Se arrependimento matasse, muitas mães estariam mortas?


Muito interessante a reportagem da BBC intitulada “O tabu das mães que se arrependem de ter tido filhos“. A matéria nos faz pensar sobre a necessidade de dizer as coisas como elas são, sem romantismos nem heroísmos.

Ser mãe é tão difícil que é preciso pensar milhões de vezes antes de colocar gente no mundo. Isso todo mundo deveria saber. Alguns pensam que sabem mas, no fundo, ninguém avisou sobre a dor de ser mãe, porque a sociedade cobra que este ofício seja apenas “delícia”.

É bom que as coisas estejam mudando e que as mulheres estejam vindo à tona para denunciarem abusos antes considerados “normais” e para relatarem experiências normais mas consideradas “absurdas” como esta de se arrepender de ser mãe.

No fundo estas mães podem até nem estar tão arrependidas assim, e amam seus filhos acima de todas as coisas mas a discussão é válida porque ela puxa para outras discussões, de cunho social e nada pessoal.

Por exemplo: legalização do aborto e regime diferenciado de trabalho para mulheres que querem ser mãe porque é muito “aceitável”, digamos assim, que uma mulher se “arrependa” de ter sido mãe quando ela não teve a opção de abortar e quando ela não obteve a ajuda necessária para poder cuidar do filho sem ter que se descuidar de si própria e de sua carreira profissional.

E tudo isso por conta de uma única questão: cultural!

Quem quis ser mãe que segure a peteca, a mamadeira, a chupeta, afinal o amor de filho (a)paga tudo.

Quando questões culturais e sociais entram em jogo fica difícil entender onde está o livre-arbítrio. Em uma sociedade que cobra casamento e maternidade das mulheres, as chances dela ter a clareza mental de fazer suas opções pessoais ficam embaçadas. Dos homens também se cobra “responsabilidade e família” mas de maneira diferente porque “homem pode mais” na maioria das culturas.

Além disso, lembremos da teoria antinatalista que engloba também a questão ambiental de se fazer filho em um mundo que prevê escassez de recursos, e para um futuro bem próximo.

E para finalizar, não vamos nos esquecer do principal: o amor é fundamental!

Crianças não queridas, mães arrependidas, pais ausentes da responsabilidade não são situações desejadas por nenhum ser em sã consciência. Nem por nenhum governo em sã política.

Pensemos!




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...