia que iria ajudar a coroa britânica a mostrar-se aberta ao multiculturalismo através de um casamento inter-racial. Mas a justificativa alegada pelo casal principesco de mudar-se para o Canadá foi justamente o racismo perpetrado por um membro da família real receoso com a cor da pele do filho do casal.
Os súditos da rainha parece que estão se sentindo enganados pela farsa dos supostos sinais de abertura da monarquia.
Não bastasse o imbróglio real, alguns meios de comunicação britânicos foram acusados de enfatizar o racismo pela dura cobertura dada às declarações de Meghan e Harry. O diretor executivo da Society of Editors (SoE), Ian Murray, renunciou ao seu cargo devido à crescente pressão após uma declaração da entidade acusada de defender o racismo.
Em um evento destinado a premiar jornalistas, organizado pela SoE, muitos profissionais indicados não quiseram participar da cerimônia. A primeira a se retirar da premiação foi Charlene White, âncora de notícias da ITV, que endereçou a seguinte mensagem a Murray:
“Talvez seja melhor você procurar outro anfitrião para seus prêmios este ano. Talvez alguém cujas opiniões coincidam com as suas: que a imprensa do Reino Unido é a única instituição em todo o país que tem um histórico perfeito sobre raça”.
Murray admitiu que, devido à sua posição, poderia ter sido mais enfático em contribuir para evitar o preconceito na mídia, conforme divulgou o jornal inglês The Guardian:
“Como diretor executivo, eu lidero a sociedade e, como tal, devo assumir a culpa, então decidi que é melhor para o conselho e os membros que eu me afaste para que a organização possa começar a reconstruir sua reputação”.
A decisão do editor se tornou inevitável após as pessoas começarem a abandonar a premiação, que é uma fonte de recursos importante para os órgãos da imprensa britânica.
Os diretores da Society of Editors emitiram um comunicado dizendo que a resposta de Murray à entrevista do Duque e da Duquesa de Sussex, intitulada “Mídia do Reino Unido não é preconceituosa”, “não refletia o que todos nós sabemos: que há muito de trabalho a ser feito na mídia para melhorar a diversidade e a inclusão”.
Uma reação de 236 jornalistas negros dos meios de comunicação Guardian, Metro, New York Times, BBC e outros veio de uma carta aberta expressando descontentamento sobre o comunicado posterior de Murray ter sido feito tarde demais.
A editora do Bureau of Investigative Journalism, Rachel Oldroyd, disse que não se tratava de um caso individual dentro do jornalismo e que é preciso que toda a classe esteja engajada para realizar as mudanças necessárias para enfrentar o problema do racismo. A sugestão que ela dá é a indicação de uma pessoa negra para comandar a Sociedade dos Editores.
O conselho da SoE disse que irá “refletir sobre a reação que nossa declaração provocou e trabalhar para ser parte da solução”.
Se os tabloides criticaram Meghan e Harry pela entrevista, nas redes sociais o fã clube deles parecer ter aumentado. Foram várias as declaração empáticas de apoio ao casal.
Um material e tanto para a nova temporada da série The Crown!
Veja no vídeo da BBC um resumo com os pontos principais da tão famosa entrevista.
Talvez te interesse ler também:
Como nasceu o Black Lives Matter e como 2020 foi o ano da sua força
Morte de Kobe Bryant: incertezas rondam o acidente, um ano depois do ocorrido
Emicida ganha o mundo na missão de resgatar a história negra do Brasil
Os momentos mais importantes da luta contra o racismo
Categorias: Sociedade
ASSINE NOSSA NEWSLETTER