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O número de casos de violência contra a mulher aumentou em todo o mundo com a quarentena. O lugar onde deveríamos estar mais protegidos tornou-se um verdadeiro martírio para várias mulheres que são agredidas por seus maridos.
Ficou mais difícil ainda, com o isolamento social, denunciar os casos de abuso e violência, uma vez que não há para onde ir e até mesmo fazer uma ligação pode ser impossível.
Pensando nisso, a Itália desenvolveu um método de denúncia: #mascherina1522. Trata-se de uma campanha para ajudar as vítimas de violência durante a emergência do coronavírus que consiste em apresentar esse código em farmácias ou qualquer outro estabelecimento de saúde, informa Il Messaggero.
A Professora Fabrizia Giuliani, da faculdade de Filosofia da Linguagem da Sapienza, advoga que:
“O estado deve aproximar-se das vítimas, e não abandoná-las agora. É necessário restabelecer um fio de diálogo com as mulheres que estão em casa e em perigo, para reativar a confiança nas instituições. Por esse motivo, solicitamos que seja promovida uma comunicação pública para difundir o número gratuito 1522”.
Para quem não pode ligar para o número, é só usar o código #mascherina1522 nas farmácias, que viraram centros de recepção das denúncias.
De acordo com o documento publicado pela ONU Mulheres “Gênero e Covid-19 na América Latina e no Caribe: Dimensões de Gênero na resposta”, em 20 de março:
“Enfrentar uma quarentena é um desafio para todos, mas para mulheres em situação de vulnerabilidade pode ser trágico. No Brasil, onde a população feminina sofre violência a cada quatro minutos e em que 43% dos casos acontecem dentro de casa, essa preocupação é real”.
A ONG Think Olga fez um estudo sobre a violência de gênero no Brasil em tempos de pandemia. O resultado foi a publicação do relatório “Mulheres em Tempos de Pandemia: os agravantes de desigualdades, os catalisadores de mudanças”, que organiza em três eixos como o novo coronavírus afeta a vida das mulheres brasileiras:
É preciso considerar que, no Brasil, uma grande parte das famílias de baixa renda é chefiada por mulheres, logo pensar na parcela da população mais afetada pelas crises sanitária e econômica deveria levar em conta que ela é constituída de mulheres negras que são mães solo. A maioria delas são trabalhadoras domésticas que, neste momento, perderam sua atividade laboral.
As agressões sofridas por mulheres e meninas devem ser denunciadas pelas próprias vítimas, vizinhos e familiares, que são orientados pelos órgãos públicos. Há vários canais para registrar uma denúncia:
Disque 100 – Direitos Humanos
Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher
Disque 190 – Polícia Civil
Ainda que haja tantos complicadores, agora, para registrar as denúncias, elas devem ser feitas. A vida de muitas mulheres e meninas pode ser salva por meio delas.
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