A coisa começa realmente a ficar preocupante no Brasil quando você se depara com uma notícia de que jornalistas estão sendo “orientados” a pararem de falar sobre a execução da Marielle Franco e de divulgarem as manifestações que pedem por Justiça no caso, fim da violência e do genocídio de negros no Brasil.
Conforme noticiou OGlobo, jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação, a (EBC) em Brasília, empresa federal pública que reúne a Agência Brasil e a TV Brasil, protestaram ontem, 20, contra a recomendação da chefia de reduzir o número de matérias sobre o assassinato da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes.
Os jornalistas da EBC receberam e-mails com a solicitação de não cobrirem tampouco as manifestações marcadas contra o crime. Segundo a chefia da empresa (gerência-executiva e de redação), as notícias sobre este crime que levantou o Brasil estão ficando repetitivas, chatas e favoreceriam o PSOL.
Pelo menos dois e-mails teriam sido mandados entre sexta-feira, 16, e segunda, 19.
O Congresso em Foco divulgou que o assunto de um dos e-mails era “Menos matéria da vereadora” e seguia com o conteúdo: “Peço a gentileza de orientar Akemi a não fazer manifestações sobre a morte da vereadora. Estão repetitivas e cansativas. Nos jornais só há artigos e, você sabe, não publicamos esta forma de opinião. Claro que, se houver fato novo relevante, deve fazer”, referindo-se a uma das repórteres que cobrem o caso.
Em outro e-mail, a recomendação era “Precisamos reduzir matérias da morte da vereadora Marielle Franco. Essas homenagens do Psol são para tirar proveito do momento. Ou outras repercussões do gênero. Devemos nos concentrar nas investigações e naquilo que dizem as autoridades.”
Os jornalistas protestaram e buscaram amparo no Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal que pretende entrar com uma representação no Ministério Público Federal para apurar o abuso.
O caso que revoltou não só o Brasil mas o mundo, pois os assassinatos de Marielle e Anderson foram noticiados no mundo inteiro, cobriu a pauta da semana principalmente porque ao lado da notícia em si, correram informações que queriam quase que “justificar” o crime. Estamos falando das “fake news” divulgadas pela desembargadora do TJRJ, Marília Castro Neves, que já está sendo investigada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Para desmentir os boatos de que Marielle era “engajada com bandidos”, “casada com Marcinho VP” e “eleita pelo Comando Vermelho”, a web se mobilizou de maneira sem precedentes. Todos seguem contra as informações falsas que tentam manchar a reputação da vereadora ou diminuir a gravidade do crime.
As manifestações continuam. Não calem as vozes das favelas nem dos jornalistas. Democracia! Brasil por Justiça! Chega de Guerra!
Clique aqui para marcar presença no próximo evento: Rio de Janeiro, 20/03, concentração às 17:00 na Candelária.
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