Índice
O governo norte-americano investiga a possibilidade de o novo coronavírus ter se originado em um laboratório chinês, e não em um mercado de animais vivos em Wuhan, para depois ter-se liberado acidentalmente ao público.
A teoria tenta provar que, supostamente, alguma pessoa tenha se infectado no laboratório por acidente ou mau manuseio de materiais e, depois disso, tenha contaminado outras, dando início à pandemia.
Essa é uma entre as diversas teorias que fazem parte da investigação que os órgãos de segurança dos EUA estão fazendo para tentar determinar a origem do novo coronavírus.
Não é a primeira vez que as duas potências mundiais se acusam mutuamente. Os EUA foram um dos primeiros países a usar a expressão vírus chinês. A China por sua vez, disse que dois meses antes do surgimento do primeiro caso, em outubro de 2019, militares norte-americanos visitaram a cidade chinesa de Wuhan, sugerindo que foram os norte-americanos quem teriam introduzido o vírus no país.
No entanto, é bom esclarecer que nenhum dos países conseguiu provar suas teorias e acabaram se desculpando pelas declarações na época.
Não é de hoje que EUA e China travam uma guerra nem tão velada sobre o domínio da economia mundial.
Desde o início da pandemia, os conservadores norte-americanos anunciavam a teoria de que o novo coronavírus poderia ser uma arma biológica em estudo, que teria escapado de forma proposital ou não do laboratório em Wuhan, o epicentro da doença.
No entanto, um estudo publicado na revista científica Nature descarta completamente a possibilidade de o novo coronavírus ter sido criado ou modificado em laboratório. O Sars-CoV-2 é uma evolução do vírus SARS, decorrente de um processo natural de seleção natural.
Independentemente da teoria da arma biológica em si, ainda que o vírus não pudesse ter sido criado nem modificado em laboratório com a finalidade de causar propositadamente uma pandemia, a possibilidade de o vírus ter escapado por imprudência do laboratório, é uma possibilidade que os Estados Unidos quer investigar. A FoxNews questionou o Presidente Donald Trump em coletiva de imprensa na quarta-feira, 15, sobre a existência de uma investigação nesse sentido e, Trump disse que:
“Cada vez mais estamos ouvindo essa história. Nós estamos fazendo um exame minucioso dessa situação horrível”.
Segundo o chefe de Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas norte-americanas, Mark Milley:
“O peso das evidências aponta para [uma origem] natural [do vírus]. Mas não sabemos com certeza”.
Para sustentar a investigação, que ainda não apresenta qualquer prova, a Fox News utilizou-se de uma reportagem do Washington Post que publicou a existência de dois telegramas de março de 2018, oriundos da embaixada dos EUA em Pequim, onde os diplomatas norte-americanos relatavam que, em visita ao Instituto de Virologia de Wuhan, o primeiro laboratório chinês com o grau máximo de biossegurança, consideraram o local com péssimas condições de trabalho e com sérias falhas de segurança, sem, contudo, apresentar as evidências de onde partiram as afirmações.
Na época da visita dos diplomatas norte-americanos, o laboratório chinês estudava o coronavírus de morcegos, por causa da epidemia da Sars em 2003.
O Instituto de Virologia de Wuhan negou, na quinta-feira, 16, que tenha havido qualquer problema em suas pesquisas ou falha de segurança.
Segundo Jim LeDuc, chefe do laboratório nível quatro de Galveston (Texas, EUA), as condições de trabalho dos chineses são idênticas às dos norte-americanos, ele afirmou ao site Vox que conhece o laboratório chinês de Wuhan porque possui alguns trabalhos em conjunto com eles.
Talvez seja apenas coincidência, mas a acusação do presidente norte-americano surge dois dias depois de anunciar o congelamento do financiamento à Organização Mundial de Saúde – OMS que, segundo discurso da Casa Branca, serve a interesses chineses e não vem agindo corretamente com a divulgação dos dados da pandemia.
Além disso, os norte-americanos acusam a OMS de ter formado a sua direção partir do apoio decisivo de Pequim, o que pode ter influenciado os atos praticados pela Organização Mundial de Saúde.
Por outro lado, há indícios de que a China tenha demorado a tomar medidas contra o novo coronavírus, tentando encobrir a realidade dos fatos. Foi noticiado mundialmente, inclusive, que o governo chinês teria determinado a prisão de médicos que anunciavam a pandemia, reforçando as teorias que surgem contra o país. Ao médico Li Wenliang, que descobriu a doença hoje denominada Covid-19, fora pedido para parar de espalhar boatos. Posteriormente, mediante a morte do médico por coronavírus, a China pediu desculpas pelo ocorrido.
As acusações partem de ambos e de todos os lados.
Esse embate ideológico chegou até o Brasil e, apoiadores do Presidente Jair Bolsonaro aderiram à teoria de que o vírus fora criado na China propositadamente.
É um direito dos Estados Unidos, e do mundo, saber exatamente qual foi a origem do vírus para que, eventualmente, punam-se dolosa ou culposamente os responsáveis pela pandemia, se assim for o caso.
No entanto, é bom deixar clara uma coisa: o vírus existe, é letal e sua origem, chinesa ou norte-americana que seja, tendo sido criado propositadamente ou não, é um fato que não imuniza nem protege ninguém da sua periculosidade.
Talvez te interesse ler também:
Advogada alemã negacionista do coronavírus é internada em clínica psiquiátrica
Organização e Solidariedade: o que Paraisópolis nos ensina sobre contenção do coronavírus
ASSINE NOSSA NEWSLETTER