Músicas machistas cantadas por mulheres! Como assim? Um recado para as novinhas


Será que as nossas “novinhas”, ou seja, as nossas meninas e adolescentes entendem REALMENTE o que elas estão cantando e dançando nestas músicas chiclete que grudam em nossas cabeças? É preciso deixar claro que muitas das músicas e coreografias que fazem sucesso no Brasil, trazem mensagens claras que requerem muita responsabilidade de quem as entoa. Vamos falar sobre isso?

Certo dia, enquanto escrevia sobre Fit Dance aqui para este site, me deparei com uma situação um pouco complicada, pelo menos para mim. Fit Dance é uma modalidade recente de dança que utiliza, na maioria das vezes, músicas atuais que são as “tops” do momento e coreografias que, além de exigir um pouco de rebolado, tem a vantagem de trabalhar o condicionamento físico e ajuda a definir os músculos.

Essa modalidade de dança ficou conhecida na internet e tem até um canal no YouTube que ensina as pessoas a dançarem em casa e a queimar calorias dançando! Até aí tudo ótimo, mas o problema está em algumas músicas.

Nada contra quem gosta de funk e afins, mas será que as pessoas que estão dançando essas novas coreografias se deram conta do que estão ouvindo?

A grande questão é com relação à melodia que é utilizada, a qual atrai a maioria das pessoas e faz com que a música vire um “chiclete” em nossas cabeças, e é assim mesmo que uma delas se refere à ela própria em um dos vídeos. Quem gosta de dançar, não precisa de muito para sair remexendo o esqueleto, eu mesma faço isso muitas vezes… Até o momento em que me dou conta do que estão cantando no meio da melodia!

Não vou citar nomes aqui, por motivos óbvios, mas com certeza se você mora no Brasil, mais especificamente em São Paulo e região, já deve ter se deparado com algum carro passando na rua cheio de altos-falantes “entoando” abomináveis “hinos” com letras absurdas e machistas… E o pior, muitas dessas músicas são cantadas por mulheres! Como assim?!

Será que essas “cantoras” concordam de fato com o que elas estão cantando? Infelizmente sim, pois muitas gostam, tanto do que dizem as letras, quanto do sucesso que elas proporcionam… Infelizmente. Quanto a isso, nada podemos fazer e nem tenho a ver com isso, mas o que dizer das nossas meninas e adolescentes? Também não vou citar nomes aqui, mas certo dia presenciei meninas e adolescentes do meu convívio “cantando” essas músicas como se fosse algo bonito e “normal” de ouvir… Que decepção!

Agora cabe a pergunta novamente: será que nossas meninas entendem REALMENTE o que elas estão cantando? Se entendem e concordam, a situação é realmente preocupante e desesperadora, mas se assim como muitas meninas da época do axé, por exemplo, não entendem letra subliminares e apenas dançam para seguir a coreografia e se divertir, então acredito que ainda tem salvação!

No entanto, a diferença está justamente na discrição das letras de antigamente e o escancaramento das letras de hoje, que falam exatamente o que querem, sem pudor algum e se aproveitam de melodias chicletes e engraçadas para fazer essas músicas caírem no gosto da galera…

Como resolver essa questão?

Sinceramente eu não sei e acho que não tem o que fazer… Na verdade o que tem a fazer é NÃO fazer! É NÃO ouvir, NÃO colocar para as crianças ouvirem, ou seja, NÃO compactuar com o que estão dizendo nessas músicas! Já se você não liga para as letras e até acha divertido, pense no que suas crianças vão fazer quando começarem a entender e a “sentar, sentar, sentar e quicar, quicar e quicar” quando forem adolescentes e adultas!

O objetivo deste texto é o de ajudar pais e adultos a tomarem consciência do conteúdo que nossas crianças estão absorvendo e tomando como exemplo para suas vidas! Foi-se o tempo em que nossos heróis e ídolos eram nossos próprios pais, agora são cantoras e grupos musicais que pregam a mulher como objeto de esculhambação.

As mulheres, com todo o direito, querem ser valorizadas e respeitadas nas ruas, no transporte público e no Dia Internacional da Mulher! É tudo muito justo mas é preciso enxergar a sua própria responsabilidade na construção de uma sociedade. Talvez, parar de se enxergar apenas como vítima, e assumir um papel também de autora, seja a melhor forma de mudar o que chamamos de cultura do estupro.

Claro que muitas vezes somos sim, vítimas, pois existem tarados, loucos e psicopatas por aí, ninguém está livre disso, mas vamos concordar que se a “novinha” além de aparecer na frente de pessoas desconhecidas com roupas provocativas, se insinua para inflar o próprio ego e se sentir “querida” (para não dizer desejada), ela deve calcular a possibilidade de acabar nas garras de algum mau caráter por aí.

A vida é muito mais do que isso e cada um deve entender o seu propósito neste mundo! Você não veio de um milagre tão maravilhoso, que é a formação de uma vida, para poluir o mundo ou viver em vão! Alimente sua mente e o seu coração de pensamentos bons e construtivos tanto para você quanto para os seus semelhantes.

Você vai ver que com o tempo a “novinha” que “senta e quica” será trocada por aquela do “tiro”, assim como aconteceu com a do “popozão”, a do “Prepara” e por aí vai, pois o que elas têm em comum além das músicas é o “sucesso passageiro”, a fama e o dinheiro que esbanjam como se não houvesse amanhã.

Já você, “novinha”, cabe focar no que é REALMENTE saudável tanto para o seu corpo quanto para a sua mente… Pense nisso!

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Eliane A Oliveira

Formada em Administração de Empresas e apaixonada pela arte de escrever, criou o blog Metamorfose Ambulante e escreve para greenMe desde 2018.


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