Pouco sabemos da Coreia do Norte. O país, fechado em si mesmo sob uma ditadura, é um mistério para nós, ocidentais. Longe de criar um estereótipo sobre a Coreia do Norte, as notícias que chegam até nós, muitas vezes, não fazem uma imagem positiva sobre o país asiático.
É o caso da denúncia feita pela Korea Future Initiative (KFI), uma organização sem fins lucrativos com sede em Londres, que divulgou um relatório acerca de mulheres norte-coreanas vendidas para serem escravas sexuais na China – algumas delas menores de idade.
Segundo a BBC, o relatório afirma que essas mulheres se tornam prostitutas ou cyber prostitutas, sendo segregadas e vivendo de forma sub-humana. Meninas de apenas onze anos são obrigadas a venderem seus corpos. Estima-se que cerca de 200 mil vítimas já foram vítimas de tráfico humano, que movimenta US $ 100 milhões por ano, segundo a KFI.
Enganadas, as norte-coreanas chegam à China acreditando que irão conseguir um trabalho e viver com dignidade. Entretanto, o que encontram é um mercado de venda de seus corpos, seja para a prostituição, seja para o casamento com empresários chineses que as tratam como escravas.
De acordo com a KFI, a idade das vítimas varia de 12 e 29 anos. Elas recebem cerca de 30 yuans pela prostituição (quase 20 reais) ou são vendidos por 1000 yuans (cerca de 650 reais). O destino delas pode ser bordeis, no nordeste da China, ou mercados de sexo on line. Muitos clientes são, inclusive, coreanos, que assistem às performances sexuais por webcams.
Aquelas cujo destino é o casamento não estão em melhores condições. Seus maridos são torturadores que as estupram, sob o manto do casamento.
Uma vítima fez o seguinte relato à KFI:
“Fui vendida [a um bordel] com outras seis mulheres norte-coreanas. Eles não nos deram comida e fomos mal-tratadas. Após oito meses, metade de nós estava à venda novamente. O agente fez muitas coisas ruins comigo. Quando fui ao [novo bordel], estava com hematomas por todo o corpo. [O mediador] foi posteriormente espancado e esfaqueado por alguns membros da gangue”.
Para a KFI, esta é
“uma indústria ilícita altamente lucrativa […] que envolve agentes, traficantes de seres humanos, funcionários públicos e clientes, que pagam para comprar, estuprar ou agredir sexualmente mulheres e meninas”.
Aquelas que tentam escapar ou se rebelar contra os programas na frente de uma webcam são submetidas a assédio. E as que conseguem escapar e voltar à Coréia do Norte não encontram paz, novamente em um turbilhão de maus-tratos sem fim, já que muitas vezes são rechaçadas pela própria família.
Talvez te interesse ler também:
Vidas destruídas: nigerianas, escravas modernas da prostituição
O massacre que ninguém comenta: mulheres são escravizadas e mortas na Amazônia
Bandi Shanta: o bordel bengali de mulheres vendidas, drogadas e privadas da liberdade
ASSINE NOSSA NEWSLETTER