Em Taubaté presidiários aprendem senso de responsabilidade e afeto com animais resgatados das ruas


Em Taubaté foi criado um projeto pioneiro no estado de São Paulo, que alia a ressocialização de presos aos cuidados com cães e gatos resgatados.

Essa iniciativa partiu da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da 1ª Vara das Execuções Criminais de Taubaté, que promoveu o Acordo entre a prefeitura e o governo do estado, com apoio do CCVEC – Conselho da Comunidade da Vara da Execução Criminal, que atua com voluntários para projetos que envolvem ressocialização de presos.   

A proposta desse programa de ressocialização de detentos foi firmada também entre o poder público do município de Taubaté e a Corevali – Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região do Vale do Paraíba e Litoral com o objetivo de encaminhar presidiários do regime semiaberto, e com bom comportamento, para trabalhar com cães e gatos abandonados que foram acolhidos e levados para o CCZ – Centro de Controle de Zoonoses para castração e vacinação.

O programa envolve dois presídios, o  P1 – Penitenciária Tarcízio Leonce Pinheiro Cintra, de Tremembé, cuidando de 33 cachorros, e o CDP – Centro de Detenção Provisória, de Taubaté, com  24 gatos,  dando melhores condições para estes animais resgatados das ruas, e que necessitam de um novo lar.

Ajuda mútua

Os presos que vivem em situação de exclusão social, e os animais resgatados das ruas, têm, nesse projeto, a oportunidade de encontrarem uns nos outros a ajuda mútua que proporciona melhoraria de vida, bem-estar e amor a todos. 

O projeto atende ao mesmo tempo o preparo dos detentos do regime semiaberto para sua reinserção na sociedade e aos animais necessitados que precisam de amparo. 

Para tais fins, os presos prestam serviço de cuidar destes animais, até se profissionalizando em banho e tosa, e em recompensa recebem redução da pena.  

Os cuidados aos cães e gatos abrangem também como construir casinhas para os pets e como ajudá-los a encontrarem um lar, levando-os para feiras de adoção todos os finais de semana. 

Veja neste vídeo a matéria do programa Hoje em Dia da TV Record e saiba mais informações sobre esse projeto:

Seleção dos detentos para prestação deste serviço

Após um processo de avaliação de perfil e bom comportamento, 12 detentos do semiaberto foram selecionados e atualmente estão envolvidos em uma rotina de tarefas e cuidados com a comida, banho e tosa dos animais e também trabalham na manutenção e limpeza dos canis e gatis.

Recompensas dadas aos detentos por essa prestação de serviço

Além de poderem dar e receber afeto através dessa interação com os  animais, os presidiários recebem qualificação profissional e também redução da detenção, pois à cada três dias trabalhados, retira-se um dia da sua pena, antecipando sua liberdade para ressocialização. 

Resultados desse Projeto

O diretor técnico do CDP-Centro de Detenção Provisória de Taubaté apontou os resultados positivos da interação entre presidiários e animais, contando o seguinte:

“Percebemos que tanto os animais quanto os presos ficam mais calmos, interagem melhor com as pessoas, aumentam a autoestima, riem mais, se comunicam melhor, ficam mais expansivos e receptivos.”

O diretor técnico do P1- Penitenciária Tarcízio Leonce Pinheiro Cintra, de Tremembé, também reforça e endossa os resultados positivos desse projeto com a seguinte declaração: 

“Através dos animais, você trabalha senso de responsabilidade e a afetividade. 

Devolvemos o preso à sociedade ele estando melhor do que entrou. 

O projeto vem totalmente de encontro à essa nossa missão.”

Modelo à outras unidades de detenção

Devido aos bons resultados alcançados, esta iniciativa tende a ser instituída em outros presídios com mais cães e gatos sendo aos poucos levados para cuidados nestas unidades de detenção.

Inclusive, este projeto busca novas parcerias, para seguir cuidando de animais resgatados das ruas e ajudando no processo de reinserção dos detentos à sociedade.

Os planos para envolver gradativamente novas unidades de detenção nesse projeto compreende Potim, também na Região Metropolitana do Vale do Paraíba.

Os animais não têm preconceito e nem discriminam!

Um dos fatores que têm contribuído para os efeitos construtivos dessa realização, que envolve detentos em condições de serem ressocializados e animais resgatados para serem encaminhados à adoção, é o fato de que para aos animais, o que importa é a reciprocidade de afeto e não o passado da pessoa.

Para traduzir essa sensibilidade dos animais, segue a frase do já falecido protetor Humberto Salla:

“O que há nesse olhar?

Há o mundo inocente.

O piscar envolvente.

A certeza de amar!”

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Fonte e foto: OVale




Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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