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Depois que a conceituadíssima atriz Catherine Deneuve e outras 99 artistas, jornalistas e escritoras francesas escreveram no Le Monde que “o estupro é um crime mas a paquera insistente ou desajeitada não é delito, nem é o galanteio uma agressão machista”, as mulheres estão confusas e não sabem qual bandeira devem sacudir, se a do feminismo ou não pois, não querem ser estupradas (obviamente) mas nem tampouco querem deixar de ser paqueradas, galanteadas e desejadas pelos homens, certo?
O que o grupo de Deneuve critica seria uma espécie de “puritanismo” e de “stalinismo” contidos nas delações em voga contra os casos de violência sexista que, segundo o grupo, não servem à autonomia das mulheres e ainda por cima “encarna um ódio aos homens e à sexualidade”.
Será isso mesmo? A declaração deu, e está dando o que falar.
Longe de nós, que somos leigos, dar nossa opinião, porque afinal, cada caso é um caso, cada pessoa e cada mulher tem uma história de vida e uma opinião a respeito do “feminismo”. Mas o artigo do Le Monde pode servir como ponto de partida para uma reflexão sobre este momento importante que estamos vivendo, onde as mulheres não mais se calam a respeito da situação (cultural) de inferioridade feminina que, a certo ponto a história da humanidade impôs, e ainda impõe em certas culturas, à elas, as fêmeas da espécie Homo sapiens.
Mulheres antes não votavam, mulheres ainda ganham menos, representam menos postos de chefia no trabalho, são estigmatizadas, desprezadas, são muitas vezes preteridas pelos homens. Tais fatos são fatos!
Mas como mudar isso? Com o feminismo? Mas afinal, o que é o feminismo? Que luta é essa? É uma luta por direitos? É uma luta por igualdade? Qual igualdade? É uma luta para poder usar minissaia e não ser estuprada? É uma luta para poder ter e se orgulhar da celulite (como faz a Anitta?).
Pensar nestes aspectos é importante antes de querer ou não levantar a bandeira do feminismo, porque antes é preciso se perguntar: qual feminismo? O das norte-americanas do Time’s Up ou o das francesas do Le Monde? As duas ou nenhuma delas, afinal elas podem ou não tratar-se da mesma coisa.
As mulheres estão confusas, não sabem o que significa ser feminista.
Para estimular a reflexão, e não para criticar ninguém nem nenhum movimento, deixamos com você a definição básica do feminismo, e abaixo um vídeo da Camille Paglia (norte-americana feminista, professora, educadora, Ph.D, autora de várias obras sobre a sexualidade humana) no Roda Viva em 2015.
“Feminismo é um conjunto de movimentos políticos, sociais, ideologias e filosofias que têm como objetivo comum: direitos equânimes (iguais) e uma vivência humana por meio do empoderamento feminino e da libertação de padrões opressores patriarcais, baseados em normas de gênero.”
Como se pode imaginar, esta definição, dada de maneira sucinta e reduzida, é limitada pois o movimento feminista tem muitas nuances, ideologias, versões e escolas de pensamento.
Vamos aproveitar o bafafá para nos informar a respeito e para pensarmos em qual feminismo queremos. Certo que as mulheres são seres especiais, dotadas de qualidades incomparáveis e inigualáveis aos homens e, por isso mesmo, cabe à elas decidirem qual estrada correr, que tipo de mulher ser, considerando bem a arte da coerência em cada uma de si, e considerando que os homens são também seres humanos, não podem ser generalizados e estigmatizados como simples potenciais monstros.
Nem todos os homens estupram, nem todos são insensíveis e, pensem bem na complexidade da coisa: a mulher, assim como o homem, tem papel fundamental na educação das crianças. Definir bem os conceitos dentro de si pode ajudar a criarmos um mundo melhor para todos: mulheres e homens.
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