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Na quinta-feira passada (3), assassinaram a Berta Cáceres, líder indígena hondurenha. Berta era uma lutadora, guerreira dos direitos de seu povo, a etnia leuca, dos seus direitos de viver nas terras ancestrais, na sua natureza, rios e matas. No mês passado, fevereiro, dia 1º foi assassinada uma margarida, camponesa, brasileira, com requintes de crueldade. Se nome era Francisca das Chagas Silva, sindicalista, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miranda do Norte. Uma guerreira, mulher de luta, que defendia o direito dos camponeses de sua região de viverem dignamente em suas terras.
Francisca era uma mulher negra, de 34 anos, quilombola do povoado Joaquim Maria, na zona rural do município maranhense, de Miranda do Norte. Francisca esteve na Marcha das Margaridas, em agosto de 2015, chegou a Brasília marchando, lado a lado com as milhares de margaridas de todo o nosso país, que lutam e revindicam um mundo com “Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade“.
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MARCHA DAS MARGARIDAS: POR UM BRASIL SUSTENTÁVEL NA CIDADE E NO CAMPO
“O simbolismo desta imagem é do escárnio de como são tratadas as reinvindicações e a luta das mulheres para serem vistas, tratadas e respeitadas na lei e na vida como seres humanos” (Isis Tavares Neves, presidenta da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) do Amazonas (CTB-AM):
Outra dirigente, mulher, Ivânia Pereira, que é secretária da Mulher Trabalhadora da CTB “lamentou a morte de mais uma grande mulher, lutadora pelos direitos da igualdade e justiça no campo” e afirmou que ” esse crime reforça a necessidade de implementação de uma grande aliança de todos os setores civilizados da sociedade para dar um basta em tamanha crueldade, sofrida principalmente por quem luta para acabar com isso”.
Sim, essas mulheres, Francisca, Berta, Dorothy, e tantas outras mais, que tiveram a coragem de levantar sua voz e seus punhos contra as injustiças sofridas por seus povos foram sacrificadas no altar do autoritarismo machista. Afinal, como pode uma mulher pensar que tem o direito de levantar a voz? De alçar uma bandeira? De falar de uma tribuna ou sair em manifestação por direitos humanos? Em muitos lugares nossa sociedade está, ainda, na idade da pedra. Os seres masculinos, muitos deles, se creem no direito de fazer calar uma mulher assim, com uma paulada na cabeça, com um tiro a queima roupa, com um estupro ou outra violência tão grave quanto.
E Isis afirma mais que “enquanto formos vendidas na mídia, nas igrejas, na escola, no parlamento, nas famílias, como seres que só têm a dimensão biológica da reprodução, estaremos reproduzindo e reforçando uma cultura machista e misógina e aumentando as estatísticas dos crimes contra as mulheres, sejam eles de que tipo for”.
Este, mais um crime, o assassinato de Francisca, exigimos que seja apurado, que seus executores e os mandantes sejam presos, julgados. Sim, porque quem manda é quem tem o poder, no caso de Francisca, os proprietários rurais que se sentiram atacados pelo trabalho bem feito da sindicalista.
“Todo ano se repete o aumento de assassinatos de lideranças camponesas, sindicais, indígenas e trabalhadores rurais, no período de dezembro à fevereiro. Já é tempo da policia federal agir preventivamente. pois virou uma verdadeira temporada de caça à vidas humanas”. (Mamapress)
Em um ato único, as centrais sindicais brasileiras comemorarão o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, em São Paulo. A concentração ocorre às 16h no vão do Masp, na avenida Paulista.
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