Enquanto alguns líderes brigam para tentar impor sua autoridade e ignoram a pandemia, o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, abriu mão do salário de senador priorizando o combate ao coronavírus. Segundo ele, receber o salário de senador “seria roubar dinheiro” do próprio país.
Segundo informações do site El Litoral, o ex-presidente e atual senador da Frente Ampla Progressiva, José “Pepe” Mujica referiu-se ao impacto que a pandemia de coronavírus terá na economia do país. Ele ressaltou a importância das empresas suspenderem as demissões e defendeu a Argentina por priorizar o combate à Covid-19. Para Mujica, as consequências da paralisação na economia por causa da pandemia ainda não foram sentidas no Uruguai, mas o momento é de muitas incertezas e é preciso estar preparado.
Sobre seu salário de senador, Mujica disse que tem problemas de saúde e que apesar de ter sido nomeado senador, não poderá comparecer ao plenário como gostaria. Por isso, prefere viver apenas com sua aposentadoria, pois sente que se receber o salário de senador, estaria roubando o país.
“Estou aposentado. E se você observar, perceberá que sou senador, mas não escolhi me tornar senador. Eu ainda estou recebendo minha aposentadoria. Eu poderia ter optado por receber como senador e cobrado mais, mas mantive deliberadamente aqueles 70 mil pesos que me pagam pela aposentadoria, porque estou ciente das fraquezas em minha saúde e percebi que teria muito a perder e se eu começasse receber o que um senador recebe, roubaria dinheiro do meu país”.
O site Télam, Agência Nacional de Notícias, divulgou uma matéria na qual Mujica diz que acredita na importância do trabalho em conjunto entre especialistas da área da saúde e políticos, mas de forma equilibrada.
Para o ex-presidente, houve contradições médicas e de saúde na gestão da pandemia, citando mais especificamente o Brasil que atualmente é o país mais infectado da América Latina. Segundo ele, essa subestimação à doença ocorreu devido ao fanatismo e à “total ausência de senso crítico” no governo de Jair Bolsonaro.
Pegando a Argentina como exemplo, Mujica reconhece o trabalho do presidente Alberto Fernández por priorizar o combate à Covid-19, fazendo com que ele não seja visto como um fanático. Apesar da crise econômica e da dívida do país, não houve fanatismo e discussão política por parte do presidente da Argentina.
Além das reflexões políticas, Mujica também alerta para a necessidade da humanidade estar preparada para o que vem pela frente, pois diante de tantas incertezas, não estamos tendo tempo para nos adaptar. Para ele, a modernidade e o avanço tecnológico criou uma certa fragilidade no homem atual, algo que deixaria o homem antigo bastante horrorizado.
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