O mundo celebrou quando, há quatro anos, representantes de 196 países, reunidos em Paris para a 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, concordaram em empenhar esforços para reduzir o aquecimento global. Mas, em várias partes do mundo, a empolgação não se traduziu em realidade, por motivos diversos.
O combinado foi que cada país apresentasse seu plano para limitar o aumento da temperatura em níveis abaixo de 2 graus Celsius, com uma meta ideal de se atingir o limite de 1,5 graus. No conjunto de propostas variadas, algumas se sobressaem e outras, tímidas de saída, parecem longe de se cumprirem.
Segundo artigo de João Lara Mesquita, publicado recentemente pelo Estadão, baseado em dados do Climate Action Tracker (CAT), apenas o Marrocos e Gâmbia têm executado ações consideradas compatíveis com a meta de 1,5 graus, com destaque para investimentos em fontes renováveis de energia.
O Marrocos, por exemplo, abriga a maior fazenda solar concentrada do mundo, enquanto a Gâmbia vem investindo na construção do que será a maior usina fotovoltaica da África Ocidental.
Índia, Butão, Costa Rica, Etiópia e Filipinas são considerados compatíveis com a meta de limitar o aquecimento em 2 graus. A Índia, aliás, é apontada como “líder global em energia renovável”. O desempenho da maioria dos signatários do acordo, no entanto, é tido como “insuficiente”, “altamente insuficiente” ou “criticamente insuficiente”.
Sobre o Brasil, o CAT acusa um retrocesso nas políticas ambientais a partir do governo Bolsonaro. Enquadrado como “insuficiente” em suas ações, pertencemos ao mesmo grupo da Austrália, do México e da União Europeia, que é avaliada em bloco, apesar de cada estado-nação ter suas medidas particulares.
As políticas de potências como a Rússia e os Estados Unidos são classificadas de “criticamente insuficientes” para conter o aquecimento global. Quanto ao plano da China, país campeão em emissões de CO2, enquadra-se como “altamente insuficiente”.
O panorama geral parece confirmar a tese do antropólogo Claude Lévi-Strauss, citada recentemente por Eduardo Viveiros de Castro, de que a espécie humana colabora para a própria extinção, em um processo encabeçado justamente pelos que se consideram os mais avançados e evoluídos.
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