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Embora seja uma qualidade nobre capaz de elevar a essência da humanidade, o altruísmo ainda não foi completamente entendido pela ciência. Recentemente, no entanto, observações científicas mostraram que a natureza deste elevado gesto talvez esteja ligada ao desenvolvimento de uma parte cerebral específica, a amígdala cerebelosa.
“Se os seres humanos são ruins, então por quê alguns não medem esforços para ajudar aos outros por mais que isso possa custar caro?”, questiona Abigail Marsh, pesquisadora que coordenou as observações científicas. Seu interesse, segundo relata, começou quando viu sua vida em risco por tentar desviar de um cachorro que estava no meio da rua, quando um completo estranho não hesitou em ajudá-la. “Por que ele fez isso?“, tentando entender qual motivo levaria uma pessoa a salvar a vida de outra desconhecida. Desde o fato, Abigail tem pesquisado acerca do que motivaria pessoas a exercerem o altruísmo, mesmo que isso possa lhes custar caro.
Sua pesquisa procurou um caminho contrário do que se imaginava para se orientar. Em vez de pesquisar e analisar pessoas altruístas, Abigail procurou a resposta em psicopatas. Isso porque os psicopatas são classificados com falta de empatia absoluta, ou seja, nenhum desejo ou motivação para ajudar ao próximo, além disso, uma característica observada cientificamente é que as amígdalas cerebelosas dos cérebros dos psicopatas são ao menos 18% menores do que as pessoas sem este quadro psicológico.
“Então, a verdadeira pergunta é: poderia o altruísmo (que seria o oposto de psicopatia em termos de compaixão e desejo de ajudar outras pessoas) emergir de um cérebro que também é o oposto da psicopatia?“, indaga March. “Os cérebros dos altruístas têm algumas características especiais, eles são melhores em reconhecer o medo das outras pessoas. Eles são literalmente melhores para detectar se alguém está em apuros. Além disso, isso deve ser resultado de suas amígdalas cerebelosas serem mais reativas a este tipo de expressão”, reforçando que de forma oposta aos psicopatas, os altruístas têm amígdalas mais expressivas que as das pessoas normais diante de certas emoções.
Além disso, a pesquisa de Abigail mostra que a reação mais acentuada das amígdalas cerebelosas dos altruístas não são a única característica significativa, “e finalmente, as amígdalas dos altruístas são maiores do que as da média, são ao menos 8% maiores”. Isso explicaria então, em termos práticos, que a natureza do altruísmo é completamente oposta à natureza da psicopatia. Enquanto a psicopatia seria desencadeada pelo reduzido tamanho da amígdala, expressando menos reações empáticas, o altruísmo seria consequência da fácil percepção das necessidades alheias, justamente pela grandeza das amígdalas.
“Acredito que a melhor descrição para essa incrível falta de egocentrismo é a humildade. Afinal, qual é a qualidade que, nas palavras de Santo Agostinho, nos transforma em anjos?”, referindo-se a uma das passagens do famoso sermão, onde Agostinho diz que o orgulho seria a queda dos demônios, enquanto a humildade seria a ascensão da humanidade.
As amígdalas cerebelosas não podem, no entanto, serem apontadas como a única razão para altruísmo ou psicopatia. Mash diz que essa facilidade dos altruístas está em reconhecer que mesmo uma pessoa completamente estranha têm necessidades que normalmente só nos atentaríamos com amigos ou entes queridos. Em sua hipótese, qualquer um poderia desenvolver essas reações ao se atentar em quebrar os círculos pessoais de altruísmo que geramos (família, amigos e etc.) e ter em mente que poderíamos nos esforçar para ajudar a todos.
Isso, na verdade, é uma distinção importante nesse estudo coordenado por Abigail Marsh. Deve-se notar que não há relação absoluta no gesto de altruísmo com o tamanho da amígdala, ao menos sob o aspecto científico, mas há relação quanto à reação que este órgão apresenta. A empatia e a humildade são definitivamente as chaves para o exercício pleno do altruísmo.
Em caso de dúvidas, vale sempre ter em mente que quanto mais fazemos pelos outros, mais temos para nós mesmos.
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