Como explicar a homossexualidade às crianças


Embora seja disseminada a ideia de que brasileiros são tolerantes com a diversidade, essa afirmação não corresponde à realidade. Para ilustrar, um dado: a cada dez homossexuais, sete já sofreram violência física ou psicológica no Brasil, segundo pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP), em 2014. Quem pratica a intolerância certamente não aprendeu bem a importância de respeitar as diferenças. E isso vem de casa. Da educação recebida.

Por isso é essencial conversar com as crianças a respeito da homossexualidade, assim que surgem as primeiras dúvidas delas sobre o assunto. Sim, elas vão perguntar. E é melhor que saibam pelos pais, que têm melhores condições de orientar e explicar corretamente.

Quem convive com crianças, sabe. Elas não têm preconceitos. São livres de estereótipos e gostam das pessoas pelo que elas são, e não pelo que dizem sobre elas.

Essa visão sábia, no entanto, pode se perder, caso a criança seja ensinada a ter preconceito e não respeitar a diversidade.

Tal visão pode não ser repassada conscientemente, mas fazer piadas e comentários ofensivos sobre determinado grupo é o caminho mais rápido para ensinar a cultura do ódio ao próximo. Por isso, é importante conhecer alguns caminhos que podem facilitar essa conversa:

Dicas para falar sobre hossexualismo com as crianças

amor gay

1. Lide de modo natural

Para começar é necessário ter a mente aberta a respeito do assunto. Caso contrário, muito dificilmente, será possível falar sobre homossexualidade de modo natural. Explique para a criança que gostar de pessoas do mesmo gênero não diz respeito ao caráter das pessoas, mas sim a orientação sexual delas. Que a sexualidade é algo natural, e que faz parte da identidade de cada um.

2. Aproveite a oportunidade para falar sobre a importância do amor

Mostre para as crianças que o mais importante de uma relação é o amor que existe nela, e que as pessoas devem respeitar a forma de amar dos outros, sem julgamentos. Quando for explicar sobre homossexualidade para as crianças, fale que duas pessoas que se amam, querem ficar juntas, e isso pode acontecer entre pessoas do mesmo sexo. E não tem problema algum.

3. Ensine sobre o respeito à diversidade

Fale para a criança que, embora seja algo natural, muitos não aceitam essa condição, e tratam os homossexuais de modo diferente, apenas por causa da orientação sexual. Explique que isso não é aceitável, que todos devem ser tratados com respeito, e que o julgamento deve ser do caráter das pessoas. Aproveite a oportunidade para falar sobre a importância de respeitar as diferenças.

4. Fale sobre aceitação

A criança capta muito os sentimentos dos pais e, muitas vezes, percebem coisas muito sutis. Ao mostrar para elas que a orientação sexual das pessoas deve ser respeitada, você estará mostrando que aceitará as escolhas dela, os posicionamentos, as atitudes. Mais uma vez, o mais importante é mostrar que o caráter deve prevalecer sempre. Que ela poderá conversar com você sobre tudo. Isso faz uma diferença enorme, e evita a cultura opressiva que muitos jovens enfrentam em casa.

5. Ajude-a a ser uma pessoa melhor

Ensinar sobre respeito, amor, tolerância e lidar com naturalidade sobre um tema considerado tabu é essencial para a formação de caráter das crianças. É na primeira infância que toda arquitetura emocional é formada, por isso não perca a oportunidade de ajudar na construção de caráter e de valores das crianças.

Evidentemente, as crianças são influenciadas por diversos ambientes e pessoas, não apenas pelos pais/cuidadores. Por isso, sempre que possível, saiba qual a postura da escola diante do tema, incentive o diálogo a respeito do tema no ambiente escolar, conheça o círculo de amigos, as pessoas que a criança tem mais proximidade.

Somente com atitudes assim será possível formar um cidadão que não engrossará ainda mais as estatísticas de homofobia, que almejará a própria felicidade e respeitará a alheia.

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Cintia Ferreira

Paulistana formada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro, tem o blog Mamãe me Cria e escreve para greenMe desde 2017.


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