Nesta semana, o Museu Americano de História Natural anunciou a sua decisão de desistir de sediar um evento da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, no qual o presidente brasileiro Jair Bolsonaro será congratulado com o título de Personalidade do Ano, o qual ocorrerá no próximo dia 14 de maio.
O American Museum of Natural History divulgou essa decisão no Twitter com a seguinte mensagem:
“Com respeito mútuo pelo trabalho e metas de cada uma de nossas organizações, concordamos em conjunto que o museu não é a melhor localização para o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Este evento tradicional vai ocorrer em outro local, na data e na hora originais.”
With mutual respect for the work & goals of our individual organizations, we jointly agreed that the Museum is not the optimal location for the Brazilian-Am. Chamber of Commerce gala dinner. This traditional event will go forward at another location on the original date & time.
— American Museum of Natural History (@AMNH) 15 aprile 2019
A decisão foi tomada por conta de uma série de protestos dos integrantes que atuam nesta instituição cultural e científica, que consideram o presidente Bolsonaro um “inimigo” da preservação ambiental e não apoiam e concordam com a postura dele em relação ao meio-ambiente e a Natureza.
Segundo O Globo, na semana passada, os representantes e membros da instituição pediram através de uma carta aberta à presidente do museu, Ellen Futter, o cancelamento, naquele museu, do evento de homenagem à Bolsonaro, a quem denominaram de “presidente fascista do Brasil“, alegando que o evento seria “uma mancha na reputação do museu”.
Além da mensagem, a carta foi com um abaixo-assinado que, no sábado, já continha mais de 500 assinaturas pedindo o cancelamento do evento no museu.
Em resposta à Carta, o Museu fez o seguinte comunicado, no sábado, 13:
“O Museu gostaria de agradecer às pessoas que expressaram suas visões sobre o evento da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Queremos que saibam que entendemos e compartilhamos de seu desconforto.”
“Queremos deixar claro que o Museu não convidou o presidente Bolsonaro, ele foi convidado como parte de um evento externo. Ainda assim, estamos profundamente preocupados com as metas políticas do atual governo brasileiro, e estamos trabalhando ativamente para compreender nossas opções em relação a esse evento.”
O Prefeito de Nova York, Bill de Blasio, apoiou e agradeceu a decisão do Museu de não ser sede do evento, ele também não concorda com a conduta de Bolsonaro e o considera um homem perigoso e uma ameaça ao meio-ambiente.
A Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, com a decisão do Museu, teve que correr atrás de outro local em Nova York para realizar a cerimônia, que não será pública, devido a todo esse contexto.
O novo local, segundo fontes relacionadas à Câmara, será um hotel de luxo, com todas as pompas para esse tipo de premiação.
O estopim que causou todo esse desconforto em relação à realização da cerimônia de premiação do presidente Bolsonaro, que ocorreria no Museu de História Natural, se deu quando um portal de notícias de Nova York, o Gothamist, fez uma matéria sobre o evento, e colocou a opinião de um ambientalista sobre este fato:
“É uma ironia particularmente amarga que um homem que tenta destruir um dos recursos naturais mais preciosos seja nomeado Personalidade do Ano dentro de um espaço dedicado à celebração do mundo natural”.
Philip Fearnside, americano que leciona no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), reiterou essa visão para à agência de notícias Reuters, afirmando:
“Ele nega a existência de mudanças climáticas antropogênicas e nomeou vários outros que também as negam para seu Gabinete.
E ele também está desmantelando as proteções ao meio- ambiente no Brasil. Então, obviamente não se trata de algo para ser celebrado pela ciência.”
O presidente Bolsonaro, mesmo com seus posicionamentos adversos à preservação ambiental foi escolhido pelos membros da Câmara com alto número de indicações, sendo aprovada sua indicação para esta premiação por unanimidade pelo Conselho de Diretores da Câmara de Comércio Brasil – EUA.
Ao que parece, embora o presidente Bolsonaro não se mostre aliado do meio-ambiente é amigo do comércio! Com certeza ele e de todos os envolvidos, ficarão bem melhor na foto em um hotel de luxo do que no que em um museu de história natural.
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