Projeto pioneiro contra o racismo faz sucesso na Inglaterra


O Think Project, desenvolvido pelo EYST (Ethnic Youth Support Team), lançado em abril de 2012, visa dotar os jovens com o conhecimento, compreensão e experiências para refutar e desafiar mitos racistas, bem como para ouvir e resolver queixas reais e percebidas por eles. O projeto visa fortalecer e capacitar jovens desfavorecidos no País de Gales para se tornarem mais confiantes em suas próprias identidades, mais certeza e confiança de sua origem e mais resistentes a ideologias extremistas (ideologias que incitam ou legitimam a violência a grupos específicos).

O Projeto financiado pelo Big Lottery Fund Inovation, é implantado por um período de três dias por dois educadores – um britânico indiano muçulmano e um branco galês com formação em policiamento – que iniciam, o que eles descrevem como diálogos “perigosos” com grupos de jovens sobre raça, imigração e extremismo. De 2012 a 2014 o projeto atingiu 200 jovens em toda South Wales, geralmente adolescentes expulsos de escolas, desempregados ou que não concluíram os estudos. O projeto tem hoje uma taxa de sucesso de 90-95% na mudança de opinião dos jovens, como cita Rocio Cifuentes, diretor do EYST “a grande maioria dos jovens que participaram do projeto acredita que este trabalho foi importante para a ajudar a mudar a opinião racista que a sociedade em que vivem impunha, fazendo-os perceber que nem tudo que lêem é verdade”.

Aproximar as realidades de brancos e negros no Brasil é um desafio de grandes proporções sociais e econômicas. As políticas públicas de natureza diversa, adotadas nas últimas décadas em diferentes níveis de governo têm tido a capacidade de construir bases mais sólidas de igualdade. Segundo dados levantados pelo Ipea entre 1992 e 2009 o número de jovens negros matriculados em universidades foi de 8,3% em 1992 para 38,9% em 2009. Mas isoladamente não se pode negar que a questão econômica é também muito forte e discriminativa no Brasil. Na área da educação, por exemplo, é possível comemorar as reduções das diferenças entre negros e brancos em relação ao número de anos de estudo formal ou nos índices de analfabetismo. A taxa de analfabetismo em 1992 era de 10,6% para brancos e 25,7% para negros; em 2009, 5,94% para brancos e 13,42% para negros. Nesse período, embora tenha caído a desigualdade, a taxa dos negros permaneceu mais que duas vezes maior que a taxa da população branca, de acordo com dados do IBGE compilados pelo Ipea.

Mesmo assim, há um caminho longo a ser percorrido. Essas políticas não mudam a maneira pela qual os afrodescendentes entram no mercado de trabalho, nem como são tratados dentro e fora dele, pois como sempre, estas políticas começam pelo final de um processo, quando, a exemplo do Think Project, deveriam começar pelo estigma de racismo que temos dentro de nós cravado por anos de história, políticas e culturas mal contadas e formuladas. Pense nisso!

Fonte foto: eyst.org.uk




Redação greenMe

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