Mulher, negra e africana no comando da Organização Mundial do Comércio


Ngozi Okonjo-Iweala tem 66 anos, nasceu na Nigéria e é economista. É essa mulher que passa, a partir de 1º de março, a ocupar o mais alto cargo da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Vestida com roupas tradicionais do seu país, Ngozi Okonjo-Iweala leva cor e confiança para o reino sombrio do ambiente econômico. Como disseram fontes do Banco Mundial ao El Pais:

“É espetacular vê-la entrar em uma sala. É toda força, e não apenas intelectualmente. Sua aparência toma a sala em um mundo cuja maioria é de homens vestidos de cinza”.

A economista africana foi escolhida devido a sua elevada capacidade técnica, que a coloca em um patamar do mais elevado nível para as discussões diversas que o seu novo cargo exige.

Ngozi Okonjo-Iweala formou-se em Economia pela prestigiada Universidade de Harvard e fez um doutorado em Economia do Desenvolvimento no igualmente importante Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Ela, há anos, está em listas de mulheres mais influentes do mundo, elaboradas por publicações como FortuneTime, Foreign Policy, Forbes o Newsweek.

Okonjo-Iweala acaba de publicar seu mais novo livro, “Mulheres e Liderança: vidas reais”, escrito em parceria com a ex-primeira ministra da Austrália, Julia Guiliard.

A partir de 1º de março, Okonjo-Iweala será não somente a primeira mulher como também a primeira pessoa africana a ser líder da OMC. Em seu currículo consta ter sido ministra de Finanças e ministra de Exteriores da Nigéria. Também trabalhou por quase 25 anos no Banco Mundial.

A expectativa é de que Okonjo-Iweala leve adiante uma política de diálogo e de reforma da entidade, sobretudo, após o governo de Donald Trump, que fez de tudo para enterrar o multilateralismo na OMC. Inclusive foi a gestão Trump que vetou sua nomeação há três meses, o que foi revertido pela equipe do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Para a ministra de Assuntos Exteriores da Espanha, Arancha Gónzalez-Laya:

“Não é um momento fácil para assumir as rédeas da OMC, não há grandes ilusões por multilateralidade, especialmente em nível comercial, em um ambiente econômico flutuante provocado pela pandemia”.

Soma-se a isso a batalha comercial entre EUA e China, que vem mudando o comércio internacional nos últimos anos. Apesar de ser parte do establishment global, sempre foi vista como defensora de uma agenda progressista dentro do Banco Mundial. Tomara que essa agenda seja prioridade durante a sua gestão. O desafio é grande para Okonjo-Iweala.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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