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Mulheres são queimadas com ácido, para desfigurar seus rostos. A cada ano, na Índia, pelo menos 1.000 pessoas sofrem ataques com ácido, a maioria são mulheres (9 em cada10). Violência pura.
Sheroes Hangout é uma organização de mulheres. Mulheres que foram violentamente desfiguradas pelo ácido, vítimas de ex-companheiros, maridos ou pretendentes, vítimas em conflitos familiares ou financeiros, vítimas de suas próprias famílias essas mulheres lutam para continuar sua vida, com suas terríveis cicatrizes.
Elas decidiram mostrar ao mundo que são vencedoras apesar das feridas e, participam ativamente da Campanha contra os ataques com ácido , fundada em Nova Deli em 2013 e atendem no bar Sheroes Hangout, em Agra, Uttar Pradesh, espaço de propriedade de Chhanv Foundation.
Fachada do bar Sheroes Hangout, em Agra
O bar Sheroes Hangout é um espaço de convívio e ativismo, um ponto de encontro para todos os que são contra a violência contra a mulher. Lá se pode provar deliciosos aperitivos e bebidas originais, feitos e servidos pelas mulheres, guerreiras que lutam pela sua sobrevivência, respeito e dignidade.
No local funcionam de cursos de computação para jovens, são apresentados livros, acontecem saraus culturais, exposições de artesanatos, designe de joias e outras atividades. Todas as atividades do espaço visam a divulgação da campanha contra os ataques com ácido e também a subsistência de suas integrantes, verdadeiras heroínas que enfrentam sua história de vida e uma sociedade que se manifesta com omissão, apatia ou temor perante seus rostos desfigurados.
Este projeto tem o objetivo de ajudar a todas as pessoas que sofreram ataques com ácido a recuperarem sua autoestima e confiança e encontrarem um trabalho digno já que, desfiguradas, são evitadas pelos empregadores para trabalhos junto ao público.
O bar é um pequeno refúgio colorido e acolhedor dentro de uma cidade bastante caótica. Está decorado com grafites e murais dedicados à mulher, desenhados por voluntários de Nova Deli, e tem uma pequena biblioteca com livros de Nelson Mandela, Gandhi, Dalai Lama e Malala Yousafzai, doação de visitantes.
Então, atendendo em seu bar, mostrando suas cicatrizes e seus sorrisos confiantes também mostram à sociedade que merecem respeito e oportunidade. Elas desafiam a sociedade indiana a repensar a sua ideia de beleza: em cada uma das mesas há um folheto que pede aos visitantes que deixem de lado seus preconceitos contra as pessoas desfiguradas. E agora também pretendem difundir a sua história e derrubar esses preconceitos no mundo inteiro. Nós, do GreenMe estamos junto com elas, na luta.
O sorriso das mulheres guerreiras de Sheroes Hangout
Queimar com ácido não acontece só na Índia. Também acontece na Colômbia, em Bangladesh, no Irão, no Paquistão, na Tanzânia, em muitos lugares onde a cultura do estupro impera – sim, isso também é cultura do estupro pois permite a violência, a agressão, a mutilação em função de uma atitude de poder sobre o outro ser humano. O uso do ácido como arma de ataque é um fenômeno global que não se restringe a determinada idade, casta, religião, sexo ou localização geográfica.
No Reino Unido (England) esse tipo de ataque aumentou em 30% nos últimos dois anos – pensasse que a escolha o aumento do uso de substâncias corrosivas é tida como uma alternativa mais barata do que o uso de armas de fogo ou facas.
Em todas as partes onde acontecem ataques com ácido as histórias são diferentes porém, todas têm o mesmo fundo comum, o poder, posse, domínio, a tentativa de submeter a vontade de outra pessoa pela privação de seu rosto, olhos, beleza. São casos que derivam de ciúmes, de rejeição às investidas sexuais, de impedir que a menina se case e deixe a casa paterna sem “seus serviços domésticos”. São agressões causadas por homens, em vingança a um namoro terminado, a um pedido de casamento que não foi aceito, a um assédio sexual não consentido.
Mas também são agressões feitas por mulheres, como é o caso de Rupa, que foi atacada com ácido por sua madrasta, em 2008. Ela tinha 15 anos. Seus lábios, nariz e bochechas se derreteram. E o motivo? “Ela não queria que eu me casasse pois, casando-me eu iria para a casa do meu marido e não poderia continuar ajudando-a em casa“, conta a jovem.
As cinco sobreviventes que gerenciam o Bar Sheroes Hangout
Laxmi, uma sobrevivente, ganhou o prêmio Women International of Courage. Laxmi, foi atacada com ácido em 2005 em um mercado quando ela tinha apenas 16 anos de idade por um homem com mais do que o dobro de sua idade, cujos avanços ela rejeitou. Desde 2006 ela luta, solitária, no Supremo Tribunal Federal para conseguir uma alteração no Código Penal Indiano para que o ataque com ácido seja considerado crime, uma ofensa especial.
Já conseguiu, com sua luta, aumentar as indenizações concedidas aos sobreviventes e a proibição de venda livre de ácido. E diz Laximi que, é fundamental que essas questões sejam discutidas aberta e claramente pelos órgãos de poder, de justiça e na sociedade. É preciso parar com os ataques com ácido. Ela é uma das ativistas que assumiu a missão de parar os ataques com ácido e assegurar a justiça para os sobreviventes (sim, algumas mulheres não resistem e morrem).
“Somos tratadas como se nós não servíssemos para nada e, como se nossas vidas fossem um desperdício. (…) “Nossa vida não vai parar. A compreensão da psique do criminoso, tenho percebido que o que eles querem é fazer você viver uma vida confinada a espaços fechados. Mas eu lutei antes e exorto cada menina para lutar pela sobrevivência e sair forte”.
Laxmi é uma das organizadoras do bar Sheroes Hangout e, aproveitou a visita de Willian e Kate, da Realeza Britânica, para convidá-los a conhecer o local onde residem e trabalham 5 das sobreviventes dos ataques com ácido. Sobre os ataques com ácido veja mais neste site. O príncipe Willian tomou posição ativa nesta luta.
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