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Na Índia, existem alguns homens que se envolvem por inteiro na busca espiritual para atingir a iluminação. Na sociedade indiana, estes homens são tratados como homens santos e sábios e são conhecidos como Sadhus, Eles causam estranheza por sua aparência exótica, e impressionam com seu intenso comprometimento com a causa espiritual.
Andam pelas ruas da Índia, vivem despojados de tudo que é considerado normal em uma sociedade como: família, conforto, carreira, bens materiais e dinheiro, e se mantêm com as doações das pessoas nas cidades, aldeias e vilas por onde passam em suas peregrinações.
Mas as doações aos sadhus não são feitas pela população com o sentimento de pena, mas como um ato de gratidão para com eles, que já iniciaram a senda espiritual em busca do auto-aperfeiçoamento, e servem de exemplo vivo de amor, compartilhando sua sabedoria com os demais.
Os Sadhus também lidam de forma diferenciada com a aparência, seus cabelos são torcidos em longos dreadlocks e em geral deixam a barba crescer, por vezes até a cintura, vestem trajes exóticos ou passam cinzas ou pinturas de tinta colorida pelo corpo, vestindo apenas uma pequena tanga ou mesmo andando nus.
Os Sadhus, pelos seus hábitos, ideais, práticas e condutas espirituais, envolvendo principalmente meditação, yoga, renúncia e desapego, são chamados de “homens sagrados”.
Saiba mais sobre os Sadhus e o que podemos aprender com eles!
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No hinduísmo, Sadhu é um termo que designa um místico, um asceta, um yogue ou um monge andarilho. Em sânscrito e pali, “Sadhu!” é uma expressão usada como interjeição para algo bem sucedido ou realizado com perfeição.
A tradução para Sädhu é bom homem e para sädhvi é boa mulher e faz referência à quem escolhe viver com foco na vida espiritual. Sadhu, como termo sânscrito, é bastante rico em significados, tais como: agradável, bondoso, compassivo, correto, decente, disciplinado, eficiente, gentil, honesto, honrado, obediente, pacífico, puro, respeitável e virtuoso.
A palavra deriva de Sädh, que significado “alcançar objetivos“. A raiz “sadh” dá origem ao verbo sadhati usado no sentido de conquistar, vencer e autorrealizar-se e como substantivo quer dizer homem santo, vidente e sábio. Sädhana tem a mesma origem e quer dizer “prática espiritual”.
Sadhus são Sanyasi, ou seja, renunciantes que se desprendem do mundo material e vivem nas cavernas, florestas, cabanas improvisadas nas margens dos rios sagrados e templos da Índia e Nepal. Baba, na Índia, é uma forma de se referir à Sadhu, a palavra Baba signifca pai, avô, ou tio em muitas línguas indianas.
Um Sadhu é o inverso do que nossa sociedade ocidental cultiva, fundamentada no apego às coisas materiais, à vaidade com o corpo, e às conquistas como fama, sucesso, prestígio, prazeres e riquezas materiais.
Vivem a extrema renúncia e mesmo sendo pobres e humildes, emanam uma grande nobreza que vem da Alma. Mesmo vivendo como andarilhos e da caridade alheia, os Sadhus, em sua grande maioria, são eruditos e filósofos refinados e muito instruídos. Além disso, irradiam uma beleza interior imensa, fruto de constante meditação e forte espiritualidade.
Os Sadhus são exemplos vivos dos Ensinamentos das Escrituras Sagradas dos Vedas. Eles emanam uma enorme serenidade, paz e fé, virtudes conquistadas através do desprendimento do ego.
Possuem dignidade e nobreza sem arrogância e vaidade, transmitem elevação, sem a menor pretensão disso, são intensamente sábios em sua simplicidade. A força deles está na energia espiritual.
Os Vedas são as Escrituras Sagradas na Índia, e constituem uma obra literária espiritual com o propósito de guiar as pessoas em suas realizações espiritual. Estas Escrituras Sagradas contêm conhecimento constituído de rituais, ética religiosa, leis e mandamentos. Os Ensinamentos e a Sabedoria dos Vedas são vividos e praticados pelos Sadhus em sua busca pela Verdade.
A busca espiritual dos Sadhus é diferente dos outros espiritualistas, pois não envolvem dogmas, igrejas, mosteiros ou ashrams. Os Sadhus abdicam das conquistas materiais pela realização espiritual, vivendo de forma simples, despojada e pobre.
Emanam respeito, santidade, desprendimento e autoridade, que vem de seu íntimo, diferente do que acontece com as pessoas em nossa sociedade que para conquistar respeito e admiração buscam angariar títulos, rótulos, poder financeiro, status e competir para serem as melhores.
Na testa, os Sadhus trazem uma marca chamada Tilaka, que é uma indicação da escola filosófica ou caminho religioso que seguem. Geralmente, vivem sozinhos, mas quando participam do Kumbh-Mela, um grande evento religioso da Índia, o fazem em grupo, o qual vai aumentando conforme vão surgindo outros ao longo da peregrinação, até o local do evento.
Os Kumbh-Mela são os grandes encontros de Sadhus e outras ordens religiosas da Índia.
O Sadhuísmo é uma forma de viver, onde os indivíduos renunciam à família, amigos, emprego, enfim tudo em que se baseia nossa sociedade, em busca do autorrealização e aperfeiçoamento interior.
Vivem como eremitas e peregrinos, desligados da sociedade. No geral, o que eles possuem é um manto, uma tigela e um pequeno jarro no qual levam água do rio sagrado Ganges.
A forma de vestir varia: alguns se cobrem com um pedaço de pano, outro usam uma túnica de cor do açafrão e outros andam sem vestimentas, se sentindo a vontade nus.
Muitos vivem em meio à Natureza, em bosques ou montanhas; outros vivem durante anos ou toda vida, em grutas e cavernas; há aqueles que andam perambulando de um lado ao outro, sem parar em nenhum lugar, sem nenhum condicionamentos mundano.
Tem Sadhus que só se alimentam de raízes ou frutos secos. Os Sadhus praticam meditação transcendental, yoga e geralmente tomam um banho matinal, nas águas de um rio ou lago próximo.
Tornar-se um Sadhu é um desafio. A iluminação é considerada o quarto estágio da busca espiritual na religião hindu, na qual se atinge a maior profundidade espiritual.
Quando um homem decide tornar-se um Sadhu, ele renuncia a todos os bens materiais e também ao convívio com os familiares.
Nessa escolha, o Sadhu deve simbolicamente comparecer ao próprio funeral, representando com esse ritual a morte do homem anterior e o nascimento do ser iluminado. Nesse processo de conversão, os registros de nascimento e de identidade passam a ser considerados legalmente de alguém falecido.
Depois disso, vêm as práticas dos rituais de iniciação e o Sadhu pode vir a ser instruído por outro mais experiente, que se torna o seu guru. Durante esse aprendizado o Sadhu é submetido a desafios e provas, por vezes humilhantes, até que fique preparado para seguir o seu caminho de forma independente.
Alguns exemplos das disciplinas e provas físicas que os Sadhus enfrentam são: reverenciar a seu Mestre Interno sem nunca deitar ou sentar (dormindo inclinado sobre um apoio, como uma parede, por exemplo); andar descalço na neve; puxar um carro com o genital; alguns se isolam em montanhas ou cavernas; outros andam o tempo todo com um dos braços levantados; outros permanecem sem pronunciar uma única palavra por décadas; tudo isso como uma forma de domínio sobre a matéria, entre outros desafios.
Estima-se que há cerca de mais de 10 milhões de Sadhus em toda a Índia.
Sadhus de diferentes idades, portadores de muito conhecimento ou sem instrução.
Os Sadhus, por seu grau de domínio sobre a matéria e força espiritual, são muito respeitados e reverenciados na Índia, por isso lhes são atribuídos o poder de limpar a negatividade das pessoas e a capacidade de curar doenças.
Eles são vistos como muito benéficos pelo povo da Índia, por isso são amparados pela população. Estes homens considerados santos atuam como curandeiros nas comunidades indianas. Mesmo assim, existem Sadhus que levam uma vida de extrema pobreza, fome e abandono em algumas regiões indianas, principalmente as urbanas, onde eles são vistos pelas pessoas com desconfiança e ceticismo. Infelizmente há casos, especialmente nos pontos turísticos, que impostores se fazem passar por Sadhus para obter dinheiro, o que prejudica a imagem dos verdadeiros homens sagrados.
Esse vídeo do filme Varanasi, India: “Além”, produzido por Cale Gladening e Editado por ShriYogaDevi publicado no canal Essência Universal, mostra de uma forma bela, tocante e poética a vida e forma de pensar dos Sadhus, com os depoimentos de alguns deles.
Os Sadhus, neste documentário, dizem que:
“Cada um deve buscar a felicidade dentro de si próprio e aprender que o maior poder é Deus, que também está em todos os homens”, diz um dos Sadhus que aparece no vídeo.
“Alguém caiu, sentiu-se muito infeliz ou tem alguma angústia em sua mente. Ele precisa de alguma orientação, por isso temos de guiá-los, para trazê-los à Luz. Essa é a obra de um Sadhu.”
A iluminação espiritual é um dos principais objetivos da vida dos Sadhus. Esse objetivo pode ser alcançada por todos, desde que se queira e se busque por isso e, para cada pessoa, isso acontece de um modo e pode levar um tempo diferenciado.
Os Sadhus são um exemplo disso com seus caminhos, sabedoria que desenvolvem, renúncias que fazem, a devoção aos seus Mestres Espirituais, a dedicação à meditação, a yoga e à compreensão da vida, da morte e de todo o Universo.
Quem se identifica com os propósitos e objetivos dos Sadhus, saiba que não precisa ir até a Índia e viver como eles, pois existem os “Sadhus urbanos“, que assim como os Sadhus indianos buscam conhecer profundamente o corpo e a mente e se dedicam as práticas espirituais sem deixar de atender às demandas da vida contemporânea.
Os Sadhus refletem a busca de muitos de nós, mesmo que existam aqueles que não tenham se dado conta disso, projetando no material essa busca.
No íntimo, a nossa Alma quer estar em conexão com o Espírito e poder se expressar livremente, revelando todo Amor que É!
“O que há de mais bonito, é nascer sem asas e fazê-las crescer.” – José Saramago
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