É incrível a diferença de tratamento entre uma história e outra no mundo dos esportes, em países tão distantes (mas tão vizinhos) como são Brasil e Japão.
No país asiático, o nadador Daiya Seto, ao ter sido visto em um motel com uma mulher que não é sua esposa, pediu demissão do cargo de capitão do time de natação ao qual faz parte.
Daiya é uma das maiores estrelas do esporte japonês, sendo campeão mundial de natação e medalhista olímpico.
O nadador, um dia após seu nome ter sido estampado em uma revista japonesa como “traidor”, pessoalmente pediu seu desligamento do principal cargo da natação, desculpando-se:
“Minha falta de respeito machucou a minha família e causou decepção a todos os meus apoiadores, patrocinadores e outras pessoas. Eu vou discutir com minha família que caminho iremos tomar.
Muita gente achou exagerada a reação do japonês, mas nem o Japão como nação, nem os patrocinadores japoneses, querem seus nomes envolvidos em traição. E é o próprio envolvido na história que, envergonhado, assumiu sua responsabilidade e acabou por pagar as consequências de seu erro.
Daiya está suspenso da seleção japonesa de natação até o final do ano, em decorrência de sua traição.
Já no Brasil, o país do futebol, jogadores são idolatrados e fazem o que bem quiserem, inclusive estupram, matam mulheres e ainda assim, seguem trabalhando e sendo idolatrados.
E olha que Brasil e Japão, embora distantes, são vizinhos, dada a grande imigração deles para cá, o que faz do nosso país ter a maior população de origem japonesa fora do Japão. Contudo, aprendemos pouco ou quase nada com eles.
Agora o assunto da vez é o Robinho. Todo mundo sabe o que aconteceu com ele e que agora, por causa de escutas telefônicas, a história está sendo recontada.
Em 2013 Robinho se envolveu em um episódio de estupro em Milão, na Itália. Ele foi condenado por estupro em primeira instância pela justiça italiana mas, no Brasil, ele seguia inocente afinal, o pensamento brasileiro é assim: toda mulher quer dar para jogador de futebol, ficar grávida, dar o golpe da barriga, ter 5 minutos de fama e por aí vai. Mas, como diz o italiano Il Giornale,
“a essência é clara: no Brasil, até agora as alegações de inocência de Robinho foram levadas a sério, mesmo depois de ele ter sido condenado a nove anos de prisão por estupro pelo tribunal de Milão.
‘Foi uma relação consensual’, definiu Robinho o encontro na Itália com a moça de origem albanesa, e assim acreditam os brasileiros.
Robinho seguia sua vida, firme e forte até que, uma reportagem do Globo Esporte decidiu acelerar o processo de condenação definitiva dele.
Fato é que, agora, Robinho está suspenso do Santos onde tinha um contrato recentemente assinado, e se, no Brasil a cultura do estupro inocenta, a economia não perdoa, e os patrocinadores cancelam contratos porque imagem é tudo.
Agora voltando aos casos, e fazendo uma pequena ponte entre Brasil e Japão, veja bem, o nosso jogador diz que o seu erro foi ter traído. Veja como a “simples” traição é encarada lá e aqui.
E a pergunta que não quer calar: e as mulheres destes atletas? O que pensam sobre a traição (ou estupro) de seus maridos?
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