5,2 milhões de brasileiros passam fome. Número cresce pelo terceiro ano consecutivo


A questão da segurança alimentar é mundial. Milhões de pessoas no mundo passam fome ou têm uma alimentação subnutrida. Desde 1990, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) divulga um relatório sobre o Mapa da Fome no mundo, informando quais os países estão na rota da fome.

Em 2017, havia cerca 821 milhões de pessoas em todo o mundo ingerindo calorias em quantidade menor do que a recomendada – um dado que tem se tornado cada vez mais preocupante, já que é o terceiro ano consecutivo em que esse número aumenta, conforme informa o Observatório do Terceiro Setor.

Tanto a subalimentação quanto a insegurança alimentar têm aumentado em quase todas as regiões da África e América do Sul, enquanto na Ásia a situação tem se mantido estável. Engana-se quem acredita que a insegurança alimentar acarreta, somente, a desnutrição. Problemas relacionados à obesidade e ao desenvolvimento de certas doenças são explicados pela má nutrição em muitos países.

As causas da fome no mundo

O último relatório da ONU aponta como as principais causas da fome no mundo:

  • a subnutrição,
  • os conflitos armados,
  • as crises econômicas e
  • os fenômenos naturais extremos, como secas e enchentes.

O que é o Mapa da Fome?

O Nexo Jornal explica que a questão alimentar é tratada pela ONU a partir do indicador “prevalência da subalimentação” para dimensionar e acompanhar a fome em nível internacional.

Tal indicador combina diferentes tipos de dados, desde a oferta de alimentos em regiões do mundo e a aplicação de questionários por amostra populacional, a fim de averiguar a quantidade de pessoas abaixo de um requisito dietético mínimo.

A fome no Brasil

Após muitas, décadas, em 2014, o Brasil saiu do Mapa do Fome graças a esforços de políticas públicas orientados às populações que viviam em bolsões de pobreza no país. Uma dessas políticas é o programa Bolsa Família, que teve reconhecimento internacional, sendo, inclusive, seguido por outros países. Embora o programa não seja propriamente de segurança alimentar, a maior parte dos recursos foi convertida em alimentos.

O Brasil conseguiu sair do mapa da fome ao reduzir para 3% o índice de pessoas ingerindo menos calorias do que o recomendado – a ONU estabelece como mínimo populacional 5%. Em 2017, 2,5% da população brasileiro teve fome – o que correspondente a 5,2 milhões de brasileiros e coloca o país em alerta.

O relatório ‘Luz da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável’, realizado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil, indica que o Brasil está em risco de voltar para o Mapa da Fome da ONU.

Esse documento está ancorado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): 1 – Erradicação da Pobreza; 2 – Erradicação da fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição, além de promover agricultura sustentável; 3 – Saúde e bem estar; 5 – Igualdade de gênero; 9 – Indústria, inovação e infraestrutura; 14 – vida na água; 17 – Parcerias e meios de implementação.

Os fatores que apontam para a reinserção do Brasil no Mapa da ONU são:

  • o aumento da pobreza,
  • o congelamento em investimentos sociais pelo período de 20 anos, aprovado pelo Congresso nacional,
  • a alta taxa de desemprego e
  • a redução de beneficiários do Bolsa Família.

O relatório destaca, ainda, a importância de políticas que sejam capazes de integrar formas de adaptação às mudanças climáticas à redução de riscos a catástrofes. O documento é um instrumento norteador importante recomendado para governos locais e nacionais na construção de plataformas sobre alimentação, agricultura e saúde.

O relatório da ONU pode ser conferido na íntegra AQUI.




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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