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Se você não gosta da palavra feminista porque te parece um termo demasiado da moda, deveras impreciso ou complexo, ok! Você tem razão! Mas você pode e deve ser feminista dentro do feminismo que você escolher para ti. Veja como e por quê.
O machismo é um conceito incorporado em nossa cultura até o nosso inconsciente coletivo. Somos machistas sem querer. Acreditar que o homem não é melhor, nem mais importante, nem mais inteligente que a mulher, é uma luta diária.
Veja bem…
Mulheres são machistas sem querer quando aceitam se relacionar com homens casados. Para o homem é muito fácil ser infiel, às vezes, além de aceitável pela sociedade, é até bonito ter amante, pois a virilidade denota potência, vigor. Mulheres que aceitam ficar com homens casados não percebem mas, de algum modo estão ajudando a perpetuar um comportamento que deveria ser tão criticável quanto é criticável a infidelidade feminina.
Continuemos a pensar…
Mulheres são machistas quando acreditam que sua amiga, sua parente ou ela mesma, deve se comportar e se vestir em um determinado modo. Em um modo que, para os homens seria normal se comportar. Por exemplo, é feio o homem arrotar, sentar de pernas abertas ou ser grosseiro ao falar, mas para uma mulher é muito pior. Acreditamos (consciente ou inconscientemente) que de uma mulher se espere contenção e delicadeza. Se um homem fala grosso ao defender os seus direitos, se grita ou arrota está simplesmente sendo homem. Se uma mulher fala grosso ou grita, provavelmente é vista como uma louca, desequilibrada ou cheia de mimimi.
Mulheres são machistas quando acham normal que seus filhos, seus amigos ou irmãos disparem cantadinhas de mau gosto para outras mulheres, porque eles estão simplesmente sendo simpáticos. Afinal, cabe ao homem cortejar. Enquanto isso, mulheres “simpáticas” que puxam conversa, estão desesperadas, são “galinhas”, ou enfim, estão se comportando mal.
Mulheres precisam sempre estar cuidadas, perfumadas, arrumadas senão, não são mulheres. Homens podem ser como quiserem. Se forem cuidados, ótimo! Mas se não forem, não são criticados. São homens!
Somos machistas quando acreditamos que afazeres domésticos como limpar, cozinhar e cuidar de filhos, são mais femininos que masculinos. Ainda que aceitemos cada vez mais a colaboração masculina nestas tarefas, acreditamos no fundo que a verdadeira responsabilidade por tais serviços é da mulher.
Somos machistas quando acreditamos que o empregador faz bem em contratar um homem em vez de uma mulher, porque o homem não engravida e nunca terá a desculpa de ter que cuidar de filho com febre, porque essa tarefa é “mais da mulher do que do homem”. Aí é que está: se não dividirmos com igualdade os afazeres domésticos, o mercado de trabalho “justamente” vai continuar a preferir homens no lugar das mulheres, sem colocar na balança as verdadeiras competências dos candidatos, independentemente de seus gêneros.
Somos machistas quando acreditamos que mulheres não são tão confiáveis, porque mudam demais o humor por causa do ciclo menstrual, porque são fofoqueiras, demasiado sensíveis ou choronas. Homens podem ser mais ou menos sensíveis que mulheres, podem ter humor instável ou ser facilmente irritáveis e fofoqueiros. Tais características são humanas, sem distinção de gênero.
Somos machistas quando duvidamos da capacidade de uma mulher bonita porque, ser bonita significa fazer uso do “teste do sofá” para subir na vida.
A lista do comportamento machista velado é infinita. Somos machistas sem perceber porque carregamos séculos de cultura machista sobre as costas. Cultura machista é aquela que dá ao homem direitos e deveres diferentes dos das mulheres, colocando eles em posição de privilégio em relação a elas.
Os estereótipos são uma espécie de amarras que nos impedem de sermos como quisermos. Mulheres podem gritar e falar grosso, enquanto homens podem se arrumar e ser delicados, sem que tais comportamentos signifiquem uma sentença qualquer sobre deles. Aliás, existe muita confusão com o termo feminista porque há quem pense que ser feminista é pretender cargos de chefia, parar de depilar pernas e axilas ou se abdicar de uma vida de mãe e ou esposa.
É hora de mudar essa ideia agora!
Não hoje porque é 8 de março, mas hoje porque estamos no século XXI em um tempo onde não cabem mais diferenças de comportamento ou preconceitos baseados em gênero, nacionalidade, opção religiosa, e por aí vai. A ignorância não pode mais haver lugar em mundo globalizado e em sistemas políticos democráticos.
Ser feminista não é ser o contrário de machista nem é incorporar para si comportamentos que sigam regras estritas como se estivéssemos falando de uma seita.
Ser feminista é ter consciência da liberdade humana de ser o que bem quiser.
Ensinar as crianças que lavar louça e dirigir trator são atividades que podem e devem ser exercidas seja por homens que por mulheres, sem discriminação.
Ter noção de que a mulher pode ser presidente de multinacionais como pode ser dona de casa, de acordo com suas próprias escolhas.
Apoiar as amigas, entender as reclamações femininas não mais como mimimis e ter empatia com toda a problemática que os anos de cultura machista nos impuseram.
Juntas somos fortes. Juntas podemos mudar!
Lutar pela igualdade e pela liberdade de o ser humano ser o que bem quiser, sem distinções, sem estereótipos e respeitando a vida de cada um, é um dever que pode ser chamado de feminismo, de humanismo, de liberalismo, do que quiser. Mas é uma luta que precisa primeiramente ser consciente. Precisamos tirar da gaveta preconceitos e mudar hábitos comuns enraizados em nossa cultura para podermos seguir sem perpetuar as ideias obsoletas que nos ensinaram nossos tataravós. É uma opção nossa não dar prosseguimento à ideia de que uns são melhores do que os outros.
Feliz 8 de março!
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Categorias: Sociedade
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