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Você se choca quando lê uma notícia sobre casamento infantil em países africanos e na Índia? Mas você sabia que essa é uma prática cultural muito comum, também, aqui no Brasil?
O casamento infantil, infelizmente, é um fenômeno global. O Brasil encabeça o ranking na América Latina e o quarto lugar no mundo onde o casamento de crianças é mais realizado, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgados pelo Observatório do Terceiro Setor.
No Brasil, é preciso ser maior de idade (18 anos) para poder casar-se, mas com o consentimento dos pais ou com autorização judicial é permitido o casamento aos 16 anos. Entretanto, o que causa mais espanto é não haver sanções legais em relação a casamentos infantis, nem sequer a previsão legal de que sejam anulados.
Foi apenas com a Lei 13.811/2019 que o artigo 1.520 do Código Civil brasileiro passou a proibir o casamento de menores de 16 anos, sob qualquer condição. Até o ano passado, o Código Civil previa o casamento infantil desde que em casos de gravidez ou para evitar o cumprimento de pena criminal.
Os últimos dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) sobre o índice de casamento infantis no Brasil são de 2015. Naquela época, a taxa brasileira era de 19,7%, o que representa que cerca de 340 mil meninas se casaram antes de completar 18 anos, anualmente.
O casamento infantil afeta, principalmente, meninas moradoras de periferias e áreas rurais do Brasil. A ONG Promundo realizou uma pesquisa sobre as principais prováveis causas do casamento infantil no país:
O Banco Mundial lançou, em 2019, o relatório Casamento na infância e adolescência: a educação das meninas e a legislação brasileira, no qual o casamento infantil é definido como “uma união formal ou informal antes dos 18 anos de idade, de acordo com convenções e padrões internacionais”.
O estudo salienta que, embora seja uma prática identificável em todo o mundo, ela recai, sobretudo, em meninas, fazendo perpetuar a violação dos direitos humanos e a desigualdade de gênero, com a gravidez precoce e o baixo nível de escolaridade dessas meninas.
O levantamento alerta que o Brasil não erradicará o casamento infantil até 2030, meta estabelecida dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Logo, é absolutamente necessário dar fim a esse braço do patriarcalismo que retira de meninas oportunidades igualitárias para desenvolverem o seu potencial.
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