Mais uma criança foi vítima de violência sexual no Brasil. A menina de dez anos de idade, violentada desde os seis anos por um tio, está sofrendo mais um tipo de violência: a polêmica sobre o direito dela ao aborto.
Polêmica porque o caso da criança virou capital político para o governo de Jair Bolsonaro e seus apoiadores, que, por meio da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Silva, vem manifestando publicamente que lamenta a decisão judicial de autorizar o aborto para a menina.
Acontece que esse tipo de caso deveria ficar restrito ao âmbito da saúde pública, sem necessidade de passar pela Justiça, visto que desde a década de 1940 a legislação brasileira prevê o aborto em casos de estupro. A criança precisou sair do Espírito Santo para receber atendimento em Recife.
Os moralistas que se dizem falar em nome de Deus e de suas religiões estão falando, na verdade, em nome de seus interesses políticos anticivilizatórios.
Se tomarmos a Itália, um país fervorosamente católico com forte relação com o Vaticano, sede oficial do Papa, o aborto é permitido desde 1978, é feito com segurança pelo serviço público de saúde e ocorre respeitando a privacidade da vítima. A lei do aborto no país visa a apoiar as mulheres que passam pela experiência da violência sexual e evitar que elas façam abortos clandestinos, explica a Money.
Toda mulher italiana tem o direito ao aborto seguro até o terceiro mês de gravidez gratuitamente, a menos que ela opte por fazer o procedimento em uma clínica privada, onde deve ser realizado com total sigilo. Há à disposição da mulher que recorre ao aborto uma série de serviços:
A menina capixaba está sofrendo uma série de violências físicas e psicológicas. A última coisa que sentem os defensores da manutenção dessa gravidez – que coloca em risco o corpo de uma criança de dez anos – é preocupação com a criança mãe e com o filho que ela carrega.
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