Há um ano um crime político chocou o Brasil e o mundo: o assassinato de Marielle Franco, a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro, e do seu motorista, Anderson Gomes.
Ambos foram pegos numa emboscada quando saíam de um evento em que Marielle estava presente, na região central da capital carioca. Eles foram mortos a tiros já dentro do carro.
Marielle foi uma das vereadora mais votada no Rio não à toa: 46.502 eleitores identificaram na sua vida e no seu discurso uma real possibilidade de mudança. Ela representava – e representa – pautas urgentes para a sociedade brasileira que, historicamente, sempre estiveram ausentes da atuação da maioria dos políticos brasileiros.
A vereadora do PSOL, vítima de feminicídio político, como cunhou Renata Souza em um artigo para El Pais, teve sua vida ceifada por causa de sua ascendência na política, o que para o mainstream político significava um grande perigo, sobretudo, em uma cidade dominada pelas milícias e pelo tráfico de drogas.
As pautas urgentes que Marielle defendia estavam relacionadas à luta cotidiana de milhões de brasileiros por igualdade de gênero e raça e pelo fim das desigualdades sociais. Como mulher, negra, lésbica, ela era uma ameaça real aos políticos cujas ações são contrárias não só às pautas de Marielle mas à sua própria existência. O machismo e o racismo foram gatilhos que mataram Marielle e aqueles que se identificavam com ela.
Tentaram calar sua luta mas seu assassinato fez dela uma personalidade internacional, e mais presente do que nunca no Brasil.
Marielle Franco vinha incomodando muita gente. Ela atuava em defesa de vítimas de um Estado que patrocina a barbárie como política pública. Feito um ano de seu assassinato, os seus supostos algozes foram presos: Ronnie Lessa, policial militar reformado, é acusado de ter feito os 13 disparos contra o carro onde estava Marielle, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar, é acusado de ter dirigido o carro de onde saíram os disparos.
A denúncia do Ministério Pública diz que o crime “foi praticado por motivo torpe, interligado à abjeta repulsa e reação à atuação política da mesma na defesa de suas causas”. As investigações precisam caminhar para chegar aos mandantes do crime, a fim de que não seja apenas um “cala a boca para a sociedade”, conforme alerta o sociólogo e especialista em milícias José Claudio Alves em uma entrevista a El Pais. Para ele, o assassinato de Marielle está ligado a esses grupos, que não param de crescer no Rio de Janeiro sob uma estrutura política e econômica.
Na denúncia apresentada pelas promotoras Simone Sibilio e Leticia Emile, o crime foi planejado três meses antes dos assassinatos:
“É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia. A barbárie praticada na noite de 14 de março de 2018 foi um golpe ao Estado Democrático de Direito“.
A sociedade brasileira exige do Estado uma resposta à pergunta “quem matou Marielle?“, não apenas quem efetuou os disparos, quem dirigiu o carro, mas quem mandou matar, quem planejou ou ajudou a planejar o assassinato, quem era conivente com o crime, quem criou ou vem criando obstáculos para a elucidação dos fatos. A quem a sua morte poderia beneficiar?
Fato está que quem quis acabar com sua vida acabou atirando no próprio pé. Marielle, de vereadora do Rio de Janeiro, virou líder política mundial dos direitos humanos e ameaça o novo governo se as investigações continuarem linkando o assassinato às milícias, que por sua vez teriam ligações com membros do novo governo. De Barcelona, a prefeita da cidade espanhola, Ada Colau, se manifestou em sua conta Instagram @adacolauofficial: “Preste atenção Jair Bolsonaro, Marielle vai te tirar do poder”.
O assassinato dela só fez crescer o desejo de perseguir os ideais que ela defendia e pelos quais ela lutava, e não somente no Brasil. Por isso dizemos: Marielle está mais viva do que nunca!
Marielle sempre estará PRESENTE!
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