O pai nunca poderá ser a mãe, é claro, mas poderá assumir sua função, nem que seja por um dia. Acontece quando a mãe não pode estar presente, está doente, internada, sei lá mas, acontece muito de vez em quando, sim. E se os pais dividissem, meio a meio, os dias de ficar com os filhos que estão doentes? Como se sentem eles, os pais, nessa situação?
Mãe, avó, tia, amiga, babá, empregada doméstica, enfim, mulheres se encaixam bem nesse papel de cuidar das crianças, em saúde, em doença, na rotina de uma casa. Alguns homens têm também essa condição – aliás, todos os homens a teriam, se quisessem, se não fossem mutilados em sua potencialidade pela pressão cultural machista.
É esgotador, a gente bem sabe. Cuida, corre, cozinha, leva criança, traz criança, limpa nariz, pega no colo, e as compras, e o leite que derramou no fogão, e criança que chora, que quer um montão de coisas à toda hora, e mais ainda que você, mulher, que trabalha também fora de casa, hahahaha, ainda tem que se virar com seu desempenho profissional. Mas, alguns pais o fazem. É verdade, são poucos se pensarmos em termos percentuais, e eles, os homens, não se consideram tão aptos à estas funções “domésticas e maternais”. Mas, se os filhos são de ambos (não existe filho que não tenha pai, em algum momento de sua história, não é?) então o dever é de ambos.
O que acontece com o homem, aquele que é considerado o “super-herói” de sua casa, de sua família, entre fraldas, papinhas, nariz escorrendo, choros de “também quero”? Pai, em geral, é aquele que brinca gostoso, joga o filhote “até o céu”, corre que nem cavalo de corrida, enfim, o meninão que protege, que todo menininho quer ter por perto.
E também tem pai que cria seus filhos, sozinho. Tem, existem, eu conheço alguns, e que valentes, cuidadosos, capazes eles são. Tem pai que sabe fazer trança no cabelo da sua menininha, que cozinha que nem “chef”, que lava, passa, limpa, cuida, enfim. Sim, quero fazer aqui “honras” ao Kanno (que foi pai-mãe a vida toda), e ao Preto (que é pai-mãe da Corina e que até sabe fazer trança no lindo cabelo dela) e deixar para você também uma história estrangeira, de Brad Kearns, um pai de 27 anos, com dois filhotes pequenos, que assumiu, de repente, quando sua mulher foi internada em urgência. São esses, e existem outros, com certeza, exemplos de homens fortes, corajosos e que não cederam seu papel de “criador-cuidador” à avós, tias ou babás, e que se orgulham de ter feito assim. Me orgulho deles, sabe?
Bom, a história de Brad é publica, ele mesmo a contou no facebook para todo mundo saber: enquanto sua mulher esteve internada ele cuidou, um dia inteirinho, de suas crianças pequenas. ” Tudo começou ontem, quando eu escapei do trabalho. Porque eu sou um pai e pais estão descansando por mais de 40 horas por semana, o que se justifica com a desculpa socialmente aceita de que dão “apoio” à família, enquanto a mãe continua a fazer o que as mulheres parecem ser feitas para fazer. (…). E então eu me tornei uma mãe” (veja aqui). E Brad nos conta, para todos ouvirem, espalha aos sete ventos o que é: a hora de levar para a escola, preparar os lanches, fazer as compras enquanto tira algum tempo para o seu próprio trabalho, e a pressão que isso foi, o esforço que fez para que as crianças brincassem tranquilamente ou não brigassem muito, o sono da tarde (ufa!) e, voar para fazer o jantar, e de noite, os pequenos acordadíssimos, e você, esgotado mas, você não pode dormir. É pãe, pai-mãe!
” É maravilhoso quando as crianças adormecem. […] Quando a respiração delas se torna pesada e não conseguem manter os olhos abertos e, em seguida, abraçá-los com tanta ternura, beijá-los na testa e andar na ponta dos pés para a sala […] colocá-los na cama, cobrir crianças e bichinhos de pelúcia. É bom. É um momento sereno que você compartilha com eles. Até chegar a hora em que eles acordam e gritam para o céu. Então você tem que fazer tudo de novo, são 22,30, meia-noite, 1,45, 3:30 … Você sabia que a privação do sono é uma forma de tortura? “.
É, nos sabemos sim, Brad. Uma tortura que vivemos sempre que temos filhos, bebês, meninos, adolescentes, enfim, filho que acorda berrando, que não dorme, que não chega à noite. E essa tortura acontece com as mães. E com quem cuida de filhos. E, na manhã seguinte, a vida continua: toca o despertador, chora a criança, o leite derrama, corre para a creche, escola, trabalho, limpar a casa, comprar, cozinhar, lavar, guardar tudo, buscar crianças, dar banho, brincar, separar a briga, e o jantar, no fogão, ufa! Você bem sabe disso, Brad, e nós também
“Eu quero voltar a fazê-lo novamente”, escreveu o pai australiano, bonito e exausto, mesmo confessando esperava (e felizmente aconteceu) que sua parceira se recuperasse logo.
“Foram apenas 16 horas que eu virei mãe. E eu falhei. Não consegui consegui manter a minha higiene pessoal, enquanto suas mães têm a capacidade de manter uma casa, para criar os filhos, preparar refeições e até mesmo sair “.
É interessante contar esse tipo de história, faz parte de quebrar mitos pois, não somos super-heróis. Será bem melhor quando pudermos contar com uma sociedade realmente solidária com a função de criar filhos, será maravilhoso quando todas as mulheres puderem contar com essa “ajuda” todos os dias. Mas, a solidariedade começa em casa. Será maravilhoso quando conseguirmos acabar com a cultura do machismo, base da nossa sociedade humana, que é o que impede que homens sejam mais solidários com as mulheres.
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