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No Brasil, muita gente acha que, quando há uma política pública que garante às minoras e àqueles que têm menos representatividade algum direito, trata-se de favorecimento, esmola e coisas do gênero. Entretanto, quando tais políticas são aplicadas em outros países, são consideradas ações de “país de primeiro mundo”.
Tratando-se da representatividade da mulher na agenda pública, é de se espantar o percentual de representação feminina no Congresso nacional. As parlamentares têm, atualmente, cerca de 11% de assentos no Congresso – um percentual baixíssimo em comparação com o de mulheres na sociedade brasileira (51%, de acordo com o último Censo), conforme divulgado pela Uol.
Na Câmara dos Deputados – casa legislativa com o maior número de parlamentares – a desigualdade é estarrecedora: dos 513 deputados federais, 54 são mulheres e 459 são homens, o que coloca o Brasil na 152ª posição no ranking de 190 nações, formulado pela União Interparlamentar. Para piorar mais ainda esse cenário, quando analisado o percentual de mulheres que ocupam cargos gerenciais no país, elas são apenas 37,8% – e, se forem pretas e pardas, esse percentual cai para 34,5%.
Para termos uma ideia dessa pouca presença de mulheres no parlamento brasileiro, na lista de representatividade feminina no mundo, na frente do Brasil encontra-se na primeira posição Ruanda (61,3%), seguido de Cuba (48,9%), Nicarágua (45,7%), Suécia (43,6%), Argentina (38,1%) e Estados Unidos (19,4%), o que deixa em evidência a diversidade dos perfis social e econômico dos primeiros colocados da lista.
A legislação eleitoral brasileira garante cotas para candidatas a um cargo político desde 1997, mas passados mais de 20 anos da lei a representação feminina ainda é baixa. O texto legal diz que “cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo”. Entretanto, de acordo com uma avaliação do IBGE, o apoio financeiro para as candidaturas femininas é bem menor do que para as candidaturas masculinas.
Considerando a baixa representatividade feminina na política e, também, a desigualdade de gênero na sociedade brasileira, foi formada na Câmara a Bancada Feminina, que tem lutado para fazer cumprir o que já está, aliás, previsto na Constituição. Entre os compromissos assumidos pela Bancada Feminina estão a Lei Maria da Penha, o combate às desigualdades salariais, a proteção da mulher no mercado de trabalho, melhorias nas condições de saúde sexual, a ampliação de direitos às trabalhadoras domésticas, entre outros, conforme pode ser conferido no site da Câmara.
As mulheres ganham três vezes menos do que os homens, ocupam postos com carga horária parcial, têm trabalhos próprios, são sobrecarregadas com os serviços domésticos e com os cuidados com os filhos e os idosos – quadro de uma país essencialmente machista. Isso significa uma dedicação de 73% a mais de horas do que os homens com essas tarefas.
Ademais, a renda brutal mensal também mostra a desigualdade entre homens e mulheres, mesmo quando o nível de escolaridade delas é superior ao dos homens: entre eles a renda é R$ 2.306 e entre elas é de R$ 1.764. Esses dados foram concluídos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, de 2016, conforme divulgado pelo Estadão.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a cada 10 candidatos das eleições deste ano, apenas 3 são mulheres. Então, se queremos mais mulheres como agentes políticos, precisamos votar nelas.
As mulheres representam 52,5% do eleitorado brasileiro e, por isso, no dia 29 de outubro, quando elas organizaram uma marcha em todo o Brasil – que contou, também, com a participação de várias mulheres em diferentes cidades do mundo – mostraram a força e a importância do voto delas nas decisões eleitorais. As mulheres (e muitos homens) não admitem nenhum direito a menos para elas e nenhuma proposta de candidato que não respeite a dignidade da mulher.
Conheça e divulgue o projeto Vote Nelas, liderado por duas mulheres, cujo objetivo é dar visibilidade às candidaturas femininas nas eleições de 2018 e incentivar os eleitores a darem o seu voto às mulheres.
Além desse movimento, vários outros em todo o Brasil foram sendo lançados em apoio às candidatas, como o Meu Voto Será Feminista e o Campanha de Mulher.
Acessando os sites desses movimentos (links em verde), você poderá conhecer as candidatas de cada partido político bem como os seus programas. É possível conhecê-las escolhendo o estado da federação e o partido político.
A eleição presidencial deste ano também traz algo inédito: nunca houve tantas mulheres compondo chapa como vice-presidente. É fundamental saber o que essas mulheres pensam e, sobretudo, considerar aqueles partidos que compuseram chapa com a participação delas. O jornal El Pais organizou um encontro com as candidatas à vice-presidência para que os eleitores conheçam as opiniões delas sobre o papel da mulher na política.
É fundamental que, em uma sociedade plural, a diversidade esteja presente nas instâncias de cidadania, a fim de dar visibilidade às pautas de lutas de vários segmentos sociais. É assim que a democracia se sustenta e se fortalece. É com a gestão das diferenças – e não com a anulação delas – que um país se faz democrático.
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