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Como é criar um filho sozinha? Todo mundo certamente concorda que fácil não é. As popularmente conhecidas como mães “solteiras” – expressão errônea, tendo em vista que mãe não é estado civil – enfrentam diariamente uma gama de desafios para dar conta da responsabilidade de cuidar e educar outro ser humano.
Mas o que antes era exceção, hoje é cada vez mais comum. Vale lembrar que a taxa de divórcio no Brasil cresceu mais de 160% em dez anos, segundo o IBGE. Isso sem contar as mulheres que ficam viúvas e as que não são casadas. Todas elas são mães solos, na maioria das vezes, tendo em vista que, culturalmente, a tarefa de criar filhos ainda é vista como responsabilidade das mulheres.
No entanto, como tudo na vida, essa história também tem dois lados. Ter para si a responsabilidade de cuidar e educar uma criança pode ser muito difícil, mas também muito rico. Há muita dor envolvida, mas também muita felicidade. Tudo vai depender, como sempre, do ponto de vista de cada um, da forma como a pessoa vai reagir às circunstâncias que a vida impõe.
Por isso listamos cinco coisas negativas e cinco positivas que as mães “solteiras” enfrentam, baseadas na experiência de quem vive isso na pele diariamente.
Sim. O preconceito ainda é muito comum, pois está arraigado culturalmente na mentalidade da maioria das pessoas. Mães que criam os filhos sozinhas são vistas de modo pejorativo em pleno século XXI, como se todas fossem “vítimas” ou “culpadas”. No entanto, situações de vida não definem o caráter de uma pessoa. Todo mundo sabe disso, mas ainda sim os preconceitos continuam, e elas, as mães “solteiras”, são uma das que mais recebem esse tipo de julgamento.
Elas enfrentam estigmatizações em todos os lugares, até na fila do ônibus. Uma mulher que cuida de um filho sozinha ainda é vista como se tivesse cometido uma espécie de “crime”, e não como alguém que está apenas assumindo sua parcela de responsabilidade. E mais: filhos não são uma “consequência” negativa de uma relação que não deu certo, filhos são seres humanos, crianças cheias de amor e alegria, que podem – e sempre mudam – a vida de todos que os cercam. Perguntem para qualquer mãe se ela se arrepende de ter um filho, certamente a resposta será não, obviamente.
A rotina de uma mãe “solteira” é pensada toda em função do filho. Você pode responder: Sim, mas a de toda mãe é. Acontece que mães sozinhas não têm ajuda, por exemplo, para tomar um banho ou comer uma refeição com calma. Crianças são seres lindos, mas que demandam o tempo todo de seus cuidadores. Agora imagine ter que cuidar de todas as necessidades de uma criança, que vão desde hábitos de higiene até ensinamentos morais, vinte quatro por dia, sem nenhuma ajuda. Muito prazer, essa é a vida de uma mãe “solteira”.
Raramente, elas têm alguma ajuda significativa, e quando têm, é só para momentos pontuais, como sair para resolver algo. Na esmagadora maioria das vezes, é toda dela a responsabilidade de dar conta de tudo. E isso pode ser bastante exaustivo. Ainda mais quando elas não conseguem nem mesmo encontrar um tempo para si mesmas.
Além de cuidar dos filhos, as mães que criam os filhos sozinhas sofrem para arrumar um tempinho para fazer coisas triviais, como cuidar das unhas, ler um livro ou dormir até mais tarde no domingo. Quando existe um companheiro na jornada de criar filhos é mais fácil para a mulher, por exemplo, tirar um tempo para si (nem sempre, muitos casamentos ainda são desiguais na divisão de tarefas maternas e paternas).
No entanto, o respeito à individualidade e o cuidado consigo mesma são componentes essenciais para uma boa autoestima. Não à toa, muitas vezes, mulheres que fazem tudo sozinha pelos filhos acabam se sentindo sobrecarregadas e diminuídas, justamente por esses componentes citados até agora.
Toda criança precisa de figuras maternas e paternas, certo? Isso não quer dizer que precisa ser um pai e uma mãe, podem ser dois pais, duas mães, uma mãe sozinha, um pai sozinho. No entanto, a criança precisa encontrar figuras que representem esses dois polos: sendo que a função paterna, normalmente, é aquela protetora, racional e que incentiva a correr riscos, e a materna, a que ajuda a criança na vivência do afeto em sua vida, oferecendo o amor, cuidado e zelo. Ambos são importantes. No entanto, muitas vezes, mães que criam os filhos sozinhas nem sempre conseguem fazer as duas funções. Nesse sentido, a criança pode crescer sem esse “pai” simbólico.
Além disso, a ausência real do pai biológico sempre vai fazer parte da história. Isso quer dizer que a mãe vai precisar saber elaborar, junto com o filho, essa “falta“. Eventos de escola, datas comemorativas, acontecimentos importantes, tudo isso pode levar a criança a questionar a ausência do pai. E situações assim nunca são fáceis para ninguém, ainda mais se existe mágoa e dor envolvida no relacionamento que existiu entre os pais.
Não só a falta, mas a presença, mesmo que ocasional, do pai pode ser um problema na vida da mãe “solteira”. Isso por que não são raros os casos de ex-companheiros que usam a criança como moeda de troca, ou então que ignoram completamente as necessidades do filho e depois criticam as mães por fazerem algo, ou por deixarem de fazer.
A situação de deixar o filho ir para a casa do pai, de vez em quando, também pode ser mais complicada do que parece. Embora seja algo positivo para a mãe ter um tempo para ela, muitas vezes, nessas ocasiões, a mulher fica apreensiva e insegura com a ausência da criança.
Fora esse aspecto, há ainda a dolorosa tarefa de ter que lidar com alguém que já foi importante para essa mulher. Muitas vezes, há ainda sentimentos envolvidos, isso quando o homem não incorre em iludir, vez ou outra, a mãe da criança, aproveitando-se da “proximidade” que a relação obriga a ter.
Agora, evidentemente, vamos ao lado bom, que é muito mais interessante, e deve ser sempre o prioritário na hora de colocar a situação na balança.
E isso não vale só para as mães “solteiras”, mas para todas as pessoas, qualquer que seja a circunstâncias.
Uma das principais discussões dos casais com filhos é justamente a educação das crianças. Isso por que, não raro, ambos vieram de formações muito diferentes e essa discrepância acaba resultando em conflitos no dia a dia.
Pois bem. Mães solteiras raramente têm esse problema. Isso por que as decisões sobre o que a criança pode ou não fazer, e de que forma ela será criada, são tomadas unicamente por elas. E isso pode ser libertador, tendo em vista que educar uma criança é das tarefas mais difíceis que existem.
Ao encontro do item listado acima, mães que criam os filhos sozinhas têm liberdade para tomar essas pequenas decisões do dia a dia, coisas corriqueiras, que não envolvem ensinar as regras morais ou de convivência em sociedade. Elas podem, por exemplo, escolher fazer o “Dia do filme” nas tardes de domingo, sem ouvir protestos do marido ansioso por assistir o campeonato de futebol da televisão. Se ela quiser planejar uma viagem para o Butão, o país mais feliz da Terra, ela pode, desde que tenha dinheiro suficiente (não é barato) e avise, evidentemente, para o pai da criança, caso ele faça parte da vida do filho.
Que fique claro, todas as mães conseguem. O que esse tópico quer mostrar é que a ausência paterna acaba unido ainda mais mãe e filho. Basta olhar para os filhos das mães “solteiras”, como, normalmente, eles são apegados às elas. Isso acontece por que a mãe tenta suprir essa falta dando ainda mais afeto, mais carinho e atenção. Evidentemente, isso não é uma regra, mas é algo comum. Esse fortalecimento de vínculo talvez seja das coisas mais positivas dessa história toda. Basta lembrar que amor nunca é demais. E amor de mãe, então, nem se fala.
Vale a explicação: muitos homens, não todos, claro, quando casam acabam fazendo uma espécie de substituição afetiva e passam a tratar a mulher com suas “novas” mães. Isso significa que ele vai exigir cuidados e afeto delas e isso pode ser bastante exaustivo, ainda mais para aquelas que têm um bebê real (e não simbólico) em casa.
Mães “solteiras” não precisam se preocupar em cuidar dos maridos. Elas conseguem colocar todo o foco, ou boa parte dele, em seus filhos. Essa desobrigação também é altamente positiva, tendo em vista, que existem maridos que mais atrapalham do que ajudam.
A falta de ajuda do pai pode gerar um sentimento maior de empatia nas pessoas próximas às mulheres “solteiras”. Isso não é regra, mas acontece bastante, principalmente entre os familiares. A vontade de ajudar, de fazer algo por elas, é algo bastante positivo e pode ser um verdadeiro alívio para aqueles momentos em que tudo que a mulher quer é ficar um pouco sozinha. Isso, normalmente, não acontece com mulheres casadas. Pois é comum que as pessoas pensem que pai e mãe são suficientes para dar conta das demandas de uma criança.
Evidentemente, esse é só um resumo. Vida de mãe sempre é algo bastante complicado, seja ela solteira, casada, separada ou viúva. Mães “solteiras” aprendem todos os dias a importância de priorizar as coisas certas, de ter organização para dar conta de tudo, de saber que o julgamento alheiro não deve servir para elas sentirem-se mal com suas próprias histórias. Mães que criam os filhos sozinhas estão sempre em contato íntimo com as dores e delícias de ter uma criança dependendo integralmente delas. E esse desafio de vida toda pode ser sim muito bom, tendo em vista que felicidade não vem em manual, cada um aprende a descobrir a sua.
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