O desmonte à ciência e às universidades públicas tem sido um projeto dos últimos governos brasileiros.
Nos últimos três anos, os cortes sistemáticos aos projetos realizados dentro das universidades e de centros de pesquisa renomados estão deixando cada vez mais evidente o quão desastrosos foram e estão sendo essas medidas.
Todo o imaginário de deslegitimação da própria ciência já não consegue manter-se de pé. Se há algo que a pandemia do novo coronavírus fortaleceu foi o discurso científico e a necessidade de se investir em ciência.
Recentemente, o governo federal, através da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação, editou uma Portaria que, praticamente, esfacela os programas de pós-graduação do país, inclusive, aqueles considerados de excelência.
Mas é graças aos recursos empregados nesses programas que os pesquisadores realizam estudos que modificam a vida de todos nós.
A Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, está produzindo álcool 70% glicerinado para distribuir gratuitamente a hospitais e postos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) no Paraná, além de instituições beneficentes que atendem pessoas do grupo de risco.
Segundo informado pela própria UFPR, a iniciativa nasceu no Laboratório de Espectrometria de Massas (LabFenn), no campus de Jandaia do Sul, com o objetivo de oferecer uma alternativa à baixa disponibilidade do produto no mercado, o que fez com que os preços do álcool em gel se elevassem.
Embora o produto não seja gelificado, ele pode ser usado para esterilização cirúrgica e para desinfetar as mãos. O LabFenn está produzindo cerca de 500 litros de álcool 70% diariamente e a expectativa é que a produção chegue a mil litros diários na próxima semana.
A prioridade da distribuição tem sido, respectivamente, hospitais, postos de saúde e instituições beneficentes que atendem pessoas consideradas de risco. O professor Eduardo Meurer, pesquisador do Laboratório de Espectrometria de Massas da UFPR, disse que:
“O produto vai ajudar a suprir uma demanda. O álcool em gel está em falta e o preço está alto. A ideia é compensar essa necessidade momentânea”.
O LabFenn está seguindo uma formulação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para produzir o desinfetante, que é envasado e rotulado antes da distribuição. O laboratório conta com contribuições da comunidade e da indústria local de Jandaia do Sul.
Já o campus da UFPR em Curitiba está produzindo álcool em gel através da equipe da Farmácia Escola, em parceria com a Pró-reitoria de Administração (PRA) e a Reitoria. A finalidade dessa produção é suprir a demanda interna do campus.
“É um impacto muito importante e relevante para a comunidade acadêmica. Isso contribui para a segurança da comunidade interna da UFPR”, comenta a professora Camila Costa, coordenadora da Farmácia Escola.
A UFPR, quando houve o surto de H1N1, também contribuiu diretamente para a sociedade produzindo álcool em gel e o medicamento Tamiflu para a prefeitura de Curitiba.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=3658949760812853&set=a.216926525015211&type=3&theater
Não dá para contar com governantes que não investem em conhecimento. Defender o serviço público e os servidores públicos é sair em defesa da própria sociedade. Em situações emergenciais como a que estamos vivendo fica clara a importância de um Estado forte, que é aquele que tem fortalecidos os seus sistemas de serviços públicos e que investe em pesquisa científica.
Talvez te interesse ler também:
Devo lavar tudo? Por quanto tempo o coronavírus permanece nas roupas e superfícies?
Ansiedade por coronavírus: como enfrentar o medo e reduzir o estresse
Estudo sugere que existem tipos sanguíneos mais suscetíveis ao Coronavírus. Que tipo é o seu?
Categorias: Sociedade
ASSINE NOSSA NEWSLETTER