Apesar do pessimismo de 2016 a tendência é que a vida melhore


2016 parece ter sido um dos piores anos da história. Tivemos vários ataques terroristas, ficamos chocados com as mortes dos refugiados no mar, com as guerras, presenciamos a partida de grandes estrelas da arte como David Bowie, Prince e George Michael. No Brasil tivemos de conviver com o processo de impeachment que fez com que o brasileiro se matasse na discussão política desfazendo amizades. As chacinas nas prisões fizeram com que o Ano Novo começasse com sangue. Não faltam motivos para ver tudo como uma grande desgraça. Porém, apesar de todos os sinais indicarem que 2017 também será ruim, alguns dados mostram que na verdade o mundo vem melhorando, e de forma significativa.

Segundo o economista Max Roser da Oxford, hoje em dia o ser humano tem uma vida expressivamente melhor do que costumava ter num passado que não está tão distante assim. Para se ter uma ideia, enquanto no século XIX cerca de 43% das crianças morriam antes de completarem 5 anos de idade, em 2005 eram apenas 4,3% delas.

Aspectos importantes como condições de saneamento mais eficientes e melhores condições básicas foram cruciais para que existissem mudanças (para melhor) na humanidade. Como exemplo, em 1950 apenas 25% da população mundial estava fora da pobreza extrema. Hoje em dia, 90% da população já não faz mais parte deste cenário.

Há ainda as questões sociais e políticas que movem as nações. Ainda no século XIX cerca de 33% da população estava em regime colonial, onde o governo era formado por autarquias nada democráticas. Se analisarmos o cenário atual, veremos que mais de 50% da população vive sob o regime democrático. Esta estatística seria muito maior se, por exemplo, a China adotasse o sistema democrático.

Roser faz uma reflexão profunda acerca de como a humanidade está mudando para melhor e não estamos percebendo. A falta de atenção às mudanças que acontecem no meio se devem, muitas vezes, pela análise egocentrada de conforto (ou sua falta), sem considerar as camadas sociais que eventualmente estão em piores condições que as nossas. Assim, pensa-se que só porque a própria vida não está melhor, nada melhorou.

No entanto, apesar de toda melhora da humanidade que pode ser comprovada com dados, Roser afirma que isso não é o suficiente para garantir que o mundo continuará melhorando. “Não existe nenhuma certeza de que todos os problemas serão resolvidos, afinal não existe um decreto assegurando a continuação da tendência de melhoria em condições de vida“, explica.

Apesar de tudo, para Max isso não significa que as coisas devem parar de melhorar ou diminuir o ritmo evolutivo, pois “em termos de perspectivas de longo prazo, fica claro que os últimos 200 anos nos deixaram em uma posição que era ainda desconhecida na capacidade de melhor solucionar os problemas da humanidade”, relata, e ainda define que “a solução de problemas sempre requer uma ação colaborativa. E hoje, há um grupo muito maior de pessoas que podem trabalhar juntas”.

Há ainda as questões de grande escala que provocariam um grande reflexo nas condições de melhora. Enquanto percebemos que a qualidade mínima de vida subiu, outros fatores como o aquecimento global e seus problemas (a escassez de comida, por exemplo) podem diminuir drasticamente a qualidade de vida de todas as pessoas.

Afinal, muitas das evoluções que vimos foram frutos da revolução industrial, responsável tanto pela suposta democratização de trabalho quanto pela alteração geral de hábitos de consumo. No primeiro caso, há vantagens econômicas para o trabalhador, pois gera condições básicas de sobrevivência. No entanto, seu próprio trabalho é revertido em consumo, que em grande escalada torna-se excessivo e provoca danos ao meio ambiente, trazendo consequências como o aquecimento global.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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